O que significa um projeto de sucesso? Seria um produto final bem acabado? Procedimentos técnicos e/ou gerenciais bem executados? Uma execução dentro do escopo? Uma conclusão no prazo e respeitando o orçamento? Como sabemos, para um projeto ser bem planejado, é importante que ele permaneça dentro do cronograma, respeite o budget e dê a devida atenção a cada fase, com gestão de riscos e transparência. Mas não é só isso.
Existe também algo conhecido como FEL ou Front-End Loading. O termo refere-se a uma terminologia de propriedade do IPA (Independent Project Analysis), que designa uma metodologia para desenvolver um projeto de capital que tenha sucesso. Entenda melhor neste artigo.
Front-End Loading é uma metodologia que envolve o desenvolvimento de definições de projeto para que os proprietários consigam identificar e controlar os riscos, minimizar as ameaças, tomar decisões de investimentos e maximizar o potencial de sucesso. Assim, o FEL tem um papel importante na Gestão de Projetos de Capital.
Essa importância se dá pois ele é reconhecido como uma metodologia para impedir o comprometimento com um projeto que não será viável do ponto de vista mercadológico. Se executado corretamente, o FEL torna-se um instrumento eficaz, uma vez que impacta positivamente na gestão do escopo.
Aos empreendimentos, por exemplo, ele ajuda a conferir accountability, transparência, previsibilidade e competitividade. Além disso, possibilita a aplicação de quantias mais precisas de fundos de contingência, incluindo controles de risco para resultados financeiros e satisfação do cliente.
O termo Front-End Loading começou a ser empregado pela empresa DuPont, em 1970, para o desenvolvimento de forma gradual e estruturada de seus projetos. Foi o IPA (Instituto especializado em benchmarking quantitativo e análise da competitividade de projetos de capital) que criou o que hoje conhecemos por FEL Index®. Trata-se de um índice utilizado para traduzir como está o nível de maturidade de um projeto de capital. A metodologia começou a ser utilizada por organizações de vários setores a partir de 1990.
Para você entender o cenário, o IPA possui um banco de dados de projetos de alta complexidade construido através de auditorias sistemáticas e análises estatísticas robustas em projetos espalhados no mundo todo, e em muitos mercados. Graças a esse portfólio surgiu a motivação para criar um sistema que garantisse assertividade e confiabilidade na aprovação de projetos. O objetivo, como já mencionado, é o de evitar que um projeto siga em frente e acarrete gastos desnecessários (prejudicando o ROI).
Dentre os motivos mais expressivos para aplicar a metodologia está o de evitar que o projeto seja cancelado durante a execução devido a uma percepção tardia dos custos reais. Ou, ainda, de que haja custos desnecessários provocados por mudanças ou constantes replanejamentos que podem inclusive inviabilizar o projeto na sua fase de execução.
O FEL também evita que haja um estudo de viabilidade simplista, o qual poderá acarretar paralisações recorrentes. Outra razão para adotar o Front-End Loading é o de garantir que prazos de entrega do produto ou serviço sejam cumpridos e possuam a qualidade acordada.
A metodologia possui três etapas denominadas de:
Em cada FEL são realizadas atividades específicas cujos resultados darão suporte para a tomada de decisão de seguir ou não com o projeto. Essa decisão é tomada ao final de cada etapa, na qual o PMO, a alta gerência ou a diretoria, devem dar sua aprovação, que é representada pelo portão (gate) de aprovação. Em cada portão, os projetos inviáveis são barrados, permitindo a seleção de projetos viáveis economicamente, tecnicamente e operacionalmente. A seguir, explicamos melhor cada uma das etapas.
O FEL 1 é conduzido pela organização patrocinadora ou pela empresa cliente com as respectivas equipes de desenvolvimento de negócios. É nesta primeira fase que a Oportunidade de Negócio é identificada e validada, e é também onde ocorrem estudos e análises necessários para aprovação, tais como previsão de mercado, estimativas de custo e estudos de competitividade.
Importante entender que a primeira etapa não aborda nenhuma solução em específico. Dentre os entregáveis, alguns exemplos conforme artigo sobre metodologia FEL divulgado no Enegep 2013, incluem: “declaração dos objetivos do projeto para o negócio, definição do time núcleo, alinhamento estratégico, previsões de mercado, declaração de escopo inicial, estudo de alternativas, estudos competitivos, estimativas iniciais de custos”.
Por ser a fase de definição do projeto, no FEL 1 a viabilidade do negócio é analisada através do cálculo dos principais indicadores de viabilidade.
De todas as etapas, esta é a que envolve mais o plano estratégico da empresa para este projeto. A partir dos dados coletados as instâncias decisórias possuem insumos para tomar decisões de prosseguir com o projeto, abortar ou efetuar uma reavaliação.
Nesta fase busca-se atender às necessidades identificadas no FEL 1, estudar e escolher as opções (para decidir conceitualmente o escopo do projeto, local de implantação, tecnologias possíveis), aprofundar os dados econômicos (CAPEX e OPEX), refinar premissas, iniciar a definição do projeto e atualizar dados.
O FEL 2 tem como foco comparar as opções possíveis a partir do FEL 1 por meio de uma avaliação econômico-financeiro. Possui como entregáveis estimativa do orçamento, análise econômica e financeira detalhada, declaração do escopo preliminar, análise da segurança ambiental e dos riscos, execução de cronograma, localização e layout do empreendimento, planejamento das instalações, etc.
O objetivo dessa última aprovação é o de dar a garantia de que os projetos estão alinhados aos objetivos estratégicos da empresa e que há viabilidade técnica e financeira. Nesta terceira fase é elaborado o orçamento detalhado, bem como o plano de execução, estimativa de custo detalhado, análise de riscos, escopo detalhado e engenharia detalhada. Com tudo em mãos, o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica pode ser analisado mais uma vez a fim de garantir que o projeto será previsível de acordo com os objetivos do negócio.
Ressaltamos ainda que é no FEL 3 que o projeto segue para ser aprovado em um nível corporativo já com um CAPEX muito mais preciso. Vale destacar que as chances de haver mudanças de escopo são muito menores nesta etapa. O grande produto desta fase é o Plano de Execução do Projeto, que inclui os entregáveis: cronograma e orçamentos detalhados, análise da segurança ambiental e dos riscos finalizados, escopo do trabalho detalhado, processos de gestão, engenharia a nível de viabilizar a compra de principais pacotes/equipamentos e contratação de construtoras ou montadoras etc.
Importante: em cada um dos portões FEL os projetos inviáveis de um ponto de vista mercadológico podem ser barrados. Isso dá à organização insights suficientes para a tomada de decisão de seguir ou não com um projeto.
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A metodologia FEL garante um estudo muito mais aprofundado nas fases iniciais do projeto, proporcionando uma visão detalhada antes de que a execução seja iniciada. O objetivo dessa ferramenta gerencial é garantir um planejamento minucioso das primeiras fases para, dessa forma, promover mais eficiência, reduzir custos, maximizar as oportunidades e minimizar riscos.
Ao utilizar o Front-End Loading, empresas têm mais chances de atingir objetivos especificados e atender critérios como prazo, custo, utilização de recursos, satisfação do cliente, ROI e outros. Para saber mais sobre o assunto e entender como podemos ajudar, entre em contato conosco.
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Créditos imagem texto: Glic Fàs.
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