A Revolução Industrial que iniciou na segunda metade do século XVIII, e a Era da Informação que vimos surgir no século passado, moldam o que hoje chamamos de mundo moderno. Enquanto no primeiro caso redefiniu-se a valorização dada aos recursos humanos e materiais, na Era da Informação redefiniu-se a democratização da informação.
O parágrafo acima foi extraído de um relatório da PwC que fala sobre a AI no trabalho. Sob o título de “Bot.Me: A revolutionary partnership – How AI is pushing man and machine closer together”, a publicação é fruto de uma pesquisa online realizada com 2.500 consumidores e tomadores de decisão nos EUA para explorar atitudes em relação à Inteligência Artificial e suas implicações atuais e futuras na sociedade.
Um dos resultados aponta que 67% dos executivos acreditam que a AI ajudará pessoas e máquinas a trabalharem juntas para melhorar as operações. Com isso, podemos dizer que da Revolução Industrial à Revolução da Informação, hoje vivenciamos uma nova era, a da Inteligência Artificial.
Mas, de que modo as empresas realmente conseguem inserir a AI no trabalho, isto é, em suas operações?
Se de um lado a Inteligência Artificial é um tópico frequente na agenda das organizações há algum tempo (mais especialmente naquelas que trabalham com inovação), por outro há muitas outras empresas que, ou não se atentaram a ela, ou não sabem exatamente como adotá-la.
Entre dúvidas e questionamentos, uma coisa é certa: no espaço da inovação, mais e mais profissionais concordam que a AI será uma das principais tecnologias para ajudar as empresas em seu caminho para o sucesso. Com o aprendizado da máquina (machine learning) ganhando destaque na simplificação de processos, muitas organizações já perceberam que a Inteligência Artificial na estratégia de negócios implicará em aumento da produtividade e, em longo prazo, no sucesso da empresa.
Em uma pesquisa de 2018 do Worforce Institute, de três mil gerentes em oito nações industrializadas, a maioria descreveu a Inteligência Artificial como uma ferramenta valiosa de produtividade. A informação está em “A Better Way to Onboard AI”, uma publicação da Harvard Business Review.
Apesar disso, ainda existe uma certa resistência quando tratamos de AI. Essa resistência não existe ao acaso, afinal, há o receio de que a Inteligência Artificial roube empregos. O texto da HBR cita um artigo publicado no The Guardian que relata que mais de 6 milhões de trabalhadores no Reino Unido temem ser substituídos por máquinas.
Mais uma vez, esse número tem um porquê. Por esse motivo, a dúvida que fica no ar é: por que precisaremos de humanos se temos máquinas que podem fazer um trabalho melhor, mais rápido e com mais precisão?
Assim, de uma revolução que pode ser silenciosa podemos ter um ruído estrondoso, o qual diz que perderemos nossos empregos e que as máquinas tomarão conta de tudo.
Todo gestor sabe que um dos entraves para mudanças é a resistência de seu time. Portanto, o primeiro passo é fazer com que todos entendam que a AI é uma ferramenta para assistência e não para substituição da força de trabalho.
É verdade que a Inteligência Artificial pode substituir tarefas manuais e que, sim, alguns postos serão substituídos por máquinas. No entanto, é preciso deixar claro que antes de qualquer coisa a AI pode fornecer informações e suporte. Ela pode, ainda, promover a inovação, pois a partir do momento que uma máquina realiza um trabalho repetitivo, ela economiza tempo de recursos que poderão usar a capacidade para realizarem melhorias e agirem com criatividade.
Uma vez que esse pensamento seja entendido, a HBR sugere que a AI no trabalho seja implementada em quatro fases:
Para incorporar a AI no trabalho, pense na tecnologia como se ela fosse um novo funcionário. Quando um novo colaborador começa ensinamos algumas regras fundamentais e damos algumas tarefas básicas para ele exercer, nos liberando para que possamos nos concentrar nos aspectos mais importantes dos nossos trabalhos.
O funcionário também aprende observando e fazendo perguntas. Uma tarefa comum para os assistentes de AI no primeiro momento é a classificação dos dados. Nesse caso, a tecnologia, após fazer a classificação, auxiliará fornecendo informações para que decisões possam ser tomadas. Ou seja, ela não tomará o lugar de ninguém, mas sim ajudará com que trabalhos sejam executados com mais precisão.
Com os programas de aprendizado de máquina que já existem, a Inteligência Artificial pode ser treinada para prever com precisão qual seria a decisão do usuário em uma determinada situação.
Imagine um usuário prestes a fazer uma escolha. Um sistema programado poderá sinalizar a discrepância. “Isso é especialmente útil durante a tomada de decisões em grande volume, quando funcionários humanos podem estar cansados ou distraídos”, cita o texto.
Aqui vale citarmos uma sugestão trazida pela publicação: como para incorporar a AI no trabalho precisamos que os funcionários se sintam no controle, o aconselhado é que gestores sempre os envolvam. “Engaje-os como especialistas para definir os dados que serão usados; familiarize-os com os modelos durante o desenvolvimento; e forneça treinamento e interação à medida que esses modelos são implantados”.
Pode parecer uma ação simples, mas ao fazer isso os funcionários irão sentir-se mais engajados e mais seguros, pois entenderão como os modelos são construídos, como os dados são gerenciados e por que as máquinas fazem as recomendações que fazem.
A Inteligência Artificial pode ser utilizada para dar feedback e criar diferentes e melhores oportunidades de aprendizado para os funcionários. Nesse contexto, colaboradores poderão ter feedbacks mensais por meio da análise de dados extraídos de seu comportamento passado. Isso poderá ajudá-los a entender melhor seus padrões e práticas de decisão.
Segundo a publicação, a fase quatro de implementação da AI no trabalho ainda não foi adotada por nenhuma empresa da qual os autores têm conhecimento. Nesta etapa, a empresa desenvolve (ou deveria desenvolver) uma rede acoplada de humanos e máquinas, na qual ambos contribuem com conhecimento.
Colocando de outra maneira, seria como se fosse criada uma comunidade de especialistas humanos e especialistas máquinas.
Você pode seguir as quatro fases como uma receita de bolo para implementação da AI no trabalho, mas não esqueça que as relações humanas se baseiam na confiança, sendo que a mesma é alcançada a partir do entendimento.
O medo que uma grande parte dos colaboradores possui com relação à AI se baseia na falta de entendimento de como ela funciona (algo que acontece com a adoção de qualquer nova tecnologia). Para contornar essa barreira, busque sempre ser transparente e envolver as pessoas que trabalharão junto com a inteligência. Implementada do jeito certa, a AI poderá ser uma grande parceira no trabalho.
E agora conte para nós: sua empresa já implementou a Inteligência Artificial? Se sim, como foi ou está sendo o processo? Em caso negativo, o que você acha que está faltando? Fique à vontade para responder nos comentários.
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