Logo no início do ano, quarentenas estritas nos principais centros de manufatura começaram a afetar de maneira significativa a cadeia de suprimentos global, atingindo principalmente os setores de manufatura, automotivo, petróleo/gás e produtos de consumo. Em seguida, foram as organizações de médio porte que começaram a lutar para retomar as operações na China em fabricantes de componentes, causando um impacto enorme nas maiores empresas.
Cada vez mais, o cenário que vimos do outro lado do oceano passa a nos rodear aqui. Como diz o artigo “Coronavírus Causes Global Business Upheaval”, “as empresas estão enfrentando riscos existenciais de volatilidade na economia global e, em nível individual, enfrentando interrupções nos negócios na cadeia de suprimentos, demonstrando a extensão das interdependências nos negócios modernos e os riscos de superdependência nos principais fornecedores ou regiões”.
O artigo mencionado foi escrito por Hilary Tuttle e divulgado no site da Risk Management. Nesta publicação da Glic Fàs, trouxemos um resumo a você, juntamente com considerações de outras fontes. Boa leitura.
Tuttle conta que no início de março a Gartner realizou uma pesquisa na qual descobriu que dos 1500 entrevistados, 56% se consideraram de alguma maneira preparados para o impacto do coronavírus, 12% altamente preparados e 11% relativamente ou muito despreparados.
“Apenas 2% dos entrevistados acreditam que seus negócios podem continuar normalmente, destacando a enorme variedade de negócios que podem ser afetados pelo surto”, informou o Gartner. “Vinte e quatro por cento dos entrevistados esperam pouca interrupção, enquanto a maioria espera que os negócios continuem em um ritmo reduzido (57%), sejam severamente restringidos (16%) ou descontinuados por completo (1%).”
Muitas empresas, antes mesmo de o coronavírus tomar as proporções atuais, tomaram algumas medidas. O autor comenta que diversas organizações começaram a preparar as partes interessadas para impactos materiais nos negócios. Para se ter uma ideia, escreve Tuttle que “os analistas do MarketWatch encontraram a palavra ‘coronavírus’ em 38% das transcrições de chamadas de ganhos entre o S&P 500 entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro”.
O que vemos hoje com a interrupção de negócios começou a impactar drasticamente empresas de vários segmentos. No Brasil, conforme o Portal da Indústria, a crise gerada pela pandemia interrompeu bruscamente o ciclo de recuperação que vinha seguindo a atividade industrial.
Cita o texto do Portal que uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) no início de março, mostrou que “70% das empresas associadas já apresentam problemas com o abastecimento de componentes, que são produzidos majoritariamente na China e em outros países asiáticos”.
A indústria não foi a única impactada. Como sabemos, o comércio – incluindo os locais – e todo o segmento de viagens está sofrendo. A AirBnb, que este ano abriria seu capital, teve que mudar os planos. Companhias aéreas cancelando voos e deixando sua frota em solo mostram também o impacto sentindo pela indústria da aviação.
O artigo da Risk Management discute ainda sobre como seguradoras poderão ser impactadas. “A Fitch Ratings (uma das três maiores agências de classificação de risco de crédito), alertou que as companhias de seguros estarão especialmente vulneráveis nos próximos meses, diretamente por meio de um aumento potencial de sinistros e indiretamente devido à vulnerabilidade do mercado”, escreve o autor.
Comenta Tuttle que os analistas da Moody (também entre as três maiores agências de risco de crédito) fizeram uma mesma observação: “Uma desaceleração econômica desencadeada pelo surto reduzirá o volume de negócios das seguradoras e também levará a reivindicações mais altas por certos tipos de seguro, incluindo crédito comercial e seguro de cancelamento de eventos”.
E o que dizer das empresas que precisam interromper suas atividades devido à paralisação da cadeia de suprimentos? Seguradoras podem se deparar com o chamado “Atos de Deus”, que são problemas provenientes de enchentes, tsunamis e situações similares.
No caso da Covid-19, organizações que têm seus contratos interrompidos porque precisam da cadeia de suprimentos podem considerar em suas apólices essas disposições de força maior.
Há uma luz no fim do túnel. Pelo menos de acordo com a Business Insider. Essa luz vem justamente da gestão de crises face ao que estamos vivendo. Um artigo baseado em dados da PwC mostra que empresas que conseguiram gerar crescimento após crises passadas estavam mais bem equipadas porque se prepararam para tal. “Mais de 40% compartilharam que haviam alocado orçamentos para emergência”.
São empresas que, de acordo com o texto, comunicavam-se o tempo todo com partes interessadas e fornecedores, além de estarem constantemente realizando análises sobre como reduzir o impacto da crise. Ainda como informação, “as empresas com desempenho superior priorizaram o trabalho em equipe e mantiveram os valores da empresa, mesmo em meio a turbulências”.
Por esse motivo, profissionais de risco precisam, como diz Tuttle:
Mas, quando saber a hora de implementar planos de risco? O problema relatado pela Gartner e destacado por Tuttle, é que mesmo tendo políticas para lidar com a maioria dos riscos, as mesmas são ativadas tarde demais, “porque ninguém é dono do risco ou o leva a sério até que ele se manifeste totalmente”.
A Harvard Business Review também publicou um artigo sobre o tema, mas dessa vez focando em como as empresas chinesas responderam ao coronavírus. Apesar de o país ter costumes sociais e sistemas políticos e administrativos distintos, muitas das lições podem ser aplicáveis às organizações do Brasil e de outras partes do mundo. Algumas delas são:
Ainda não se tem uma ideia exata do tamanho do tumulto causado pelo novo coronavírus nos negócios. Empreendedores e donos de empresas já começam a tomar algumas ações para proteger suas organizações e garantir sua longevidade. Não há dúvidas de que a gestão de riscos deve estar entre essas ações.
Como a informação é também uma das maneiras para melhor se preparar para o que está por vir, esperamos que este artigo o tenha ajudado de alguma forma. Para uma leitura mais completa, deixamos aqui os links para os textos que serviram como fonte para este nosso post:
Para mais conteúdo como este, e para ficar por dentro das boas práticas da gestão de negócios, acesse o Glicando, o blog da Glic Fàs.
Créditos imagem: Unsplash por Mick Haupt
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