Requalificar a força de trabalho significa treinar pessoas para que tenham novas habilidades a fim de que possam realizar um trabalho diferente ou, do ponto de vista dos colaboradores, significa aprender novas habilidades. Algo que parece simples na teoria, mas pode não ser tão simples assim na prática.
Para muitos, a necessidade de requalificação começou com a pandemia do novo coronavírus. No entanto, como lembra este artigo da Harvard Business Review, a maioria das grandes organizações reconheceu a necessidade de requalificar a força de trabalho muito antes da crise sanitária global.
O texto cita que a Comissão Global da Organização Internacional do Trabalho declarou, em 2019, que “as habilidades de hoje não serão iguais às de amanhã e as habilidades recém-adquiridas podem se tornar obsoletas rapidamente”. Como recomendação, a Comissão diz que governos, empregadores e trabalhadores deveriam investir em educação e treinamento.
Como fazer isso? Como conseguir requalificar a força de trabalho?
A transformação digital e a Quarta Revolução Industrial já começaram a moldar as habilidades necessárias para o mercado de trabalho. Este texto comenta que em 2017 um estudo realizado pelo McKinsey Global Institute estimou que até 375 milhões de trabalhadores (o que corresponde a 14% da força de trabalho global) teriam que mudar de ocupação ou adquirir novas habilidades até 2030 justamente por causa da automação e da inteligência artificial.
O mesmo artigo fala sobre uma Pesquisa Global da McKinsey realizada mais recentemente, que sugere que 87% dos executivos enfrentavam lacunas de qualificação na força de trabalho ou esperavam que esse tipo de problema só fosse aparecer dentro de alguns anos.
Já o relatório The Future of Jobs 2020, do World Economic Forum (WEF), constatou que “a dupla interrupção causada pela automação e pela pandemia provavelmente deslocará 85 milhões de empregos até 2025. Entre os que devem permanecer em suas funções, 50% precisarão de requalificação até 2025” (fonte).
Sobre a resposta que as empresas brasileiras darão à necessidade de mudança de habilidades, o relatório do WEF traz os seguintes dados:
Fonte: The Future of Jobs 2020
Portanto, como podemos ver até aqui, o papel assumido pela automação é cada vez mais expressivo e para os trabalhadores não resta outra opção a não ser a de se adaptarem às condições. Por parte das empresas, elas sentem um aumento cada vez maior na necessidade de requalificar a força de trabalho para que consigam adequar esses colaboradores a novos papéis e atividades.
É uma dinâmica que, como comentamos no início, não é tão simples quanto parece. Não é à toa que na pesquisa realizada pela McKinsey menos da metade dos executivos entrevistados disse ter uma noção clara de como resolver o problema.
Empresas podem pensar em algumas ações para requalificar a força de trabalho. Mas antes de tomar qualquer decisão, é importante que organizações identifiquem quais habilidades serão necessárias para sustentar a estratégia organizacional no futuro (e aqui o pensamento estratégico é fundamental). Em seguida, pode-se mapear os conjuntos de habilidades que conseguirão sustentá-la.
A partir do momento em que se tem uma visão mais clara de suas deficiências de habilidades, as empresas conseguem executar ações mais precisas para requalificar a força de trabalho e preencher as lacunas existentes. A seguir, compartilhamos 4 ideias:
Vimos que a pandemia aumentou a desigualdade. Crianças e adultos com problemas de conectividade com a internet, ou que não contavam com um espaço próprio para estudo/trabalho, ou que não tinham o equipamento necessário, foram duramente atingidos.
Sem acesso à conectividade e aos dispositivos, muitas pessoas tampouco têm acesso à educação. O texto na Harvard Business Review diz que os cursos online relataram um grande aumento na demanda desde a pandemia, o que mostra a disposição e o interesse dos funcionários em se requalificarem. Mas e aqueles que não possuem as ferramentas necessárias para aprender remotamente, como ficam?
