Se você acompanha o Glicando (o blog da Glic Fàs), já sabe que gerenciar uma empresa familiar é conviver constantemente com os desafios de administrar qualquer empreendimento, com o agravante de que emoções podem falar mais alto (e que laços de sangue podem aflorar discussões).
Além disso, os desafios de empresas familiares podem ser ainda maiores se compararmos com organizações não familiares. Neste artigo, trabalharemos com 3 desafios de empresas familiares e responderemos às questões:
Dentre os maiores desafios de empresas familiares, com toda certeza está a separação do papel familiar do papel profissional. Imagine estar em um jantar em família e, no meio da conversa, começa-se a discutir as projeções de vendas da empresa. Ou, ainda, que tal uma reunião sobre planejamento estratégico apimentada com indiretas de uma briga de família? Os dois casos são o oposto de uma gestão profissional, certo?
Além da falta de profissionalismo, para colegas que não são familiares as brigas de família no trabalho tornam o ambiente desconfortável. Outra questão importante a tratar quando os papéis se misturam, é o fato de ser normal vermos algumas regalias serem concedidas aos membros da família, mas não aos profissionais de fora.
As consequências disso poderão se agravar, pois o quadro pessoal pode sentir-se desmotivado, a produtividade pode cair e, como resultado, menos dinheiro entrará no caixa da empresa. Adicionalmente, nesse caso é bem provável que a organização acabe enfrentando a alta rotatividade de empregados não familiares, os quais podem achar que há mais oportunidades dentro do negócio para aqueles que fazem parte da família.
A tarefa de não permitir que a dinâmica familiar penetre no local de trabalho pode ser difícil. O primeiro passo é reconhecer o impacto das relações familiares sobre outros funcionários. Isso ajudará a regular o comportamento dos membros da família, inclusive na maneira com que se tratam. Lembre-se, dentro da empresa não existem pai, mãe, avô e tio.
Em seguida, é fundamental definir claramente os papéis. Além de trazer um tom mais profissional, à medida que cada um sabe da sua função e entende quais são suas responsabilidades, mais clara fica a ideia de que a designação “família” deve ficar da porta da empresa para fora.
Vencer os desafios de empresas familiares sem antes definir quem é quem no negócio é impossível. Para que essa definição de papéis seja feita com profissionalismo, é de suma importância descobrir os pontos fortes de cada um, e ter a certeza de que os objetivos de longo prazo de todos sejam os mesmos dos da empresa.
Isso pode significar mexer nas atuais funções dos membros familiares, mudando-as para que melhor se enquadrem no perfil de cada profissional e nas estratégias da organização. A tarefa pode causar um certo desconforto, mas lembre-se que quando cada membro está na posição que mais se adapta ao seu perfil e às competências, mais ele verá a empresa com olhos profissionais, e não como uma extensão da família.
É importante também ter políticas claras sobre as qualificações necessárias para cada cargo, inclusive para a liderança. O desenvolvimento de uma política detalhada de posições é uma excelente forma de superar desafios de empresas familiares que ainda misturam papéis profissionais com os da família.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, embora para muitos diferenciar o chefe do pai ou da mãe ainda seja um desafio. Este item entra no tópico acima, mas decidimos colocá-lo como um tópico especial porque responderemos à pergunta:
Um dos grandes desafios de empresas familiares é a relação de pai/mãe e filho quando o primeiro é o chefe do segundo. Para início de conversa, com a definição de papéis que comentamos, o cargo de pai ou mãe não existe em um negócio familiar profissional.
Todavia, muitas empresas ainda enfrentam conflitos nessa relação, ainda mais se o filho é quem assumirá a próxima geração do legado. Nesse caso, o mais indicado é que o filho tenha experiência de mercado em outra empresa. Experiências externas farão com que o profissional entenda da importância da separação de papéis, bem como contribuirão para que uma nova visão seja colocada em prática na empresa. Inclusive, de acordo com um estudo realizado pela PwC em 31 países com membros familiares que assumirão a liderança da empresa, 70% dos profissionais que hoje trabalham em uma organização familiar tiveram experiências externas.
Entendemos que para muitos, ter experiências externas não seja uma opção, pois o profissional está na empresa não apenas por ser da família, mas porque quer ajudá-la a crescer e compartilha dos mesmos valores do negócio. Nesse caso, tenha em mente que ao entrar na empresa os únicos cargos e relacionamentos que existem são aqueles definidos pela política de cargos. Mais uma vez, reforçamos que é exatamente por isso que a definição de cargos (e de salários) é fundamental em empresas familiares.
O conflito de gerações é um assunto delicado na pauta dos desafios de empresas familiares. É comum termos gerações mais jovens de uma organização familiar desconectadas das experiências que moldaram o negócio até esse ponto. Se o profissional está no início da carreira ele está naquela fase de “fome de fazer a diferença”. Acontece que, assim como aconteceria se esse jovem estivesse em uma empresa não familiar, em uma organização gerenciada por uma família ele também não poderá começar executando grandes mudanças.
No conflito de gerações, muitas vezes a mais nova sente-se sufocada ao perceber que as expectativas da geração mais velha estão sendo impostas a elas. Outros pontos de conflitos entre gerações incluem: falta de comunicação, diferenças culturais e falta de conhecimento da geração mais velha com relação à tecnologia e à evolução da gestão de negócios da empresa.
Para falar sobre o conflito de gerações como um dos desafios de empresas familiares, nos focaremos na questão de tomadas de decisão. Nesse caso, o mais indicado é que seja estabelecido um processo de tomada de decisão, com a identificação de processos de governança para que todos os membros da família estejam envolvidos.
É importante que a geração no comando entenda a necessidade de mudanças, e isso inclui aquelas propostas pela geração mais nova. A decisão não cabe a uma pessoa, por isso é fundamental a criação de um processo que permita uma análise em conjunto, sempre lembrando que as mudanças a serem realizadas devem estar de acordo com os objetivos e metas da empresa.
Em empresas familiares, “negócios” e “família” são como um grande cachecol no qual desafios de negócios, emoções pessoais e valores familiares estão todos entrelaçados. Neste artigo trabalhamos com três aspectos que devem ser superados, pois entendemos que eles representam o fio inicial de uma jornada de sucesso.
Para entender dos desafios de empresas familiares, é interessante saber como funciona a cultura desse tipo de organização. Como chegamos ao fim, convidamos você a seguir na leitura do artigo Tudo sobre a cultura de empresas familiares.
Esperamos que este post tenha sido útil para você. Caso tenha alguma dúvida ou queira saber mais sobre o tema, deixe um comentário ou entre em contato. Fique também à vontade para compartilhar este artigo com seus colegas.
Créditos imagem: Pixabay por mikefoster
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