Mundo dinâmico e imprevisível. É nesse contexto que vivemos atualmente, mas a observação não vem de agora. Em um mundo pós Guerra Fria, estudantes do US Army War College descreveram o ambiente da época (início da década de 90) como volátil, incerto, complexo e ambíguo. Para falar sobre isso, o termo utilizado passou a ser VUCA, acrônimo das palavras em inglês Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity.
O Mundo VUCA utilizado em um contexto de negócios teve sua ascensão após a crise financeira global de 2008 e 2009. Hoje em dia o conceito segue sendo relevante, especialmente para caracterizar o novo perfil de líderes necessário para o atual ambiente empresarial.
Como já comentamos em outras oportunidades aqui no blog, organizações lidam constantemente com riscos, que podem ser eventos positivos e negativos. Todavia, quanto maior o VUCA, mais difícil é para um líder tomar uma decisão. Somado a isso, empresas enfrentam mudanças disruptivas impulsionadas por tecnologias que mudam a passos acelerados.
É cada vez mais difícil acompanhar as mudanças e tomar decisões. Para nossos cérebros, o resultado é agitação e desconforto. A questão toda é que o mundo VUCA não está se acabando, muito pelo contrário. Como “a única constante é a mudança”, então, em um mundo exponencial, qual deve ser o novo perfil de líderes?
A discussão é abordada por Lisa Kay Solomon, no blog Singularity Hub, em uma série de 5 posts. Para abordar o tema, ela explora os quatro pilares da liderança exponencial.
Solomon destaca que o novo perfil de líderes é constituído por quatro habilidades: futurista, inovador, tecnológico e humanitário. “Essas são as habilidades críticas que os líderes precisam aprender para atravessar com sucesso um mundo em rápida transformação – não apenas para criar vantagens estratégicas para suas organizações, mas também para ajudar a construir o tipo de futuro inclusivo, equitativo, positivo e abundante no qual todos queremos viver”, destaca Solomon no artigo How the Most Successful Leaders Will Thrive in an Exponential World.
Ainda de acordo com ela, a liderança exponencial entende que essas habilidades se influenciam mutuamente. Abaixo faremos um resumo sobre cada uma delas.
Quando falamos de riscos nas organizações, a maioria faz previsões e análises partindo de variáveis e tendências atuais. Isso significa que analisamos eventos futuros partindo de eventos passados, ou seja, acabamos nos esquecendo que existem variáveis novas e imprevisíveis que devem entrar na equação (o mundo VUCA).
De acordo com Solomon, isso ocorre principalmente porque nunca aprendemos a imaginar novas narrativas para o futuro ou ampliar o conjunto de futuros prováveis que consideramos. O novo perfil de líderes em um mundo exponencial, ao assumir a habilidade de futurista, deve disciplinar-se para questionar o status quo, examinar regularmente tendências externas, indústrias adjacentes e forças subjacentes. “Eles ousadamente contam histórias sobre o futuro antes que todos os dados estejam disponíveis para fazer o backup”, escreve a autora no post How Leaders Dream Boldly to Bring New Futures to Life.
E como conseguir ver adiante como um futurista? O primeiro passo é identificar as forças macro mais importantes e incertas que moldam o seu negócio. Conforme destaca a autora, elas geralmente podem ser divididas em cinco grandes categorias: social, tecnológica, econômica, ambiental e política. Sob cada uma dessas categorias, há uma série de forças motrizes e variáveis externas que podem levar a futuros distintos.
Após identificar forças e variáveis, os futuristas reúnem diversos insumos e estabelecem como as variáveis se desenvolverão com o passar do tempo. As perguntas a se fazer são:
Além de imaginar uma série de novos futuros, para dar conta do mundo exponencial o novo perfil de líderes requer uma habilidade de inovação.
