Em 2017 o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) lançou um caderno denominado Gerenciamento de Riscos Corporativos: Evolução em Governança e Estratégia. De acordo com o instituto, o objetivo da publicação é fornecer aos executivos e conselheiros informações sobre como organizações devem agir com relação aos riscos inerentes a cada tipo de negócio. O que isso tem a ver com os riscos da Governança Corporativa, tema deste artigo?
Bom, o caderno destaca que a Gestão de Riscos deve ser integrada ao processo de tomada de decisão. Isso porque, conforme explica o IBGC, para alimentar os diferentes agentes (como sócios, conselho de administração, diretoria, clientes, fornecedores, governo, comunidade e demais stakeholders) com informações precisas para tomadas de decisão, é preciso realizar o gerenciamento de risco, ou seja, identificar, medir, tratar e monitorar ameaças e oportunidades.
Até aqui entendemos que a Gestão de Riscos é necessária aos processos de tomada de decisão. Dizemos também que, além disso, ela integra a Governança Corporativa, uma vez que o gerenciamento de riscos traz vantagens para a estrutura da governança, tais como: fortalecimento dos controles internos, melhora na prestação de contas, aumento da transparência e do comprometimento com a responsabilidade corporativa.
Se gestão de riscos e governança andam juntas, a pergunta é:
A busca de qualquer oportunidade é sempre acompanhada por um elemento de risco. Por exemplo, se sua empresa deseja melhorar o posicionamento em determinada região, precisará fazer investimentos. Imagine que você decida abrir uma filial em um novo bairro. Pode ser que, ao estar mais perto de seus clientes, o investimento se pague com a venda de novos serviços. Por outro lado, pode ser que um concorrente de peso tenha tido a mesma ideia e desbanque seu negócio.
Portanto, atuar com a gestão de riscos corporativos significa ser inteligente sobre os riscos que sua organização assume, sendo adaptável ao ambiente de negócios em constante mudança. Mais do que isso, significa garantir que existam mecanismos que fortaleçam controles internos, melhorem a prestação de contas, aumentem a transparência das informações e o comprometimento com a responsabilidade corporativa.
A questão que deve ser lembrada é que: a extensão do sucesso de nossas empresas é definida pelo quão eficaz somos em lidar com os riscos de forma geral. Neste artigo mais especificamente, com os riscos da Governança Corporativa.
Para responder à pergunta do tópico, apresentaremos três riscos relacionados à Governança Corporativa:
Em muitas empresas ocorre a sobreposição de papéis de gestão. Para conseguir implantar um sistema de Governança Corporativa, ou até mesmo para que o mesmo possa evoluir, é fundamental estabelecer níveis hierárquicos com definição de papéis e responsabilidades.
Quando tratamos do papel de CEO e do Presidente do Conselho, o IBGC recomenda que não haja o acúmulo de funções pela mesma pessoa. Do contrário, a gestão da empresa será prejudicada. Já quando falamos especificamente de papéis de gestão, é importante que atribuições e responsabilidades sejam definidas para cada papel e que cada um seja executado por um profissional diferente.
No que tange à diretoria, o IBGC, na quinta edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, estabelece que “as responsabilidades, autoridades e atribuições da diretoria devem ser definidas com clareza e objetividade no estatuto/contrato social, e a diretoria deve ter um regimento interno próprio (aprovado pelo conselho de administração) que estabeleça sua estrutura, seu funcionamento e seus papéis e responsabilidades”.
Os riscos da Governança Corporativa com a não separação de papéis têm a ver com o conflito de interesses. O conflito ocorre quando uma mesma pessoa pode ter sua tomada de decisão influenciada por um outro papel que exerce, isto é, a fim de favorecer um de seus papéis acaba tomando uma decisão que pode prejudicar uma outra parte da empresa.
A Governança Corporativa baseia-se em quatro princípios básico: Prestação de Contas, Transparência, Equidade (igualdade) e Responsabilidade Corporativa. Ela institui as diretrizes que a empresa deve seguir com base nesses pilares, bem como a estrutura de funcionamento de um negócio.
Quando uma organização tem problemas em algum dos pilares significa que a governança sofre uma ameaça. Imagine, por exemplo, uma omissão na prestação de contas ou a divulgação de informações manipuladas sobre o desempenho econômico-financeiro. Como a história registra, grandes empresas, gigantes em seus setores, já pagaram o alto preço por fraudes contábeis.
Portanto, os riscos da Governança Corporativa com relação à gestão em si têm a ver com ameaças que possam abalar algum dos seus princípios básicos e, com isso, possam ferir a integridade e a reputação da empresa.
Para empresas familiares, os riscos da Governança Corporativa envolvem também questões de conflitos de interesse. Um deles diz respeito à confusão patrimonial, que é quando membros da família utilizam bens e ativos da empresa em prol de interesses pessoais. Para evitar que isso aconteça, é recomendável que a empresa defina um código de conduta. Será de responsabilidade do Conselho de Administração (no caso de ele existir) disseminar e monitorar, com apoio da diretoria, a incorporação de padrões de conduta em todos os níveis da organização.
Além disso, é recomendável que empresas familiares tenham um Conselho Familiar, o qual cuidará para a separação das três dimensões desse tipo de negócio: propriedade, família e gestão. Outro problema relacionado aos riscos da Governança Corporativa na empresa familiar tem a ver com sua reputação.
Como o sobrenome da família está fortemente ligado ao negócio familiar, é preciso zelar pela reputação da organização. Não apenas os quatro princípios da governança devem ser observados, mas também é preciso estar preparado para riscos que possam abalar a reputação do negócio, como a falta de transparência na prestação de contas ou até mesmo na divulgação errada de informações.
De um modo geral, quaisquer riscos inerentes à Governança Corporativa devem ser identificados, medidos, tratados e monitorados. Para este artigo, citamos aqueles referentes à separação de papéis, gestão de negócio e gestão de empresa familiar.
Dentro de cada ponto abordamos algumas questões, mas claro que o mapeamento de riscos da Governança Corporativa vai além. Caso você tenha interesse em saber mais, ou tenha ficado com alguma dúvida, fique à vontade para entrar em contato conosco. E se este artigo foi sido útil a você, compartilhe-o com seus colegas. Aproveite que está aqui e acesse o Glicando, o blog da Glic Fàs, e fique por dentro de nossos materiais.
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Muito interessante esta abordagem sobre riscos de governança corporativa. Tinha uma ideia de que ao se ter uma governança, os riscos estariam identificados e monitorados
Antonio Carlos,
Obrigado por seu comentário. Governança corporativa é o sistema pelo qual a empresa é dirigida, monitorada e incentivada. Um dos elementos fundamentais deste sistema é o gerenciamento de riscos, incluindo a identificação e monitoramento de riscos associados ao próprio sistema de governança, adotado pela empresa.