Para os empregadores é preciso liderar o caminho para requalificar a força de trabalho, coordenando investimentos. E, claro, é preciso também um esforço conjunto de governos e instituições para, como cita o artigo do WEF, “encontrar maneiras de financiar dispositivos”. Eles trazem ainda um alerta: “todos os anos, as empresas aposentam milhões de laptops, que podem ser facilmente redistribuídos para os necessitados”.
O texto igualmente sugere que as iniciativas de requalificação precisam incluir construção de experiências de aprendizagem compatíveis com dispositivos móveis e “os formuladores de políticas precisam encontrar maneiras de aumentar a infraestrutura de banda larga e reduzir os custos de dados”.
Dois exemplos citados são da Nigéria e do Egito. No primeiro procura-se reduzir os custos de dados uma vez que o aprendizado remoto se torna uma nova realidade para os alunos do país, enquanto no segundo, o tráfego da Internet relacionado à educação é subsidiado pelas operadoras de telecomunicações.
O texto do WEF traz referência a uma pesquisa realizada pela Microsoft, segundo a qual haverá 150 milhões de novos empregos digitais nos próximos cinco anos. Diz o artigo que esse dado é uma das explicações do aumento de cinco vezes no número de alunos empresariais no Coursera (empresa de tecnologia educacional).
Outro exemplo vem do Google, que ao fornecer certificados profissionais de nível básico possibilita às pessoas sem nível universitário ou até mesmo sem experiência anterior aprenderem as habilidades necessárias para empregos digitais. Tudo de forma online e em um curto período.
Para empresas isso pode significar que existem diversas maneiras de requalificar a força de trabalho e de conseguir fazer com que seus colaboradores tenham as habilidades necessárias para sustentar as atividades da organização.
“O mercado de trabalho (…) deve permitir credenciamento ágil e descentralizado orientado por competência, uma linguagem compartilhada para definir e reconhecer competências e microcredenciais como blocos de construção para credenciais agrupadas”, menciona o artigo do WEF.
Quem já está fazendo isso é a Credly, uma empresa que hospeda a maior e mais conectada rede de credenciais digitais. Ela está criando uma linguagem comum de habilidades verificadas para emitir e gerenciar credenciais digitais.
Mas como isso pode não estar ao alcance de muitas organizações, para começar a requalificar a força de trabalho empresas podem pensar quais competências seus colaboradores precisam ter e de que maneira poderão atestá-las. No caso da Credly, a plataforma ajuda os indivíduos a fornecerem sinais de competência verificados ao mesmo tempo que permite às organizações tomarem melhores decisões com base em informações confiáveis.
Lançar iniciativas para requalificar a força de trabalho porque existe uma crise e depois de um tempo deixá-las de lado pode colocar todo o trabalho a perder, trazendo danos à estratégia. O ideal é começar a adotar iniciativas agora, ver como elas se adaptam à estratégia, repeti-las e fazer os ajustes para que, então, as capacidades de qualificação se expandam no futuro.
Essa ideia vem do artigo da McKinsey, que sugere que “ao construir seu próprio aprendizado institucional e captar o que funciona e o que não funciona agora, você se coloca em posição de aplicar essas lições durante eventos perturbadores no futuro”.
Requalificar a força de trabalho significa trazer mais mobilidade interna de talentos e agilidade dentro de uma organização. Além disso, envia uma mensagem alta e clara que você realmente coloca seus funcionários em primeiro lugar.
Especialmente em momentos de crise, construir uma estratégia de requalificação significa dar um passo importante para que sua organização se recupere com sucesso. Mas, claro, não esqueça de tornar essa estratégia padrão, lembrando-se do lema: “começar, testar e repetir”.
E já que estamos falando sobre força de trabalho, pensando na sua empresa, o quão adaptável é o seu quadro de colaboradores? Elaboramos um artigo para abordar o assunto e sugerimos a leitura: Como está a adaptabilidade da força de trabalho da sua empresa?
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Créditos imagem principal: Unsplash por J. Kelly Brito.
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