A situação é a seguinte: você abriu um negócio que foi, aos poucos, ganhando forma. No início, era você quem cuidava da administração, corria atrás de clientes, cuidava do marketing e, ainda, ia para baixo e para cima fazendo apresentações sobre seu produto em várias empresas.
Conforme seus clientes foram chegando, você foi percebendo que não dava mais para cuidar de tantas frentes. A questão toda é que contratar profissionais dá trabalho: você precisa divulgar a vaga, fazer entrevistas, treinar e esperar para ver se o novo colaborador dá certo.
Foi aí que você lembrou que seu irmão está desempregado. Ele é uma pessoa comunicativa e criativa e você já o imagina na área de marketing. Um primo muito próximo a você tem boa lábia e está pronto para ser líder da equipe de vendas que você sonha em criar.
Pronto, problema resolvido: ao invés de procurar por profissionais no mercado você chamou seus familiares e, juntos, entraram em acordo quanto a participação de cada um no negócio. Você ficou satisfeito com isso, afinal, duas áreas importantíssimas estão nas mãos de pessoas que você confia cegamente.
Você achou que não teria mais problemas e por alguns meses tudo ocorreu bem, na medida do possível. Tempos depois, com a empresa maior, as vendas começaram a cair e você percebeu que seu primo não possui as competências necessárias para gerenciar a equipe comercial, e que seu irmão não tem aptidões técnicas para liderar o marketing.
Nesse ponto foi que você realmente se deu conta de que precisa gerenciar uma empresa familiar. Como lidar com isso? Para ajudar a responder, propomos outra pergunta:
Você é o fundador do negócio do nosso exemplo. Um negócio que, quando você se deu conta, virou uma organização familiar. O fato é que gerenciar uma empresa familiar possui os mesmos desafios encontrados na administração de qualquer negócio, mas com um agravante: os laços de sangue ou familiares.
Se sua organização virou familiar por acaso – ou até mesmo se você já está incumbido de gerenciar uma empresa familiar – confira as dicas que separamos:
Planejamento é importante não só para gerenciar uma empresa familiar, mas também quando o assunto é gerenciamento empresarial de forma geral. Todo negócio precisa de metas para dar um direcionamento de ações a serem tomadas.
Um planejamento definirá as metas a serem atingidas e permitirá que você consiga fazer os devidos acompanhamentos do previsto x realizado. Além disso, com o estabelecimento de objetivos você conseguirá melhor visualizar para onde sua empresa deverá ir, algo que será essencial na definição de cargos necessários para atender ao crescimento do negócio.
Além disso, o planejamento dá um senso maior de responsabilidade, pois todos os envolvidos na empresa saberão que exercem papéis fundamentais para o atingimento das metas definidas. Uma dica que damos é que para elaborar o planejamento estratégico seja implantado o pensamento estratégico, o qual trata de enxergar as possibilidades da empresa para o futuro, explorando incertezas do amanhã e preparando-se para agir em longo prazo (falamos sobre isso aqui).
Gerenciar uma empresa familiar é entender que ela possui três dimensões (família, propriedade e gestão). Neste artigo e em Por que profissionalizar a gestão da empresa familiar? abordamos o assunto das dimensões, mas o importante neste momento é você não cair na armadilha de operar em ambos os níveis (profissional e pessoal) na sua empresa.
A regra aqui é: um negócio tem que ser administrado de uma maneira diferente da qual a família é administrada. Assim, entender como gerenciar uma empresa familiar é saber que não se leva problemas profissionais para a mesa de jantar, assim como não se leva questões familiares para uma reunião.
Os membros da família geralmente têm uma visão sobre a personalidade e a maneira de pensar de cada um de seus parceiros de negócios que pessoas de fora não teriam.
Por esse motivo, as chances de que surjam conflitos em um negócio familiar são grandes, e um bom começo para evitar problemas futuros é deixar bem clara a separação entre pessoal e profissional. Lembre-se: emoções ficam da porta para fora e dentro da empresa seus familiares são colegas de trabalho.
Na empresa do nosso exemplo, você decidiu que seu irmão deveria cuidar do marketing, enquanto seu primo, da área de vendas. Gerenciar uma empresa familiar significa que só porque você (ou algum parente) acha que tal pessoa possui competências para determinada função, não quer dizer que ela seja apta a ocupar o cargo.
Ao selecionar membros familiares para atuarem no negócio, esteja certo de que o lado emocional não fale mais alto. O ideal aqui é elaborar um documento elencando as funções necessárias na sua empresa, com definição de cargos, salários, competências necessárias e responsabilidades.
Estabelecer claramente limites, papéis e responsabilidades é essencial para levar o negócio familiar ao sucesso. Isso inclui, especialmente, os cargos de liderança. Existem profissionais que são excelentes em um nível técnico, mas que não possuem as habilidades para liderarem um time. Nesses casos, antes de dar ao membro familiar um cargo de maior responsabilidade, uma dica é investir em treinamento para que esse profissional consiga se tornar um líder.
No nosso exemplo, temos dois profissionais exercendo funções que não condizem com suas habilidades. Em situações como essa o ideal é ter uma comunicação transparente, expor os problemas e ver as melhores maneiras de ajustar competências.
Mais uma vez, este item é fundamental tanto para administrar um negócio não familiar quanto para gerenciar uma empresa familiar. Há muitos casos em que o dono do negócio é o responsável pelo financeiro e por gerir a empresa. Em organizações familiares isso é bem comum, e deve-se evitar a sobrecarga de funções.
O financeiro é uma das engrenagens mais importantes de qualquer negócio. Por isso, tenha um profissional dedicado ao planejamento e controle das finanças, lembrando que o plano financeiro deve apoiar o planejamento estratégico.
Outro fator importante de se ter um financeiro levado a sério é o de que ele proporciona previsibilidade financeira à empresa. Conforme abordado em um artigo da empresa Signa:
“É fundamental trabalhar com alguma previsão. É um exercício que ajuda a tomar decisões importantes”.
Para gerenciar uma empresa familiar deve-se entender que desde o início ela deve ter um planejamento sucessório definido. Especialmente como fundador do negócio, você precisa ter em mente que o esforço em criar um plano de sucessão hoje evitará problemas futuros. Falamos sobre isso no artigo Sucessão em empresas familiares: o papel do fundador, e recomendamos a leitura.
Gerenciar uma empresa familiar é conviver constantemente com os desafios de administrar qualquer empreendimento, com o agravante de que emoções podem falar mais alto. É muito comum vermos negócios familiares serem gerenciados de maneira mais informal, sem procedimentos e processos definidos.
Nenhuma empresa sobrevive sendo administrada de maneira leviana. Muitas vezes, é necessária a ajuda de especialistas de fora para colocar ordem na casa. Profissionalizar a gestão da empresa familiar é fundamental para que ela se mantenha no mercado e sobreviva por gerações.
Caso você tenha alguma dúvida ou queira saber mais sobre como gerenciar uma empresa familiar, deixe um comentário ou entre em contato. E se este artigo foi útil para você, fique à vontade para compartilhá-lo com seus colegas.
Créditos imagem: Pixabay por rawpixel
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