Para Solomon, líderes que adotam o papel de inovadores sempre pensam no cliente. Além disso:
Mas, como ela destaca no artigo How Leaders Can Make Innovation Everyone’s Day Job não é tarefa fácil tornar uma empresa inovadora. É preciso investir na mentalidade, cultura, incentivos e apoio certos em toda a organização. Para os líderes, “a verdadeira inovação exige persistência profunda e determinação feroz, uma disposição para avançar quando você não tem certeza de que será bem-sucedido, ciclos rápidos de aprendizado adaptável e a capacidade de conectar e galvanizar redes de talentos diversos e comprometidos para trabalhar juntos”, escreve Solomon.
Em um mundo de inovações tecnológicas aceleradas, chega a ser óbvio que o novo perfil de líder envolva entender quais tecnologias afetarão diretamente sua indústria e os setores adjacentes. Sendo assim, tenha em mente que a liderança deve ter um olhar para quais tecnologias desafiarão o status quo.
Em Why Every Leader Needs to Be Obsessed With Technology, Solomon comenta que líderes de um mundo exponencial devem, como primeiro passo para entender a mudança tecnológica, nutrir a curiosidade. A pergunta é: quais tecnologias podem atrapalhar seu setor?
O passo seguinte é prever quando uma tecnologia vai amadurecer. Após isso, o novo perfil de líderes entende a necessidade de explorar as consequências, uma vez que a nova tecnologia inevitavelmente dá origem a novas questões éticas, sociais e morais que nunca enfrentamos antes (pense em empresas como Uber e Airbnb).
Após identificar a tecnologia (ou tecnologias) como possível disruptor e entender as implicações, a liderança deve descobrir como evoluir a organização para aproveitar ao máximo a oportunidade. Esse é, na opinião de Solomon, o passo mais difícil.
À medida que a tecnologia permite que as equipes tenham impacto como nunca, os líderes e as organizações precisam entender que não é mais necessário escolher entre maximizar o lucro e ajudar a sociedade. Pode-se optar por fazer as duas coisas.
“Líderes exponenciais usam as habilidades e os comportamentos de futuristas, inovadores e tecnológicos para melhorar a vida das pessoas que eles tocam e a sociedade como um todo. Eles pretendem fazer o bem fazendo o bem – não como um conjunto separado de atividades de responsabilidade social corporativa, mas como parte da missão integrada da empresa”, escreve Solomon.
Portanto, ao tratar da habilidade de humanitário, o novo perfil de líderes em um mundo exponencial entende que a empresa deve investir em políticas e práticas humanas que criem uma cultura positiva e um ambiente de trabalho significativo. Como fala a autora, “um local de trabalho que inspira funcionários e parceiros a se esforçarem em direção ao seu pleno potencial”.
Liderar como um humanitário requer fazer escolhas para transformar recursos escassos em oportunidades abundantes, a fim de impactar comunidades de forma positiva e responsável.
As habilidades se conectam entre si. Mas, talvez o aspecto mais importante dessas características do novo perfil de líderes seja o de entender que ao antecipar a mudança a liderança consegue fazer escolhas proativas que levam a um futuro mais positivo e produtivo para suas organizações, comunidades e para o mundo.
Como escreve Solomon, os papéis de futurista, inovador, tecnológico e humanitário estão interconectados quando o conhecimento e as percepções fluem entre eles. Os quatro pilares são um sistema holístico de aprendizagem para imaginar, criar, capturar e dimensionar o valor oculto em um mundo cada vez mais complexo e dinâmico.
Além das quatro habilidades, nós, da Glic Fàs, entendemos que o pensamento estratégico também é essencial ao novo perfil de líderes que querem se destacar em um mundo exponencial. A explicação disso reside no fato de que o pensamento estratégico busca enxergar as possibilidades para o futuro, explorando incertezas e preparando-se para agir em longo prazo (a habilidade de futurista identificada por Solomon).
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Para este post fizemos um resumo da série de artigos publicados por Lisa Kay Solomon no blog Singularity Hub. Para você se aprofundar mais, deixamos os links a seguir:
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Créditos imagem: Unsplash por Samuel Zeller
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