Como 3 mitos impedem as pessoas de pedir ajuda no trabalho?

Pedir ajuda no trabalho é visto por muitos como sinal de fraqueza. Às vezes, a pessoa tira alguma dúvida uma vez, pede uma ajuda em um outro momento, mas o medo de ser julgada negativamente a impede de procurar uma “mãozinha” quando está com algum problema para resolver.

Muitas vezes, isso faz com que o indivíduo acabe perdendo um tempo desnecessário tentando acertar ou até procurando descobrir algo sozinho, quando ele poderia olhar para o lado e buscar um socorro. Isso ocorre porque o ato de pedir ajuda é visto como um sinal de fraqueza, mas na verdade, pode representar a diferença entre o fracasso e o sucesso.

Logicamente, isso não significa que devemos pedir ajuda a todo momento, afinal, todos estão ocupados fazendo o seu trabalho. Por isso, neste texto abordaremos dois pontos:

  • Quais são os mitos que impedem os colaboradores de admitirem que precisam de uma mão;
  • Quando é “ok” pedir ajuda.

Boa leitura!

Pedir ou não pedir ajuda: quais os mitos envolvidos?

O ambiente corporativo é um local no qual queremos demonstrar o máximo de experiência, competência e confiança possíveis, como escreve Heidi Grant neste texto sobre pedir ajuda no trabalho. Isso, por si, já forma uma barreira e nos impede de procurar um auxílio, mas existem ainda outros mitos envolvidos.

Para falar sobre o que está por trás do medo de pedir por um socorro no trabalho, recorremos a um artigo escrito por Vanessa K. Bohns, professora de comportamento organizacional, e publicado na Harvard Business Review. De acordo com ela, os mitos são:

Mito 1 – Pedir ajuda é sinal de fraqueza

Sinal de fraqueza ou até de incompetência, o primeiro mito diz respeito a nos sentirmos mal quando precisamos de ajuda. Contudo, a autora cita uma pesquisa que mostrou que pessoas que precisaram de uma mão e demonstraram isso, não foram percebidas como piores colaboradores ou sendo mais fracas em alguma competência.

Na realidade, ao enfrentar uma tarefa difícil e reconhecer que precisa de ajuda, a pessoa – ainda de acordo com o estudo citado por Bohns – foi vista de maneira positiva. A conclusão sobre este primeiro mito é que, apesar de o ato de buscar ajuda expor nossas limitações de alguma maneira, os colegas são menos prováveis a ter um julgamento negativo do que nós imaginamos.

Mito 2 – Serei rejeitado ao pedir ajuda

Quem é que não tem medo de ouvir um “não”? Se esse não for o seu caso, melhor, mas o receio de escutar uma resposta negativa é o que trava muitas pessoas de solicitarem auxílio.

Em muitos casos, esse “não” nem é pelo fato de que a pessoa tenha má vontade, mas sim porque está sobrecarregada. Todavia, Bohns cita uma pesquisa que parece mudar essa visão, pois mostra que as pessoas não apenas estão dispostas a ajudar, como também não se importam – e até se dispõem – em dispensar um tempo.

O texto da HBR menciona dois estudos:

  • Em um, os participantes subestimaram o número de pessoas que concordariam em ajudá-los a completar uma tarefa trivial pela qual eles poderiam ganhar um bônus e o quanto cada pessoa trabalharia para fazê-lo (ou seja, quantas perguntas eles responderiam).
  • Em outro, os participantes subestimaram quanto esforço um ex-colega, teoricamente, colocaria para escrever uma carta de recomendação para eles.

Como Bohns escreve, “isso significa que não apenas as pessoas têm mais probabilidade de dizer ‘sim’ do que pensamos, mas, quando concordam e vão contra as expectativas, tendem a ir além”.

Mito 3 – A pessoa pode até concordar em ajudar, mas não é o que ela gostaria de fazer

Ao querer pedir ajuda, o indivíduo geralmente acaba se concentrando mais no esforço e na inconveniência que está impondo, quando deveria pensar no benefício que está prestando a um colega. Por exemplo, quantas vezes você, na sua carreira profissional, já parou o que estava fazendo para ajudar alguém? Qual sentimento teve?

Para falar sobre isso, Bohns cita uma outra pesquisa que relata que o ato de contribuir com um colega é benéfico até para o humor. Além disso, fornece o benefício de criar uma certa conexão social. Isso vale, inclusive, para quem está no home office: “mesmo estando fisicamente distantes das pessoas, podemos manter e até fortalecer nossos relacionamentos pedindo apoio”, escreve a autora.

E quando devemos pedir ajuda?

Se existem mitos por trás do medo de buscar um auxílio, é verdade também que devemos saber quando podemos fazê-lo. Um dos casos é quando a pessoa não tem ideia do que precisa ser feito porque está cheia de dúvidas, ou porque realmente não entendeu.

Nessas situações, não pedir ajuda não apenas atrapalhará o andamento da atividade, como poderá comprometer o resultado. Torturar-se tentando realizar algo que não foi bem compreendido poderá fazer com que pareçamos teimosos e até incompetentes.

Outra situação é quando temos muito a fazer. Isso pode ocorrer quando não sabemos dizer não, ou quando achamos que precisamos dar conta de tudo para parecermos produtivos. Entretanto, quando alguém atinge seu limite, torna-se humanamente impossível que consiga executar tudo com qualidade e dentro do prazo. Em casos como esse uma ajuda será muito bem-vinda.

Ainda, pedir o auxílio de um colega é perfeitamente natural – e indicado – quando um erro é cometido. Está certo que ninguém gosta de errar, mas quando isso acontece, a pior coisa a fazer é calar-se e torcer para ninguém perceba. Por isso, se um deslize foi cometido, certifique-se de ir atrás das pessoas certas para ajudarem. Pode ser constrangedor, pode ser até motivo de algum puxão de orelha, mas no final, será melhor reconhecer o erro – e reconhecer que precisa de ajuda – do que calar-se por orgulho.

Concluindo

Como procuramos mostrar, pedir ajuda não é um sinal de fraqueza. Entendemos que nem sempre seja fácil, mas sabemos também que muitas vezes se trata de algo essencial. E caso você peça ajuda e receba uma negativa, não leve para o lado pessoal. Bohns, em seu artigo, lembra que um “não” pode ter muito mais a ver com forças circunstanciais, especialmente em períodos de crises, quando todos ficam sobrecarregados, do que algo mais particular.

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Créditos imagem principal: Pixabay por Gerd Altmann

Créditos imagem texto: Unsplash por Toa Heftiba

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