O Apetite ao Risco é o nível de risco que uma organização está disposta a aceitar enquanto persegue seus objetivos. O Guia ISO 73:2009 define o Apetite ao Risco como sendo a “quantidade e tipo de risco que uma organização está disposta a buscar, manter ou assumir”.
Para uma empresa, são vários os fatores determinantes para identificar o Apetite ao Risco, como:
O Apetite ao Risco pode mudar com o tempo. Por isso, é sempre recomendado avaliar os riscos periodicamente ou continuamente (uma ou duas vezes por ano ou diariamente em cenários de risco específicos).
David Hillson, da Risk-doctor.com, explica de maneira bem didática a identificação do Apetite ao Risco. Para isso, ele faz uma comparação entre Apetite e Atitude ao Risco:
Consegue entender a relação entre Atitude e Apetite ao Risco? Em suma, é a atitude que modera ou modifica o risco. De modo geral, quanto mais temos a perder, menos queremos arriscar, isto é, quanto maior o risco, mais tenderemos a pisar no freio.
Na maioria dos casos, quanto mais jovem uma pessoa for, mais propensa ela estará em tolerar riscos. É aquela frase “não tenho nada a perder, então posso arriscar”. Quando vamos amadurecendo e fazendo nossas conquistas, tendemos a ser mais receosos e o medo de perder ultrapassa a vontade de ganhar.
Claro que isso não é uma regra que deva ser aplicada a todos. Duas pessoas de uma mesma idade e condição social, e que receberam a mesma educação, assumirão diferentes níveis de risco, pois o Apetite ao Risco é algo intrínseco.
A identificação do Apetite ao Risco ajudará a determinar quais riscos sua empresa está disposta a tolerar e qual quantidade de risco será necessário gerenciar. Trata-se de uma ferramenta essencial para todas as organizações, especialmente as que consideram uma estratégia de crescimento ambiciosa, sofrem mudanças organizacionais significativas ou enfrentam vulnerabilidades de mercado.
Entendemos que conhecer o Apetite ao Risco tem a ver com a percepção dos riscos que um negócio pode assumir. Ao tê-los definidos, a organização estabelece o compromisso de gerenciá-los proativamente, o que irá traduzir-se em menos vulnerabilidade nas áreas de negócios e menos surpresas nas demonstrações financeiras. Outros benefícios incluem aumento da confiança dos stakeholders e da vantagem competitiva.
Para entender melhor, pense em um projeto. Cada projeto precisa estabelecer o quanto de risco pode ser tomado para que ele seja executado. Por exemplo, o que acontece se atrasarmos um dia, dois ou um mês? E se o orçamento extrapolar em 10% ou em 30%?
Uma vez definido o Apetite ao Risco, sempre que uma decisão tática, operacional ou estratégica for tomada os gestores poderão incluir o fator de risco, perguntando-se:
Voltando à explicação de David Hillson sobre Apetite x Atitude: uma empresa com fome de risco, mas que não é capaz de gerenciá-lo, ou seja, que não tem uma atitude em relação a ele, terá graves problemas. Já uma organização que não possui apetite alto é bem provável que não seja competitiva.
O ideal é encontrar o equilíbrio na balança, o que significa saber até onde se pode ir com a certeza de que o gerenciamento do risco será efetivo. No exemplo do projeto, existe um risco de que seu orçamento ultrapasse o que foi estipulado. Ao analisar os orçamentos da área e da empresa, chegou-se à conclusão de que vale a pena assumir o risco, pois a organização tem dinheiro em caixa para cobrir o que for necessário.
Portanto, note que o Apetite ao Risco deve ser analisado por cada empresa com muito cuidado. Cada organização tem seus limites de ação e é determinante saber até onde se pode arriscar sem que o negócio seja prejudicado. Mais uma vez, equilíbrio é fundamental para que altos riscos assumidos não tragam imprevistos e para que uma estratégia muito conservadora não resulte em redução de ganhos.
Como comentamos, o Apetite ao Risco varia de organização para organização, pois deve basear-se em estratégias e atributos específicos que influenciam os comportamentos organizacionais. Para tanto, duas ações são importantes:
Não esqueça que organizações devem definir o nível máximo de tolerância ao risco em cada área antes de agir. Para desenvolver um Apetite ao Risco, a gerência deve analisar o seguinte:
A definição de Apetite ao Risco é feita através de uma declaração escrita, a qual deverá conter claros limites de tolerância e um modelo financeiro que suporte o risco. A declaração é de responsabilidade da gerência e deve orientar o comportamento da empresa e as tomadas de decisões estratégicas.
Para isso, o primeiro ponto é a gerência entender a estratégia, as metas, as perspectivas de seus stakeholders e a cultura da organização quanto aos riscos. Uma vez que a administração tenha um entendimento dos valores corporativos e da cultura de risco, ela pode iniciar o processo de identificação do Apetite ao Risco. Lembrando sempre que o apetite deve estar alinhado com a estratégia da organização e com as perspectivas das partes interessadas.
A Declaração de Apetite ao Risco deverá comunicar os seguintes pontos:
Você pode estar com fome, mas por “n” motivos poderá não comer o suficiente para saciá-la. Assim como você poderá comer mais do que deveria. De qualquer maneira, haverá um problema: ou você continuará com fome ou acabará sentindo o estômago pesado.
Como explica David Hillson, o que devemos fazer é avaliar o comportamento que estamos tomando, compará-lo com nosso limite de risco e analisar se estamos assumindo a quantidade certa de riscos a fim de atingirmos nossos objetivos. As perguntas que você pode fazer são:
As questões valem tanto para nós em nossas metas pessoais, quanto para nossas empresas e seus objetivos estratégicos. Para saber mais, assista ao vídeo em que David Hillson aborda o Apetite ao Risco e responde à pergunta: O quão faminto você é?
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Créditos imagem: Pixabay por laurentvalentinjospi0
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