Nossos hábitos mudaram e nossas rotinas foram alteradas. Dos tapetes de yoga na sala de estar, passando pelos livros abertos na mesa da sala, trabalho remoto e happy hour virtual, fomos nos adaptando. Nossas experiências em tela aumentaram. Paradoxalmente, a mesma tela que antes desviava a nossa atenção agora é a que nos permite estarmos em contato com um pouco do que tínhamos na “vida de antes”.
O “novo normal” ainda está sendo difícil de lidar para uma grande parte da população do planeta. Muitos de nós seguem procurando previsões sobre o que acontecerá amanhã. No meio de tudo, existe também a desinformação que nos afeta. Por causa dela, há quem diga que o mundo deixou de ser confiável. Não sabendo em quem ou no que acreditar, acabamos não acreditando em nada.
Temos ainda as previsões sobre mudanças tecnológicas, que faz com que muitos tenham medo de não conseguir acompanhar e ficar obsoleto. Mas, se ao invés de ficarmos pensando nisso, mudássemos nosso foco?
Em 2019, o autor e empresário Rohit Bhargava conversou com um auditório lotado sobre como tendências do futuro não óbvias (descritas neste artigo da Singularity Hub) estão desempenhando um papel importante na definição do futuro. Para 2020 Bhargava iria palestrar no SXSW Festival, mas por motivos óbvios o evento teve que ser transmitido no formato online.
Neste artigo abordaremos algumas dessas tendências focadas no lado comportamental. Boa leitura!
Conforme cita o artigo, Bhargava não se interessa por previsões tecnológicas. O foco de sua pesquisa está em como o comportamento do homem tem evoluído. Sua análise é também sobre como nós nos relacionamos com a tecnologia (e como nosso comportamento é afetado por ela).
Por exemplo, em outro artigo da Singularity Hub foram abordadas as tendências do futuro para 2019. Um dos itens tratados foi a Influência Artificial. Bhargava comentou que as mídias sociais, juntamente com outras tecnologias, são responsáveis por fabricar o irreal e influenciar a maneira como pensamos.
Contudo, não se trata de pessoas influenciando pessoas. O texto traz a informação de que 15% de todas as contas do Twitter podem ser falsas, enquanto no Facebook o número chegaria a 60 milhões de contas. Existem, nas palavras de Bhargava, influenciadores e artistas virtuais.
Nesse meio em que somos a todo momento influenciados sobre o que compramos, pensamos e fazemos, talvez uma das tendências do futuro seja a de sermos mais críticos com relação à informação que consumimos.
O “renascimento dos robôs” foi outro item abordado por ele, e que continua em alta. É certo afirmar que os robôs não irão embora tão cedo (na verdade, é muito provável que estarão cada vez mais presentes). Qual nossa postura diante disso?
Como comentado, o que norteia os estudos de Bhargava não é a análise da tecnologia em si, mas no quanto ela pode ser benéfica ou prejudicial ao ambiente de trabalho. Ele direciona a atenção na relação entre tecnologia e homem.
Nessa linha, ele acredita que, mesmo que toda essa revolução de robôs pareça intimadora, temos que aceitar a ideia com um sentimento de curiosidade, e não como algo intimador. Isso porque robôs serão muito úteis para executar tarefas que não queremos ou não podemos assumir, como as atividades manuais perigosas.
Continuando nas tendências do futuro com um viés comportamental, a pandemia nos tornou (pelo menos a maioria de nós) oprimidos pela tecnologia e pela sensação de que a vida é muito complexa. Esse sentimento pode levar a uma necessidade da simplicidade, algo que inclusive já vem sendo debatido.
Para Bhargava isso é explicado porque, nesse período em que estamos vivendo, temos a tendência de nos voltar ao passado e relembrar momentos bons e pequenos prazeres da “vida de antes”. A nostalgia nos faz reviver hábitos e conexões que consideramos reconfortantes e/ou tranquilizadoras.
A tendência é algo que Bhargava já havia percebido antes da pandemia, mas que agora trouxe à tona outro fator: o da necessidade de desacelerarmos. Outro ponto que passamos a discutir é sobre o papel que queremos que nossos telefones, tablets e computadores desempenhem.
“Se o mundo parecia complexo e avassalador antes, esse sentido se multiplicou por uma ordem de magnitude agora que estamos em uma crise global de saúde. Em vez de se afogar em informações conflitantes demais, as pessoas conscientemente cortam a quantidade de notícias e mídias sociais que consomem todos os dias (…)”, analisa.
A reflexão segue abordando a mudança do entretenimento digital para o analógico. Livros, jogos de tabuleiros, artesanato, quebra-cabeças e outros, passaram a ganhar importância em nossas vidas. Para muitas pessoas, a cozinha foi (re)descoberta com o fechamento dos restaurantes, por exemplo.
Aqui o pensamento que fica é: agora que encontramos – mesmo que forçadamente – substitutos para nossa rotina, será que finalmente iremos perceber que não somos tão dependentes assim dos nossos smartphones? Com o isolamento social, será que passaremos a valorizar muito mais o contato humano? Será que finalmente percebemos que a conexão humana é imprescindível para nossa saúde mental?
Das tendências do futuro pós-pandemia, Bhargava comenta também sobre o fato de, para passar o tempo, procurarmos adquirir novas habilidades. Para citar alguns exemplos, há quem aprendeu a cozinhar, a tocar algum instrumento, a fazer um trabalho manual ou a encontrar prazer na leitura ou na atividade física.
Do mesmo modo, há quem resolveu voltar aos estudos ou adquirir novas habilidades. Com o conhecimento disponível em uma rápida busca no Google ou no Youtube, nos beneficiamos de aprender muita coisa rapidamente.
Mas, o questionamento é: o quanto levaremos para a vida pós-pandemia? Qual conhecimento realmente ficará retido? Para Bhargava , é preciso muito tempo e dedicação para ser realmente bom em uma habilidade ou se tornar um especialista em um determinado campo. Portanto, será necessário esforço de nossa parte para conseguirmos colocar em prática novos conhecimentos.
Quantos restaurantes que você conhece passaram a fazer serviço de delivery? Quantos negócios sofreram adaptações para atender a um novo tipo de consumo? Quantas empresas tiveram que aprender a importância da presença digital?
Com a incerteza se as aulas voltarão ao normal, se bares e restaurantes poderão atender no ritmo habitual, se mais estados ou cidades se fecharão, se as viagens serão possíveis, entre outras, consegue sobreviver de forma saudável quem melhor se adaptar.
Isso vale para nossas vidas, para nossas profissões e empresas. Tudo sobre o que sabíamos a respeito de fazer negócio mudou. Mesmo com países voltando a se abrir, a certeza é que as coisas não voltarão a ser como foram em 2019. Pelo menos não por algum tempo (ou talvez não por muito tempo).
Fica, então, a verdade universal dita por Bhargava. “Sabemos que as pessoas que podem se adaptar melhor são pensadores não óbvios que prestam atenção ao que está acontecendo e tentam continuar a mudar”. Sem dúvidas, é hora de colocarmos o pensamento estratégico em ação.
Você já está fazendo suas mudanças? Caso queira, fique à vontade para compartilhar nos comentários. Do contrário, esperamos que esse artigo tenha dado início a uma reflexão.
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Créditos imagem: Unsplash por Nubefy Design for All (imagem enviada em uma convocação global das Nações Unidas para criativos – ajude a impedir a disseminação do COVID-19).
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