Existe uma frase que diz algo mais ou menos assim: “ao invés de nos focarmos apenas no destino, devemos aproveitar a jornada”, pois “a viagem é mais importante que o destino”. Pensando na frase – e entrando no contexto da gestão de riscos – poderíamos dizer que não basta apenas entendermos quais riscos corporativos podem nos trazer problemas. A diferença está na abordagem que tomamos com relação a eles.
Sabemos, por exemplo, que existem riscos completamente imprevisíveis (os chamados cisnes negros). Isso não significa que diante deles não haja o que fazer. Pelo contrário, pois como mostra a frase no primeiro parágrafo, tudo depende da abordagem em relação à ameaça/oportunidade. Mas para que se possa pensar em uma abordagem é essencial que a empresa adote a gestão de riscos.
Explicando: sem um gerenciamento baseado em fundamentos e boas práticas, como ter planos de ação, medidas de prevenção e vias de defesa planejadas para os mais diferentes cenários? Essa é a importância da gestão de riscos, sem a qual os riscos podem inclusive resultar no fim de uma empresa.
E quais seriam os riscos corporativos que mais preocupam os executivos? Saber deles é um passo para trabalhar na abordagem, ou seja, na resposta que será dada a eles. Confira a seguir.
Vale ressaltar que quando tratamos de riscos corporativos não podemos ter uma estratégia “copia e cola”. Em outros termos, mesmo que estejamos lidando com duas empresas concorrentes atuando no mesmo setor, cada uma terá uma abordagem com relação aos riscos. Isso porque nenhum negócio é exatamente igual ao outro.
No entanto, é possível fazermos um apanhado geral, olharmos para todas as empresas e analisarmos os riscos corporativos mais citados por elas. Para este artigo, nos baseamos na publicação “Risk in Focus 2021 – Hot topics for internal auditors” do Chartered Institute of Internal Auditors.
A Risk in Focus procura destacar as principais áreas de risco identificadas pelos Chief Audit Executives (CAEs). O objetivo é ajudar a profissão de auditoria interna a preparar seu trabalho independente de avaliação de risco, planejamento anual e escopo de auditoria.
Segundo a pesquisa conduzida por eles, os principais riscos mencionados foram:
Traduzindo, temos:
1. Cibersegurança e segurança de dados
2. Mudança regulatória e conformidade
3. Digitalização, novas tecnologias e IA
4. Riscos financeiros, de capital e de liquidez
5. Capital humano e gestão de talentos
Note que o gráfico apresenta uma comparação entre 2020 e 2021. Observando-o e analisando os cinco primeiros riscos corporativos, vemos que com exceção do terceiro (Digitalização, novas tecnologias e IA), a preocupação com os demais riscos se manteve igual ou maior em 2021.
Também conforme a imagem nos mostra, o sexto risco – Desastres e resposta a crises – não havia sido citado em 2020. O mais provável é que a crise iniciada naquele ano fez com que as organizações se dessem conta da importância de realizar exercícios de lições aprendidas e atualizar seus protocolos de continuidade de crise.
Conforme os riscos corporativos citados na pesquisa, temos os seguintes:
Ataques cibernéticos, ou violações de dados são dois exemplos cada vez mais frequentes de risco de cibersegurança. Conhecido também por risco cibernético, está relacionado à exposição potencial a perdas ou danos decorrentes dos sistemas de informação ou comunicação de uma organização.
De acordo com o que tratamos neste outro artigo, esse tipo de incidente de segurança pode impactar nos custos monetários reais, incluindo perda financeira devido a interrupções operacionais e multas regulatórias. Podem, do mesmo modo, ter custos intangíveis, como perda de produtividade, de confiança do cliente, de reputação ou uma mudança na liderança.
Segundo da lista dos riscos corporativos que mais preocupam os executivos, o fato de lidar com mudanças regulatória e de conformidade fazem com que organizações sejam desafiadas a cumprir as leis e regulamentos ao mesmo tempo que aumentam o valor para os acionistas e protegem sua marca.
Juntamente com a proliferação global de diversos requisitos regulatórios, empresas de diversos setores precisam lidar com as expectativas das partes interessadas e mudanças no modelo de negócios.
Segundo o relatório publicado pelo Chartered Institute of Internal Auditors, espera-se que tanto os riscos corporativos de digitalização, novas tecnologias e IA quanto de mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental aumentem significativamente em prioridade no futuro próximo.
O texto explica que tecnologia e inovação estão intrinsecamente ligadas à sustentabilidade. Como exemplo, “a aplicação de hardware e software avançados ajudará a mitigar os impactos das mudanças climáticas e melhorar a sustentabilidade”.
E não encerra aí. O mesmo relatório sugere que as empresas precisarão inovar seus produtos principais e aproveitar tecnologias novas e emergentes, bem como análises de big data para revelar lacunas de eficiência operacional.
Na pesquisa do Chartered Institute of Internal Auditors os riscos financeiros, de capital e de liquidez aumentaram 40% em relação aos 30% um ano antes. Para os pesquisadores, o resultado é reflexo do surto do coronavírus, que fez o risco de liquidez de curto prazo disparar para a maioria das empresas.
Como vivemos ainda em meio a muitas indefinições políticas, econômicas e sanitárias, dos riscos corporativos mais citados pelos executivos pesquisados, este poderá aumentar nos próximos anos.
O risco de capital humano e gestão de talentos continua a representar desafios significativos para as organizações. São vários os fatores que fazem com que este seja um dos riscos corporativos mais mencionados na pesquisa.
Um deles diz respeito à busca de talentos que se tornará mais complicada pela necessidade de manter ambientes de trabalho seguros e garantir a saúde da equipe. Outro é relacionado ao fato de que muitas empresas estão decidindo sobre o modelo de trabalho a adotar: remoto, híbrido ou no local.
Para a gestão de talentos, conseguir reter o capital humano, ou até mesmo encontrar profissionais capacitados envolve também o desafio de fornecer o modelo de trabalho adequado. Muitas organizações já começaram a sentir um choque entre sua cultura corporativa e as mudanças que o próprio mercado impôs.
Com o fim de barreiras físicas proporcionado pelas ferramentas digitais, mais e mais negócios começaram a apostar no trabalho remoto e na contratação sob demanda. Profissionais qualificados passaram, assim, a ter mais oportunidades de trabalho, enquanto empresas se veem obrigadas a oferecer mais diferenciais aos seus colaboradores.
Dos riscos corporativos abordados pelos executivos entrevistados para a pesquisa do Chartered Institute of Internal Auditors, quais você diria que preocupa mais sua organização? Quais são os seus desafios em gerenciar esse risco?
E para lidar com os riscos, sugerimos um ebook gratuito que poderá ajudar:
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Créditos imagem principal: Unsplash por Adeolu Eletu.
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Caros Senhores,
Parabéns pelo excelente artigo e por partilhar o vosso conhecimento.
Os riscos associados aos diferentes negócios precisam cada vez mais de especial atenção e de inovação na forma como lidar com eles.