Nunca a palavra “propósito” foi tão discutida. Os millenials, principalmente, possuem uma tendência cada vez maior a querer fazer parte de empresas cuja cultura organizacional possui um propósito similar ao deles.
Mas, claro, esse pensamento não é restrito à geração mais nova. Para entender melhor sobre o poder do propósito na cultura organizacional, a PwC’s Strategy& conduziu uma pesquisa global com 540 participantes em todos os setores e níveis. O objetivo era o de aprender mais sobre como as pessoas se sentem no trabalho e como melhor engajá-las e motivá-las a fazer o seu melhor todos os dias.
Segundo o estudo, 28% dos entrevistados se sentem totalmente conectados com o propósito da empresa, 39% são capazes de ver claramente o valor do que eles criam e 22% concordam que seus trabalhos lhes permitem alavancar totalmente seus pontos fortes.
Tudo isso, conforme aponta a pesquisa, faz com que funcionários se sintam perdidos. Como consequência, a falta de direção diminui a motivação.
Propósito é muito mais do que uma junção de palavras bonitas em um site ou nas redes sociais. Justamente por ser um tema tão abordado nos últimos anos, falar sobre ele chega a parecer apenas um modismo. Essa percepção representa dois perigos:
O primeiro é o fato de que toda moda passa (mas, na verdade, a preocupação com o propósito deve ser perene). O segundo é que como a discussão sobre propósito na cultura organizacional está em todo lugar, a empresa corre o risco de se preocupar somente em resumi-lo em uma frase de efeito (afinal, seus concorrentes estão fazendo isso). Nesse caso, a questão é que quando o propósito fica resumido a um trabalho de redação, acaba perdendo todo o sentido.
Declarações vazias ou desconectadas com o que a empresa realmente prega na prática não ajudam a impulsionar o negócio. De modo geral, o real propósito deve responder às perguntas:
Simon Sinek, palestrante motivacional e autor de vários livros, dentre eles “Comece pelo porquê”, diz que ao definir o “porquê” as empresas conseguirão realmente inspirar pessoas (ele explica melhor sobre como criar um propósito neste TED).
Já Sally Blount e Paul Leinwand, em um artigo para a Harvard Business Review intitulado “Why are we here?”, esclarecem que uma declaração verdadeiramente poderosa deve atingir dois objetivos: articular claramente as metas estratégicas e motivar sua força de trabalho.
“Quando seus funcionários entendem e abraçam o propósito da sua organização, eles são inspirados a fazer um trabalho que não só é bom – e às vezes ótimo – mas também cumpre seus objetivos declarados”, escrevem os autores, que complementam: “na verdade, é difícil imaginar como seus funcionários podem se sair se não entenderem o propósito de sua empresa. Como eles podem vir para o trabalho todos os dias prontos para promover o negócio se não sabem o que sua organização está tentando realizar e como seu trabalho apoia esses objetivos?”.
Já que é fundamental que a empresa possua um propósito bem articulado, o que deve ser levado em consideração?
Sally Blount e Paul Leinwand sugerem que as empresas avaliem se conseguiram articular de modo efetivo a razão de ser. Para isso, as seguintes questões devem ser consideradas:
Por exemplo, a Lego trabalha para “o desenvolvimento da criatividade das crianças por meio de brincadeiras e aprendizado”. Para cumprir a promessa, ela projeta conjuntos de blocos que podem ser montados de inúmeras maneiras. Além disso, promove comunidades online e presenciais de entusiastas de todas as idades, a fim de inspirar o envolvimento contínuo, o aprendizado, a criatividade e a inovação.
Com isso, a Lego não apenas comunica um propósito, como também o materializa em suas ações, pois conforme comentamos, uma declaração bonita não serve de nada se a empresa não entrega o que prega. Para garantir que o propósito seja executado, alguns itens são importantes:
A fim de atingir os objetivos que sua empresa se propõe, você precisará das pessoas certas, nas funções certas. Como citam os autores do artigo da HBR, nenhuma organização pode se dar ao luxo de contratar somente pessoas de alto escalão. Mesmo que pudesse, teria dificuldade para reter indivíduos cujas habilidades não se alinham com o propósito da empresa e que, portanto, não serão motivados pelo ambiente e pelas opções de carreira disponíveis.
Vale aqui analisar em quais recursos sua organização deve se destacar para cumprir com aquilo que acredita.
Uma vez que possua as pessoas certas com as habilidades certas, é preciso configurar sua organização para permitir que cumpra tudo o que seu objetivo exige. “Quase todas as iniciativas importantes, seja crescimento de receita, redução de custos ou inovação de novos produtos, requerem insights e ações de toda a organização”, diz o texto.
Para reunir o melhor de uma empresa, considere trabalhar com equipes multifuncionais.
A pergunta que deve ser feita aqui é: sua empresa está colocando dinheiro nas áreas que mais importam para o propósito? Nesse ponto, Sally Blount e Paul Leinwand alertam que assim como adquirir o talento certo envolve escolhas difíceis, fazer um orçamento dedicado ao propósito significa tomar decisões difíceis sobre alocações.
Nas palavras deles: “se você não está investindo desproporcionalmente nas capacidades que seu propósito exige, sua declaração de propósito é o que os economistas chamam de ‘conversa fiada’”.
Líderes fortes são a personificação do propósito da empresa por meio de palavras e de ações. Imagine, por exemplo, uma organização que diz se preocupar com “o desenvolvimento de seus funcionários”. Se o líder não transparece essa preocupação em suas ações, ou se ele mesmo acredita que investimento em treinamento é algo desnecessário, como os funcionários se engajarão com o propósito?
É importante entender que em cada decisão que tomam, os líderes enfrentam o desafio de cumprir o propósito da empresa. Em muitos casos isso pode se traduzir em deixar de lado os ganhos de curto prazo que são inconsistentes com a mensagem declarada.
Propósitos fortes e bem articulados são a base para o crescimento de marcas prósperas. Quando sua cultura organizacional transparece esse propósito em suas ações, colaboradores, clientes e acionistas sentem-se muitos mais envolvidos, conectados e engajados com a empresa.
Por fim, reforçamos que ele é mais do que uma declaração lançada pelo C-suite. Em outros termos: palavras não importam tanto quanto as ações.
Para ir além nessa discussão, sugerimos a leitura de mais dois artigos:
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