A gestão de riscos já faz parte do DNA de empresas que entendem o quão importante ela é para o atingimento de seus objetivos estratégicos. São empresas que sabem que o propósito do gerenciamento de riscos não é somente o de eliminar todos os riscos – inclusive o risco social. Mas também o de minimizar os impactos negativos e maximizar os positivos.
São vários os tipos de riscos que podem afetar uma organização. Riscos políticos, regulatórios, financeiros, climáticos, estratégicos, de compliance, de reputação, cibernético e, entre outros, o risco social. É sobre este último que dedicamos este artigo. Confira!
O risco social tem a ver com as percepções negativas do impacto de uma organização na comunidade em que atua. Um artigo intitulado “Blindsided by Social Risk—How Do Companies Survive a Storm of Their Own Making?”, do Rock Center for Corporate Governance em Stanford, define o risco social como o risco de reputação que pode prejudicar o capital social de uma empresa e, em alguns casos, seu desempenho.
Indo um pouco mais além, conforme explicamos neste post em nosso blog, os critérios sociais examinam como uma empresa lida com questões como respeito com os empregados, treinamento de pessoal, direitos humanos, relacionamento com funcionários, fornecedores, clientes e com comunidades onde atua.
Outros exemplos de riscos sociais normalmente incluem poluição ambiental, perigos para a saúde humana, segurança e proteção e ameaças à biodiversidade e ao patrimônio cultural de uma região. Com relação à saúde humana, a pandemia do coronavírus reforçou a discussão do tema.
A terceira edição do Top Emerging Risks, publicação elaborada pelo ACI Institute Brasil e o Board Leadership Center da KPMG, destacou os 9 riscos para empresa em 2021. Em sexto lugar está o ESG (Environmental, Social and Governance), com destaque para o “S” de Social.
“Com a pandemia, a atenção ao tema só aumentou e observou-se um relevante crescimento no debate acerca do assunto, especialmente sobre os fatores relacionados ao S (social) que foram colocados à prova pelas respostas das empresas em relação à saúde e bem-estar dos colaboradores, bem como pelas manifestações nas redes sociais”, explica este texto.
E para entendermos a definição de risco social, é importante sabermos o que o caracteriza.
Como o risco social envolve não apenas questões sociais, mas igualmente ambientais, cada organização precisa definir o que pode afetá-la. Para isso, é importante entender bem sobre quem são as partes interessadas do negócio e quais são suas expectativas.
Mas para termos uma melhor compreensão sobre as características do risco social, recorremos ao texto “Understanding and Mitigating Social Risk”, de autoria de Robert Ludke, publicado no site Risk Management. Segundo o artigo, um social risk possui cinco componentes.
O primeiro é o lado humano do risco. “O risco social é construído sobre quem somos como seres humanos e é moldado por nossa situação econômica, mobilidade social, ambiente comunitário e saúde mental”, detalha Ludke. O segundo ponto é a dinamicidade do risco, afinal, ele está sempre em evolução.
A terceira característica destaca o mundo interconectado em que vivemos. Ludke acredita que o risco social de hoje é uma consequência do fato de todos termos a capacidade de ampliarmos nossa voz por meio da tecnologia, em especial das redes sociais e de aplicativos de mensagens.
Como comentamos, o risco social varia de organização para organização. Portanto, a quarta característica é que se trata de um risco distinto, isto é, de acordo com a empresa.
Por fim, o quinto componente fala sobre sua escalabilidade. Nas palavras de Ludke, “como as plataformas de mídia social amplificam as conversas públicas e aceleram o risco social, elas podem evoluir rapidamente de uma ideia ou conversa isolada para um movimento mais amplo”, assim ganhando voz inclusive em nível mundial.
Pensando principalmente que as redes sociais amplificam a voz, nenhuma empresa está imune aos impactos do risco social. Basta pensarmos, como exemplo, nas denúncias de exposição a trabalho infantil ilegal que ganharam ainda mais força nas mídias e denunciaram grandes empresas da área de vestuário.
A fim de se preparar, líderes podem seguir as seguintes recomendações descritas por Ludke para identificar e mitigar o risco social:
1 – Entenda quem é sua empresa e os valores que representa. Ao ter clareza de seus valores, a organização está mais apta a identificar o risco social e dar a resposta adequada.
2 – Crie um ecossistema de diversos parceiros. Ludke acredita que um ecossistema diversificado ajudará a identificar o risco social antes que ele se manifeste como uma ameaça ou crise. Para isso, é preciso manter diálogo com as pessoas desse ecossistema e criar um sistema de alerta. Outra ideia é implantar um canal de denúncias na empresa.
3 – Questione. Feedbacks honestos podem ajudar a organização a evitar armadilhas e construir credibilidade.
4 – Comunique-se constantemente. Em uma era de risco social, comunicar-se não significa divulgar informações para o público. Segundo Ludke, em vez disso a empresa precisa adotar uma postura para promover o diálogo.
5 – Aja com humanidade. Para mitigar o risco social, tenha em mente que as reações humanas devem vir em primeiro lugar. Um exemplo são as reuniões realizadas em home office. Ao invés de conduzir uma reunião para falar sobre um projeto, que tal utilizá-la para saber como estão seus funcionários? Ou para um happy hour virtual? Por que não perguntar ao público como sua empresa pode engajar-se melhor com a comunidade? Esses são apenas exemplos de modos com os quais a organização pode mostrar que se preocupa com o interesse de suas partes interessadas.
A reputação e as operações de uma empresa podem sofrer consequências negativas se os fatores de risco social forem ignorados. Infelizmente para muito negócio – mas felizmente para nós como sociedade – o crescimento das mídias sociais tem uma enorme influência no quão rápido o impacto negativo é percebido e disseminado.
Ter um plano de gestão de riscos ajuda organizações a evitarem publicidade negativa, boicotes de consumidores e outras consequências. Para implementá-lo, é importante conhecer as práticas e os fundamentos do gerenciamento de riscos. Entenda mais em nosso e-book gratuito disponível para download: Adote a Gestão de Riscos na sua empresa.
Este post foi útil? Compartilhe-o com seus colegas. Para mais conteúdo como este, e para ficar por dentro de boas práticas da gestão de negócios, visite o Glicando, o blog da Glic Fàs.
Créditos imagem principal: Pixabay por mohamed Hassan.
O ESG no C-level muitas vezes acaba ficando apenas dentro do cumprimento legal. O que…
Veja como o PMO atual pode ser mais estratégico e adequar-se à era de mudanças…
Veja como está a transformação digital nas empresas latino-americanas e o que fazer para priorizar…
Neste artigo, apresentamos os atributos de empresas resilientes e mostramos o que sua organização pode…
Em 1945, o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill disse a célebre frase: “Nunca desperdice uma boa…
Muito provavelmente você já deve ter se deparado com textos falando sobre como reduzir a…