Como diz uma publicação do BCG (Boston Consulting Group), os mercados maduros, os produtos com ciclos de vida mais curtos e a importância do crescimento da organização para o valor dos acionistas a longo prazo fazem a inovação ser um tema revelante nas empresas.
Também de acordo com a instituição, empresas inovadoras, em média, geram 3,6 pontos percentuais a mais de retornos anuais totais para os acionistas do que seus pares. Sem dúvidas, inovar é uma característica cada vez mais essencial para quem quer, pelo menos, manter-se na competição.
Apesar disso, poucas empresas sabem inovar. Do mesmo modo, especialmente no Brasil não são muitas as que aderem ao conceito de inovação aberta, tema deste artigo.
Em 2003, o escritor Henry Chesbrough, professor da UC Berkeley e veterano do Vale do Silício, publicou o livro Inovação Aberta: Como criar e lucrar com a tecnologia. O texto continua sendo a fonte principal de insights sobre inovação aberta.
Na obra, Chesbrough define inovação aberta como “o uso de fluxos de entrada e saída de conhecimento intencional para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para uso externo”.
De acordo com o pesquisador, a inovação aberta é uma abordagem mais participativa e mais descentralizada da inovação, sendo uma ótima maneira de acessar o conhecimento externo e encontrar novas maneiras de fazer as coisas.
Na prática, “a inovação aberta pressupõe que as empresas podem e devem usar ideias e caminhos externos, bem como internos, à medida que buscam avançar em seu processo de inovação”, relata Chesbrough.
Para entender melhor o conceito, acompanhe a seguir.
Muito provavelmente você nunca tenha utilizado o termo “inovação fechada”, mas ele é familiar para maioria de nós: refere-se ao que praticamente todas as empresas conhecidas em indústrias mais tradicionais fazem para criar novos produtos ou serviços.
Como o nome sugere, a inovação fechada depende de ideias e conhecimento provenientes da experiência interna. Nesse caso, as informações são obtidas e mantidas dentro dos limites da empresa, não havendo compartilhamento com o externo. Ou seja, é como se as paredes limitassem o processo de desenvolvimento da inovação externa (algo limitador, porém seguro).
A inovação aberta é o oposto. Seu ponto de partida baseia-se na crença de que existe conhecimento fora da empresa que pode contribuir para alcançar objetivos estratégicos. Além disso, entende que o compartilhamento de conhecimento nos dois sentidos (de dentro para fora e de fora para dentro) é útil para diferentes partes de maneiras diferentes.
O raciocínio que segue a inovação aberta é: a organização utiliza seus melhores talentos, mas entende da importância de buscar ajuda fora, com consultorias, parceiros, clientes, universidade, mercado etc. Isso porque ela entende que quanto mais informações forem obtidas, mais bem embasadas serão as decisões de inovação.
É importante considerar que na inovação fechada, a empresa, ao aproveitar ideias internas, tem um controle claro sobre seus projetos. Ela pode determinar quando – e como – esses projetos serão lançados no mercado. Já na inovação aberta o controle sobre projetos e ideias é menor. Inclusive, ideias externas podem ser captadas por outras empresas.
Como a inovação fechada baseia-se na convicção de que soluções podem emergir dos recursos internos disponíveis, é fundamental garantir a contratação e retenção dos melhores talentos, os quais geralmente são muito caros.
Por outro lado, a inovação aberta extrai o máximo de seus talentos, mas sabe aproveitar também ao máximo as ideias que surgem no campo externo.
Em uma cultura como a nossa, pode ser difícil imaginar a adoção da inovação aberta. No entanto, com o boom das startups isso começou a mudar, especialmente porque elas contam com a ajuda de consultores externos para crescer aceleradamente.
É possível colocar esse tipo de inovação em prática de várias maneiras. Se sua empresa é pequena, você pode criar um canal no qual seus clientes podem dar ideias e sugestões. Já as organizações maiores podem ter mais recursos para gerenciar um processo formal de inovação aberta, como um concurso de inovação e até um projeto de co-criação.
Para um ambiente de inovação aberta, seja a empresa que articula os grandes desafios que seu setor enfrenta e coloque-se à disposição para assumir um papel de liderança na abordagem desses desafios. Isso fará com que se abra uma oportunidade de trabalhar com concorrentes e lidar com questões de toda a indústria, como regulamentos, segurança e sustentabilidade.
Como a inovação aberta também utiliza o conhecimento interno, outra ideia é criar uma rede de inovação envolvendo os colaboradores no processo. Por exemplo, ao invés de focar na criação de novos produtos, os colaboradores podem desenvolver soluções para os problemas identificados pelos clientes.
Além disso, considere que:
O modelo de negócios pode definir o apetite e capacidade de usar a inovação aberta na sua empresa. Não existe certo e errado quando se tratar de inovar.
Na verdade, o próprio Henry Chesbrough recomenda que as duas estratégias (inovação fechada e aberta) sejam combinadas. Assim como ele, vários especialistas sugerem que as atividades de inovação vindas do ambiente externo devem ser conduzidas como um complemento aos esforços realizados internamente.
De modo geral, como comentamos, as empresas brasileiras não lidam muito bem com a inovação aberta. Como está sua organização nesse tema? Deixe um comentário e compartilhe conosco. Caso você queira mais conteúdo sobre inovação, sugerimos as leituras:
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