Na estrutura da governança corporativa (GC) o Conselho de Administração é o que chamamos de órgão guardião de suas práticas. Como comentamos neste post, existem também outros órgãos que exercem papéis importantíssimos e são fundamentais para termos uma boa GC. É o caso do Comitê de Riscos.
Falamos brevemente sobre ele em outra oportunidade, mas agora queremos expandir um pouco mais o tema e responder a algumas perguntas. Então, vamos conhecer melhor o que é e como funciona o Comitê de Riscos?
O Comitê de Riscos possibilita a organização trabalhar com uma visão muito mais estratégica. E o que isso significa exatamente?
Existem muitos casos para uma empresa fechar as portas. Em muitas situações, atividades se encerram porque organizações insistem em olhar para trás, ao invés de direcionarem-se para um pensamento estratégico, com uma visão de futuro. Inclusive, vale ressaltar que esse “olhar para frente” é essencial para todo negócio que busque a longevidade, sendo que o ideal é a empresa ter uma visão de futuro logo no início do seu ciclo de vida.
Fazendo uma breve comparação para você entender a importância de falarmos sobre o Comitê de Riscos, vamos rapidamente para o Comitê de Auditoria. Por natureza, este último se concentrará nas conclusões do relatório de auditoria e analisará o que já aconteceu. Com toda certeza, isso é extremamente relevante por pontos que não cabem agora entrarmos em análise. Já o Comitê de Riscos se concentra em incertezas voltadas para o futuro. Por consequência, ele auxilia o Conselho de Administração a tomar decisões sobre como aproveitar melhor as oportunidades em potencial.
Sendo assim, podemos dizer que o Comitê de Riscos pode ter um verdadeiro papel consultivo para o Conselho de Administração. Como veremos, duas de suas atribuições são justamente as de:
Por si só, o Conselho Administrativo não é a instância certa para discutir, revisar os múltiplos cenários de riscos e testar novas suposições. Essa é a função do Comitê de Riscos. Por meio dele, o conselho pode tomar a decisão certa para o negócio e aumentar o valor para os acionistas.
Os profissionais que compõem o comitê devem conseguir analisar ameaças e oportunidades que venham a surgir com base em análises de cenários. Em outras palavras: o Comitê de Riscos apoia o Conselho de Administração a analisar e/ou revisar os riscos e simular possíveis resultados negativos e positivos, ou seja, a ter uma visão de futuro sobre o que pode atrapalhar ou alavancar o sucesso da organização.
E agora que conseguimos entender da importância deste comitê, vamos explorar um pouco mais suas atribuições.
Basicamente ele tem função e responsabilidade pelas políticas de gerenciamento de risco das operações gerais da empresa e pela supervisão da gestão de riscos. Cabe a ele assistir o Conselho de Administração sobre perfil, tolerância e apetite ao risco.
É responsável por supervisionar toda a estrutura de gerenciamento de riscos para identificar e lidar com os riscos regulatórios, legais, financeiros, operacionais, ambientais, de reputação, de tecnologia, de segurança da informação, estratégicos, entre outros, enfrentados pela companhia. Também tem a função de rever a eficácia das ferramentas de controle/mitigação do risco.
Para melhor entender a função do Comitê de Riscos, veja a seguir:
Além do Comitê de Riscos, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) sugere um Comitê Executivo para Gerenciamento de Riscos.
O IBGC, no Guia de Orientação para Gerenciamento de Riscos Corporativos, diz que:
“No processo decisório diário, os executivos, sob o comando do principal executivo, ou de outro, como, por exemplo, o titular de uma ‘diretoria de riscos’, ou de uma ‘gerência de riscos’, poderão constituir um comitê executivo para o gerenciamento de riscos”.
De acordo com o instituto, ao comitê executivo compete a atribuição de tomada de decisão, de escolha e implementação de políticas alternativas. Nessa situação, o comitê executivo toma decisões dentro dos parâmetros de apetite aos riscos definidos pelo conselho de administração. Além disso, administra e controla as posições com base em parâmetros de tolerância previamente definidos.
Por ter caráter executivo, a dinâmica de trabalho do Comitê de Riscos (pertencente ao Conselho de Administração) difere daquela do Comitê Executivo para Gerenciamento de Riscos. Isso porque o último poderá reunir-se ou até mesmo tomar decisões conjuntas quase que diariamente, o que geralmente será impossível para um comitê do conselho de administração.
O Comitê Executivo para Gerenciamento de Riscos é comandando pelo principal executivo ou por um diretor ou gestor de riscos. Já o Comitê de Riscos faz parte do Conselho de Administração, sendo composto por membros por ele definidos.
Logicamente, o comitê deve ser constituído por membros que tenham conhecimento e experiência na Gestão de Riscos. Sobre o número de participantes, o indicado é que seja composto pelo mínimo de 3 pessoas.
Um sistema de gerenciamento de riscos adequado auxilia a empresa a manter-se sempre atenta às ameaças e oportunidades que podem prejudicar ou alavancar os negócios (trata-se do olhar para o futuro sobre o qual abordamos no primeiro tópico). É essencial para uma boa governança corporativa, já que esse gerenciamento possibilita à empresa ter uma mehor preparação para evitar riscos que possam denegrir sua imagem ou prejudicar seus resultados (aliás, temos um post sobre riscos da governança corporativa).
O Comitê de Riscos é um braço do Conselho de Administração. Como mostramos, ele é responsável pelas políticas de gerenciamento de risco das operações gerais da empresa, bem como pela supervisão da gestão de riscos. Deve também assistir o Conselho de Administração sobre perfil, tolerância e apetite ao risco.
Caso você queira se aprofundar mais sobre Gestão de Riscos e Governança Corporativa, deixamos a sugestão para que acompanhe nosso blog. Além deles, abordamos outros temas de interesse aos gestores.
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