Riscos podem vir de todos os ângulos. Seja para cada um de nós, ou para nossas empresas, o fato é que estamos cada vez mais suscetíveis a ameaças externas.
Não é de hoje, por exemplo, que uma crise na China pode afetar o comércio local. Um desastre natural, como uma enchente, pode fazer uma empresa ter que cancelar as atividades durante o período. Com isso, a produção mensal diminui, ela deixa de vender e poderá acabar fazendo cortes.
Na teoria do caos, uma pequena mudança em um estado pode resultar em algo muito maior. Mas, se o efeito borboleta pode parecer um pouco dramático, uma coisa é certa: é cada vez mais necessário que empresas preparem-se para as incertezas de um ambiente volátil.
Para fazer isso, a chave está em um planejamento estratégico que defina uma gestão de riscos eficiente. E como o gerenciamento de riscos permite à organização antecipar ameaças para conseguir reagir prontamente quando elas surgirem, neste artigo ajudaremos você a analisar alguns dos fatos de 2019 que podem interferir no ano de 2020.
(Este artigo baseia-se em informações de dois textos publicados na Risk Management: Year in Risk 2019 e Uncertainty Clouds 2020 Economic Risk Outlook)
No dia 21 de janeiro de 2019 a França emitiu a multa de € 50 milhões (cerca de US $ 55 milhões) contra a Google com base na GDPR (que seria a nossa Lei de Proteção de Dados Pessoais – LGDP).
De acordo com CNIL, que é a reguladora de proteção de dados da França, a Google não foi transparente sobre como as informações dos usuários foram coletadas, armazenadas e disseminadas.
No Reino Unido, o Information Commissioner’s Office (ICO), regulador de dados da nação, multou a British Airways e a Marriott International por violar o GDPR. A British Airways foi multada em £ 183 milhões (US $ 237 milhões) por uma violação que expôs quase 500 mil dados pessoais de clientes, incluindo nomes, informações de login, números de cartão de crédito, detalhes e endereços de viagens.
Enquanto isso, a Marriott enfrentou uma multa de 99 milhões de libras (127 milhões de dólares) por uma violação que expôs 339 milhões de registros de clientes em todo o mundo, incluindo 30 milhões na Europa.
Aqui no Brasil, a LGDP foi sancionada em 2018 e começará a valer em agosto de 2020. Basicamente, ela regulamenta o tratamento dado às informações de pessoas colhidas pelas empresas via formulários.
Conforme determinação da Lei Nº 13.709, empresas estão proibidas de transmitir dados sem o consentimento dos usuários. Isso significa que toda e qualquer informação de clientes está sujeita à LGPD.
Quem descumprir a lei pode receber multas de até 2% do faturamento líquido da empresa, limitado a R$ 50 milhões. Para ver o texto completo sobre a Lei e entender como sua empresa deve se preparar, acesse www.planalto.gov.br.
Ressaltamos que o não cumprimento à LGDPR é um risco de compliance que sua empresa deve considerar.
Em maio de 2019 a cidade de Baltimore (EUA) foi vítima de um ataque de ransomware que forçou o desligamento de muitos serviços online, resultando em uma perda estimada de US $ 18,2 milhões em receita e custos de restauração do sistema.
Ransomware é um tipo de vírus que sequestra dados de dispositivos móveis ou PC e exige resgate em dinheiro. De acordo com o relatório Smart Protection Network, da Trend Micro, o Brasil só perde para os Estados Unidos quando o assunto é este tipo de ataque (no nosso país acontecem 10,75% das ameaças, contra 11,05% nos EUA).
Na mesma linha da LGDP, a Comissão Federal de Comércio dos EUA multou o Facebook em US $ 5 bilhões por uma série de violações de privacidade de dados, pontuadas pelo escândalo da Cambridge Analytica que expôs os dados pessoais de 87 milhões de usuários.
Como parte do acordo, a FTC exigiu que o Facebook reformulasse suas práticas de privacidade, estabelecendo um comitê de privacidade independente, designando responsáveis por questões de privacidade, realizando análises de privacidade de todos os novos produtos antes da implementação e enviando análises regulares de terceiros a seu programa de privacidade.
O crescimento econômico global diminuiu para 2,5% em 2019. Mesmo que não chamemos isso de recessão, é preciso estar preparado.
A Turquia evitou uma recessão em 2019, a Rússia e a África do Sul tiveram um crescimento excepcionalmente fraco e o Brasil ainda está sofrendo uma recuperação lenta. Quanto à Argentina, país que interfere muito na nossa economia, o cenário esteve – e até o momento promete manter-se – bagunçado.
O ano de 2019 marcou o primeiro de uma década em que as economias desenvolvidas viram um aumento anual das insolvências corporativas. A América do Norte lidera essa tendência, com um aumento de 4,2% em insolvências.
Em 2020, o risco mais significativo para o crescimento dos negócios passa a ser a proliferação da guerra comercial. O Brexit também continua a ser um ponto de atenção. Embora agora ele seja um fato, permanece a incerteza à medida que o Reino Unido define uma nova política comercial com a UE.
Acima de tudo temos também os altos níveis de dívida corporativa, principalmente porque empresas têm aproveitado a taxas de juros baixas. O outro lado da moeda é que isso aumenta a vulnerabilidade a choques econômicos e financeiros. Quando as empresas se tornam insolventes, seus parceiros comerciais sofrem, criando um efeito cascata de risco.
Por fim, há as incertezas políticas, pois qualquer erro dos principais governos no momento pode prejudicar a economia global. A China, por exemplo, está administrando uma mudança complexa em direção a uma economia liderada pelo consumo, enquanto também lida com altos níveis de dívida. Se a situação da dívida sair do controle do governo chinês, isso poderá causar estragos na economia e pressionar imensamente as empresas de todo o mundo.
Os fatos abordados aqui são mais amplos, mas que de uma forma ou outro podem afetar qualquer empresa. Além deles, claro, existem outros riscos que cada negócio deve analisar.
A cada risco identificado – inclusive os abordados neste artigo – é recomendado fazer uma elaboração de cenários. Por meio dessa ferramenta gestores “pensam o impensável” e, com isso, exploram horizontes para considerar possíveis futuros.
Criar controles internos é também outra ação a ser realizada. Na gestão de negócios, os controles fornecem uma garantia de que os riscos para a realização dos objetivos e metas organizacionais estão em níveis aceitáveis.
Mas se você precisa iniciar a gestão de riscos na sua empresa, recomendamos que entenda primeiro a importância do gerenciamento de riscos para seu negócio.
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Créditos imagem: Unsplash por Elsa Gonzalez
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