Conforme pesquisa divulgada pela PwC em 2016, das 19 milhões de companhias existentes no Brasil, 80% eram classificadas como empresa familiar. A partir dessa afirmação já deu para entender o quão relevante as organizações controladas por famílias são para nossa economia, não é mesmo? Para se ter uma ideia, elas representam em torno de 60% do PIB nacional.
Apesar de existirem em maior número e serem tão importantes para a economia nacional, as empresas familiares são cercadas por uma estatística nada boa: apenas 12% sobrevivem após a terceira geração familiar. Justamente pela importância desse tipo de organização para fazer nossa roda da economia girar, e pelo fato de que o legado, na maioria dos casos, encontra a morte antes de chegar na terceira geração, é que temos tratado das empresas familiares aqui no blog da Glic Fàs.
Mas, afinal, o que caracteriza esse tipo de organização? Quais são as armadilhas de gestão que uma empresa familiar precisa tomar cuidado? Como garantir a longevidade do negócio? Para encontrar a resposta para essas e outras perguntas, que tal parar por alguns minutos o que está fazendo e acompanhar este artigo? Você é nosso convidado!
De uma maneira bem simples, uma empresa familiar é a conexão entre família e negócio. Elas podem ser constituídas por membros familiares ocupando diferentes funções e/ou atuando como acionistas e/ou fazendo parte da diretoria. Portanto, perceba que para ser classificada como um negócio familiar seus membros não precisam necessariamente atuar como colaboradores.
E quando uma pessoa de fora do ciclo da família assume a gestão ou a sociedade da companhia, ela deixa de ser familiar? Na verdade, se possuir figuras familiares no quadro de diretores ou no de acionistas, a organização continua sendo classificada como familiar. Então, para você não ficar com dúvida, anote que: é denominada empresa familiar aquele tipo de empresa cujos cargos de direção são ocupados por membros de uma mesma família, ou cujo controle está na família.
Caso você precise esclarecer um pouco mais, o artigo Negócio familiar: muito mais do que apenas laços de sangue poderá ajudar.
Exatamente! Ao contrário do que muitos pensam, uma organização familiar não precisa, necessariamente, ser gerenciada por membros da família. Geralmente, os negócios em fase inicial tendem a centralizarem a gestão com membros familiares. Por consequência, os processos são mais engessados.
Todavia, à medida que crescem surge a necessidade de profissionalização. Aliás, o tema merece muita atenção, pois, assim como qualquer tipo de negócio, a empresa familiar que pensa na longevidade inevitavelmente deverá se preocupar com governança e questões de gestão propriamente ditas.
Profissionalizar a gestão não significa tirar a família do quadro de gestores e trazer profissionais de fora. Muitas vezes, isso não é necessário. No entanto, uma gestão profissionalizada é aquela que, dentre outras coisas, observa o quadro de funcionários e alinha competências com cargos. Isso pode significar abrir a gestão da empresa para profissionais mais qualificados e que não compartilham do mesmo sobrenome.
Já que tocamos no assunto da profissionalização da gestão, vamos passar para a próxima pergunta:
Especialmente pelo fato de estarmos tratando da conta família + negócios é que precisamos lembrar que empresas familiares apresentam um desafio: o de gerenciar conflitos familiares. Sabe aquela história de que roupa suja se lava em casa?
Pois bem, é extremamente importante os gestores entenderem da necessidade de separar o papel familiar do papel profissional. Isso não diz respeito apenas aos conflitos familiares que possam surgir, mas também àqueles casos em que são concedidas regalias aos membros da família. Por isso, reforçamos que a separação de papéis é indispensável quando tratamos de gestão de empresas familiares (se quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos o artigo Desafios de empresas familiares (e como superá-los).
Conflitos de geração são também problemas enfrentados por empresas familiares, principalmente em questões que exigem tomada de decisão. Nesse caso, o mais indicado é que seja estabelecido uma estratégia de tomada de decisão com a identificação de processos de governança corporativa para que todos os membros da família estejam envolvidos.
A seguir falaremos um pouco mais sobre a Governança Corporativa, mas, antes, precisamos ver outra armadilha a ser evitada na gestão de empresas familiares: a falta de um planejamento sucessório. Principalmente os fundadores precisam entender que todo o esforço e a motivação empenhados para criar o negócio – e mantê-lo – não serão obrigatoriamente compartilhados por outros membros ou gerações da família. Por isso, para lidar com sucessão na empresa familiar de maneira que o empreendimento seja fortalecido, é preciso perguntar se:
Adiar o plano de sucessão significa deixar a empresa nas mãos de quem não tem capacidade, além de não garantir que os valores e missão da família, nem os objetivos estratégicos organizacionais, sejam incorporados para a próxima geração. E, isso, como você deve imaginar, poderá trazer consequências gravíssimas ao futuro do negócio. Temos alguns posts sobre sucessão nas empresas familiares que poderão ajudar:
A Governança Corporativa é uma prática indispensável para empresas familiares que buscam a profissionalização a fim de terem um negócio bem-sucedido. Conforme explica o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa):
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.
Sendo assim, as práticas de governança têm a finalidade de otimizar o valor econômico de longo prazo da empresa familiar, ou seja, visando à perenidade e longevidade do negócio. A estrutura de governança requer um Conselho de Família, cujo papel serve para facilitar o diálogo sobre a relação da família com o negócio. O objetivo é o de evitar problemas que poderiam comprometer os resultados empresariais.
O conselho de família cria uma estrutura confiável para abordar questões familiares e de negócios, além de que melhora a comunicação entre os membros, cria um senso mais claro da missão e dos valores da família e evita que tópicos familiares acabem se misturando com a gestão do negócio. Portanto, ele atua como um elo ético e imparcial que equilibra os interesses dos membros da família com os valores e objetivos da empresa.
Observe que ao entrarmos no terreno da profissionalização da gestão de empresas familiares teremos, portanto, que passar pela governança corporativa, uma vez que ela estimula:
Por isso, se formos tratar de profissionalizar a empresa familiar precisaremos discutir a criação de um Conselho de Família, o qual servirá como o órgão central da governança.
Neste artigo procuramos esclarecer um pouco mais algumas das dúvidas com relação à empresa familiar. Destacamos aqui a necessidade da profissionalização da gestão dos negócios controlados por família, e demos uma atenção especial à governança corporativa. Caso precise de alguma ajuda nesse sentido, conheça um pouco mais sobre a mentoria em gestão de negócios para empresas familiares
E se você ficou com alguma dúvida, ou precisa esclarecer algum ponto deste artigo, entre em contato conosco. Será um prazer conversar com você. Aproveitamos para deixar a sugestão de outros temas envolvendo as empresas familiares que poderão ser úteis:
Para outros temas envolvendo empresas familiares, acesse nosso blog.
Créditos imagem: Pixabay por Rawpixel
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