Em nosso país, as empresas familiares são responsáveis por 75% dos empregos e 65% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informações divulgadas aqui. Um estudo conduzido pelo ACI Institute e Board Leadership Center da KPMG no Brasil também destaca a participação dessas empresas no PIB nacional.
O estudo foi divulgado na 4ª edição da pesquisa “Retratos de Família: Um panorama das práticas de governança corporativa e perspectivas das empresas familiares brasileiras”. Além da importância para o PIB, a pesquisa aponta que os empreendimentos familiares nacionais continuam a desenvolver de forma acelerada suas estruturas e práticas de governança corporativa.
Também de acordo com ela, 33% dos negócios familiares têm entre 21 e 40 anos de existência, enquanto 30% possuem de 41 a 70 anos e 21% têm mais de 70. Em 22% das empresas, membros da terceira geração da família controladora atuam no negócio.
A empresa familiar perene parece ser a regra. No entanto, é importante ressaltar que negócios familiares “podem ser muito mais frágeis ou muito mais resistentes do que seus pares”. A observação é feita por Josh Baron e Rob Lachenauer no artigo “Build a Family Business That Lasts – Companies that endure do these five things right”, publicado na Harvard Business Review.
Conforme destaca o título da publicação, qualquer empresa familiar perene possui cinco características. Quais seriam?
Os pontos que a empresa familiar perene precisa se preocupar, segundo o artigo, são:
Veja a seguir:
O tipo de propriedade – isto é, quem pode ser o proprietário e como o controle pode ser compartilhado – pode definir ou restringir o envolvimento de vários membros, bem como evitar ou não um conflito. Conforme Baron e Lachenauer, é possível termos:
Vale destacar que o tipo de propriedade não é escrito em pedra. Há situações em que é necessário mudar, como ocorre quando a complexidade do negócio muda, quando líderes externos começam a fazer parte do quadro da empresa ou quando a próxima geração assume. Adicionalmente, uma empresa familiar pode optar por um modelo híbrido de propriedade.
Em outro artigo no blog da Glic Fàs comentamos que a governança “pode reduzir conflitos, motivar os funcionários e fortalecer os mecanismos de responsabilidade, estimulando assim o crescimento e a capacidade de obter lucro”. No mesmo post, esclarecemos como a governança ajuda na separação de papéis, na transparência de gestão e na sucessão.
Na opinião de Baron e Lachenauer, em uma empresa familiar perene a governança tem a ver com encontrar um meio-termo entre microgerenciar e abdicar da responsabilidade. Ela se torna, nas palavras deles, “desafiadora à medida que a família e a empresa crescem”.
Para orientar a tomada de decisão, eles sugerem o modelo de quatro cômodos. A fim de entender, basta imaginar a empresa como uma casa com um cômodo para o proprietário, outro para a diretoria, outro para a gerência e um outro para toda a família.
No modelo de quatro cômodos, cada um tem regras explícitas sobre quem pertence a ele, quais decisões são tomadas e como, qual papel cada pessoa tem de acordo com a sala em que se encontra. Ou seja, hierarquia e limites são claros, afinal, uma empresa familiar perene é bem administrada.
A beleza do negócio familiar é que o proprietário é quem define o que é mais importante. Os autores da publicação da HBR dão um bom exemplo: “nenhuma pessoa de fora pode forçá-lo a valorizar mais o crescimento dos ganhos do que, digamos, dar emprego aos membros da família, ou pode insistir que você busque oportunidades que vão contra suas crenças”.
O problema é que nem todas as famílias têm clareza sobre o que realmente importa para a empresa. E, como em qualquer tipo de negócio, se os donos não sabem aonde querem chegar, provavelmente chegarão a lugar nenhum (ou ao lugar errado).
Leia também: Por que toda empresa familiar precisa de um planejamento sucessório?
Os proprietários controlam a comunicação do negócio. Eles possuem o direito de compartilhar o que quiserem (a não ser quando lidam com as obrigações do governo), mas o fato é que toda empresa familiar perene sabe informar com sabedoria.
Tenha em mente que organizações familiares possuem dois ativos valiosos, que são confiança e relacionamento. É justamente uma comunicação eficaz que manterá esses ativos.
Saber conduzir a sucessão é fator crítico de uma empresa familiar perene. Os autores do artigo lembram que a transição não é um evento, mas sim um processo. Por essa razão, o ideal é a empresa possuir um plano de continuidade que envolva os novos líderes.
Baron e Lachenauer acreditam que o plano de continuidade deva abordar três itens:
Destacamos igulmente que o fundador exerce um papel importante na sucessão. Saiba em: Sucessão em empresas familiares: o papel do fundador
Não existe uma única maneira de sobreviver e não há receita que garanta a perenidade de negócios familiares. Mas contar com boas práticas e com o que funciona para a maioria das organizações é sempre de grande contribuição.
Esperamos que essas dicas ajudem sua empresa a ser longeva. Mas não esqueça que para ter sucesso é fundamental contar com o trabalho árduo dos proprietários, membros da família e funcionários.
Se precisar de ajuda para atingir uma maturidade mais elevada no seu negócio, conte com a Glic Fàs. Entre em contato e saiba mais. Caso queira se aprofundar no tema, baixe o e-book gratuito: Como proteger a empresa familiar e garantir sua longevidade?
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Créditos imagem principal: Unsplash por Austin Distel.
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