Para a maioria dos profissionais, o problema não está tanto em elaborar estratégias. A questão está em como implementá-las, ou seja, em definir estratégias que funcionem. É o que concluiu a Economist Intelligence Unit (EIU), em uma extensa pesquisa realizada em 2017.
Para obter as respostas, foram entrevistados 500 executivos seniores que trabalham em grandes empresas (48% têm receita global anual de U $ 1 bilhão a US $ 5 bilhões; 39% de US $ 5 bilhões a US $ 10 bilhões; e os restantes 13% de mais de US $ 10 bilhões).
As organizações pesquisadas eram geograficamente diversificadas, sendo 30% da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico e 70% dos outros continentes. Metade dos entrevistados eram C-levels, enquanto a outra metade era composta por vice-presidentes (sênior e executivo), diretores e chefes de unidades de negócios e departamentos.
Na pesquisa, ficou claro que a maioria das empresas tem dificuldade em colocar em prática a estratégia que projetou. Conforme apresentado no relatório: “59% concordam com a afirmação: ‘Muitas vezes lutamos para preencher a lacuna entre o desenvolvimento da estratégia e sua implementação prática no dia a dia’”.
Stephen R Covey, autor do livro “Os 7 hábitos de pessoas altamente eficazes”, disse uma vez que “a maioria dos líderes concordaria que seria melhor ter uma estratégia mediana com excelente execução, do que uma excelente estratégia com execução ruim”.
Quais são os motivos que dificultam a execução da estratégia? O problema em definir estratégias que funcionem estão nas pessoas, sistemas e/ou processos? Quem, ou o quê, é responsável pela falta de realização dos objetivos estratégicos?
Na pesquisa realizada pela Economist Intelligence Unit, as cinco principais causas foram:
Além disso, existe uma lacuna – ou, como menciona a pesquisa, um abismo – entre o C-suite e os níveis mais operacionais. Essa desconexão pode ser extremamente prejudicial para o sucesso da execução da estratégia: para 65% das empresas pesquisadas, a estratégia é insuficiente devido a uma falha em entender a empresa, seu ambiente de mercado e sua capacidade de execução.
Outro problema em definir estratégias que funcionem está em pensar que os planos para executá-las são imutáveis. Isso ocorre porque, na opinião de Prabhakar Ghatage, gerente geral da Prática de Implantação da Estratégia no Tata Business Excellence Group, “o planejamento e a implementação são mentalmente concebidos como campos separados”.
Quando há a percepção de que estamos falando de duas coisas não distintas, entende-se que, assim como o plano deve mudar para adaptar-se às necessidades que vão surgindo, o mesmo deve ocorrer com a estratégia.
Definir estratégias que funcionem é algo impossível se, desde o começo, há um problema na definição de metas. Geralmente, metas estratégicas são objetivos grandes e complexos que quase sempre exigem recursos espalhados por vários setores para alcançá-las.
Por isso, o ideal é quebrar esses objetivos grandes em metas claras entre as equipes. Assim, todos terão mais clareza sobre prioridades e responsabilidades.
A má comunicação entre stakeholders é outra barreira para a execução de estratégias. A maioria dos projetos abrange várias partes interessadas e requer participação e coordenação de toda a organização.
No entanto, vemos que muitas vezes cada departamento conclui suas tarefas em um projeto e o repassa para o próximo, sem se preocupar com o que a outra área está fazendo, ou sem levar em consideração as necessidades dos outros departamentos. Esse comportamento leva a atrasos e, o que é pior, resulta em uma falha na coesão organizacional.
Se este é um problema na sua empresa, entenda que, como líder, você deve procurar maneiras de estimular a comunicação e a conversa entre os departamentos em projetos compartilhados. Uma boa prática aqui é estabelecer reuniões interdepartamentais regularmente.
Outro problema – especialmente identificado em grandes organizações – é a burocracia. Geralmente, obter aprovações de recursos e tomar decisões são tarefas árduas, pois existe uma cadeia de comando a se respeitar.
Ainda, uma estratégia mal executada pode ser fruto da falta de conexão entre pessoas e estratégia. Para que os colaboradores sintam-se conectados, busque alinhar objetivos profissionais com interesses pessoais. Por exemplo, dando mais responsabilidades, fornecendo treinamentos etc.
Mencionamos alguns problemas que fazem uma estratégia ser mal executada. Agora, levando em consideração o estudo realizado pela Economist Intelligence Unit, e o que foi mencionado no relatório, a estratégia não deve ser um processo pensado em duas etapas separadas.
Na prática, isso significa dizer que deve haver uma interação entre os que definem a estratégia e os responsáveis pela execução. Os chefes de departamento devem sair dos seus muros, interagir e colaborar com seus colegas. Em outras palavras: empresas precisam quebrar silos.
Falando em “olhar além dos muros”, outra questão mencionada pelo relatório é que para definir estratégias que funcionem é essencial verificar o que está acontecendo fora das paredes da empresa. O que os clientes querem? O que os concorrentes estão fazendo?
“As partes interessadas externas, incluindo consumidores e fornecedores, podem e devem ser aproveitadas como parceiros ativos na entrega da estratégia”, diz o relatório.
Por fim, o estudo percebeu que empresas líderes criam um sistema de entrega dinâmico e ágil. Por terem uma visão estratégica, elas conseguem mover-se rapidamente a fim de ajustarem a estratégia e a implementação. Desse modo, exploram oportunidades e riscos variáveis.
Estratégia sem execução não serve para nada. De tudo o que elencamos aqui, talvez o principal ponto a ser levado em consideração para definir estratégias que funcionem seja entender que a execução não é uma atividade separada do desenvolvimento da estratégia.
Este é o motivo pelo qual deve haver um comprometimento dos líderes em entender que eles devem manter todos em direção a um destino comum. E, claro, devem sempre olhar para fora, analisando o mercado e sabendo que é perfeitamente natural mudar a estratégia para ir ao encontro das novas necessidades.
Caso você queira entender mais sobre os pontos que discutimos neste artigo, acesse o relatório Closing the Gap: Designing and Delivering a Strategy that Works.
Para encerrar, sugerimos a leitura de um material sobre Pensamento Estratégico, que ajudará a definir estratégias que funcionem. Leia o conteúdo em Você sabe o que é Pensamento Estratégico e como ele pode mudar o rumo da sua empresa?
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