Mudanças nas demandas dos consumidores, no cenário global e na tecnologia. Tudo isso levou, naturalmente, às mudanças nas empresas. Para manter-se competitivas, mais do que nunca elas precisam se adaptar rapidamente. Foi aí que muitas organizações perceberam que as equipes de projetos eram as que estavam mais bem preparadas para atender ao novo cenário.
Para muitos negócios isso representou uma mudança de paradigmas, uma vez que projetos passaram a ser vistos como primordiais em como o trabalho é realizado e os problemas são resolvidos. Inclusive, esse é o motivo pelo qual mais da metade das organizações pesquisadas para o relatório “Tomorrow’s Teams Today” do Project Management Institute (PMI) relatou que reorganizaram as atividades em torno de projetos e programas.
Essa mudança levou o próprio PMI a cunhar um termo conhecido como economia de projetos.
Do inglês Project Economy, “a economia de projetos é aquela em que as pessoas têm as habilidades e capacidades de que precisam para transformar ideias em realidade. É onde as organizações entregam valor às partes interessadas por meio da conclusão bem-sucedida de projetos, entrega de produtos e alinhamento aos fluxos de valor. E todas essas iniciativas agregam valor financeiro e social” (PMI).
Em seu relatório Pulse of the Profession 2020, o PMI diz que “a organização é seus projetos”, os quais são liderados por uma variedade de títulos, executados por meio de uma variedade de abordagens e com foco inabalável na entrega de valor financeiro e social. Para os C-levels de hoje (e do futuro) é o portfólio que perturba, inova, se expande e prospera. Isso é, portanto, a economia de projetos.
Já em um artigo intitulado “Welcome to the Project Economy” (em português “Bem-vindo à Economia de Projetos”), Cindy Anderson, que na época em que o escreveu era vice-presidente de gerenciamento de marca do PMI, explica que a 4ª Revolução Industrial desencadeou a economia de projetos. De acordo com ela, as práticas atuais e outrora bem-sucedidas não são mais rápidas o suficiente para competir com os avanços tecnológicos e dos setores.
Organizações são, então, forçadas a escolherem um caminho: adaptar-se ou correr o risco de falhar. Para atender a essa nova demanda o gerenciamento de projetos está cada vez mais relacionado à definição do trabalho em torno do que precisa ser feito, à determinação da melhor maneira de fazê-lo e às pessoas que ajudarão a atingir os objetivos. A isso, portanto, Anderson dá o nome de economia de projetos.
Sunil Prashara, presidente e CEO do PMI, em uma entrevista para o site EuropeanCEO, explica a importância da economia de projetos com base nas mudanças acontecendo no mundo.
Em um dos exemplos ele cita a África: “em 2050, a população da África deve ser de 2,4 bilhões de pessoas. Hoje é 1,4 bilhão. Eles têm que construir 65.000 casas por dia, todos os dias, durante os próximos 30 anos para acomodar essas pessoas. Quantos hospitais? Quantas escolas? Quantas estradas? Quem vai fazer isso? Como isso vai acontecer? E quais países serão relevantes quando isso acontecer? É uma grande quantidade de trabalho de projeto”.
Conforme ele aponta, isso provoca uma mudança. Em empresas, governos e instituições, essas mudanças são realizadas por meio de projetos. “Portanto, o mundo está se projetando, por causa dessas mudanças tectônicas”, diz.
Prashara acredita ainda que para ganharem espaço as organizações terão que repensar a maneira como o trabalho é feito em seus negócios: “estamos vendo o mundo em nível de negócios se tornando uma projeção. E chamamos isso de economia de projeto, onde você tem equipes de pessoas se movendo entre áreas funcionais, sem os limites de finanças, RH, jurídico etc.”.
Além de termos equipes de projeto que se movem entre áreas funcionais sem os limites tradicionais, Prashara aponta que as pessoas de que precisamos na organização devem ser bem versadas nas disciplinas de gerenciamento de projetos e na capacidade de execução.
Sobre as tendências globais que impulsionam a economia de projetos e como elas impactam os líderes de projetos, um relatório do PMI aponta seis:
- A África e a maior parte do mundo em desenvolvimento serão o lar de uma nova geração de talentos prontos para enfrentar uma nova geração de projetos.
- As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças existenciais para a civilização, mas os profissionais de projeto podem desempenhar um papel fundamental.
- À medida que a inteligência artificial realmente se torna dominante, ela traz realidades difíceis – e oportunidades imensas para líderes de projeto com a combinação certa de pessoas e habilidades tecnológicas.
- As decisões protecionistas tomadas pelos governos tornaram os líderes de projeto ainda mais valiosos na execução de projetos por “equipes multinacionais, multiétnicas e geograficamente distribuídas”.
- A necessidade de reforma da infraestrutura é global por natureza. Os líderes de projeto são essenciais para liderar equipes inteligentes e ágeis que assumem projetos de infraestrutura com orçamentos geralmente apertados.
- Manter as informações seguras requer uma frente unida, apoiada por uma cultura de segurança cibernética multidisciplinar em toda a empresa.
Em sua entrevista para o site EuropeanCEO, Prashara é questionado sobre as habilidades que gerentes de projetos deverão ter para serem bem-sucedidos na economia de projetos.
O primeiro item citado por ele é o forte conhecimento em tecnologia, pois ela ajuda os gerentes de projeto e outros profissionais a otimizar a maneira como fazem seu trabalho. Há também o big data, importante para fornecer insights sobre qual deve ser o próximo passo a ser tomado.
O segundo diz respeito às habilidades específicas: “você ainda não pode fugir do agendamento, planejamento, processos iterativos de desenvolvimento, governança, gerenciamento de risco. Você sabe, você também deve ser capaz de escolher a metodologia certa para a execução de um programa, de um projeto”.
O terceiro e último é a capacidade de ser humano (capacidade de empatia, inteligência emocional, consciência cultural e de dizer “desculpe”). Como lembra Prashara, são qualidades que nenhuma tecnologia consegue controlar.
Na era do Project Economy, o gerenciamento de projetos se tornou mais complexo e vital do que nunca. Como vimos, para que consigam apoiar suas organizações, as equipes de projeto modernas devem envolver pessoas com uma variedade de habilidades necessárias e que se movem entre áreas funcionais.
E já que uma organização é seus projetos, as empresas cada vez mais precisam de líderes de projeto qualificados com experiência e conhecimento nas teorias de melhoria de processo e nas metodologias. Aproveite e leia também: Complexidade de projetos define a metodologia de gestão mais adequada.
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Créditos imagem principal: Pixabay por knowledgetrain.
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