Empresas e gerentes de projetos bem-sucedidos têm algo em comum: entendem da importância de reconhecer riscos antecipadamente. Apesar disso, mesmo os mais experientes muitas vezes podem cair na armadilha de acreditar que quando uma crise acontece é aceitável voar cegamente sem um plano de voo (afinal, o cenário ainda é desconhecido).
Será que deveria ser assim? Felizmente, há quem pense o contrário e saiba exatamente o que precisa ser feito. É o caso de líderes que constroem empresas baseando-se na habilidade de conduzir uma análise situacional apurada. Dessa maneira, são hábeis no reconhecimento antecipado de riscos.
A seguir, mostramos como a análise de dados pode ajudar a prever o resultado de uma situação, permitir que a organização esteja protegida contra riscos ou que ela se antecipe e esteja preparada para agir proativamente contra as ameaças.
Os dados são tão importantes que há pessoas especializadas em roubá-los e há quem queira vendê-los. Aliás, eles passaram a ser considerados ativos com alto valor potencial. O assunto ganhou tamanha amplitude que governos tiveram que criar leis para proteção de dados pessoais (como é o caso da LGDP no Brasil – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – e da GDPR na Europa – General Data Protection Regulation).
Como escrito em um artigo da PwC Canada, “o valor dos dados e como criar mais valor com eles é um grande desafio hoje para os tomadores de decisão com o surgimento e democratização do ‘big data’”. Vale ressaltar aqui que apesar de o texto ter sido escrito faz um tempo, seu título “Data Governance: It’s a jungle out there!” (Governança de dados: é uma selva lá fora!) continua sendo válido.
Em meio a esse oceano de informações disponíveis para empresas analisarem, são as organizações que se sentem confiantes sobre os dados que destacam oportunidades, tomam decisões e identificam e gerenciam riscos. Como se sentem confortáveis com seus dados e sabem que eles atendem às suas necessidades de negócios, conseguem estar um passo à frente.
Nesse universo, para reconhecer riscos antecipadamente todo profissional que atua com gestão de riscos sabe da importância de utilizar ferramentas de analytics. Todavia, embora saibam disso, o assunto foi sendo deixado de lado e foi ofuscado pelas disciplinas de estatística e machine learning.
Cassie Kozyrkov, cientista-chefe de decisão da Google, alerta que tanto a estatística quanto o aprendizado da máquina criam uma ilusão de objetividade e direção, já que trabalham com uma dose de sofisticação matemática. Mas é em época de crise que o analytics se torna essencial, como mostramos na sequência.
A explicação sobre o alerta vem da própria cientista no artigo “To Recognize Risks Earlier, Invest in Analytics” (Para reconhecer riscos antecipadamente, invista em Analytics) – Harvard Business Review. De acordo com ela, em tempos estáveis as soluções baseadas em Inteligência Artificial e machine learning funcionam muito bem.
Ela esclarece que as duas tecnologias automatizam tarefas, através da extração de padrões dos dados, e os transformam em instruções. O problema é que quando ocorre uma crise as regras do jogo mudam e somente uma ferramenta de analytics consegue dar o alerta.
É certo que estatísticos ajudam tomadores de decisão a obterem respostas rigorosas. Mas, como questiona Kozyrkov, o que acontece se as perguntas erradas estão sendo feitas? “Para tentar estatísticas sem análises, você precisa de grande confiança em suas suposições – o tipo de confiança que é temerária quando uma crise puxa o tapete”, escreve.
Já os analistas têm a perspicácia para apresentar as hipóteses corretas, pois reconhecer riscos antecipadamente e preparar-se para uma crise (o que significa prosperar na ambiguidade) é algo que eles sabem fazer. Para isso, pesquisam fontes de dados internas e externas em busca de informações críticas, exploram o ambiente e ficam atentos ao que está acontecendo.
Ao vasculharem o horizonte em busca de tendências, esses profissionais têm a competência necessária para formularem as perguntas certas de modo a entenderem o que está por trás delas. “Uma vez que as hipóteses de maior prioridade foram pré-selecionadas pelos líderes, então é hora de chamar um estatístico para testá-las e separar os insights verdadeiros das pistas falsas”, explica a cientista.
Importante esclarecermos aqui que, como já comentamos em outros artigos no blog da Glic Fàs, existem eventos que são impossíveis de serem previstos com antecedência (os chamados “Cisnes Negros”). Contudo, mesmo se tratarmos desses tipos de riscos, Cassie Kozyrkov argumenta que a tarefa de lidar com eventos imprevisíveis é menos complicada se a empresa lida com eles de olhos abertos, isto é, com um trabalho de analytics por trás.
“Não há ciência exata para medir o risco”, adverte Vivek (Vic) Katyal, líder global de risco de dados e líder da área de serviço de análise de consultoria da Deloitte US. “Mas com analytics, você pode construir parâmetros de medição que podem ajudá-lo a estabelecer e examinar prováveis cenários de risco”, complementa.
Na opinião de Vic é a partir daí que fica mais fácil reconhecer riscos antecipadamente, bem como reconhecer o impacto potencial de uma ameaça e começar a planejar. Nesse ponto você pode ser perguntar: historicamente o analytics já não vem sendo utilizado para relatar o desempenho passado e atual para conhecer fatos?
Sim, mas o executivo explica que cada vez mais a análise de risco está focada em segmentação, agrupamento estatístico, modelagem preditiva, simulação de eventos, análise de cenários e na exploração de dados, este último sendo justamente o que Cassie Kozyrkov ressalta em seu artigo na HBR.
Desse modo, mesmo que não haja uma ciência exata de medição de risco, para reconhecer riscos antecipadamente – em especial se tratamos das incertezas causadas por crises – é preciso, em primeiro lugar, fazer as perguntas certas. E é o analytics que possibilita empresas a terem uma vantagem no aprendizado do que está por vir (e começarem a adaptar-se).
É fato que ao reconhecer riscos antecipadamente a empresa fica mais preparada para lidar com eventos adversos. Mesmo com toda a tecnologia, a percepção do risco passa por um humano. Você sabia que existe uma psicologia por trás da percepção do risco? É sobre isso que falamos neste artigo.
Como a elaboração de cenários também é algo importante, compartilhamos com você o texto: Elaborar cenários é uma atividade lúdica e prepara o gestor para adversidades. Por fim, para aqueles momentos de crise é sempre bom pensar no plano de comunicação. Abordamos o tema aqui.
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Créditos imagem principal: Pixabay por Rudy and Peter Skitterians.
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