Riscos são inerentes a qualquer empresa. Justamente por isso é que bom gerenciamento de riscos é um aspecto essencial de uma administração bem-sucedida. Como comentamos em diversas outras oportunidades no blog da Glic, existem diversos níveis de controles para lidarmos com as ameaças e oportunidades que rondam nossos negócios (lembrando que um risco pode ser tanto algo negativo quanto positivo).
Gerenciar riscos tem a ver com tentar antecipá-los, avaliar os impactos potenciais nos negócios da empresa e estar preparado com um plano para reagir a eventos adversos. Dentre os riscos corporativos já abordados em outro post, neste artigo focaremos nos riscos financeiros.
À incapacidade da organização de não conseguir pagar suas dívidas damos o nome de risco financeiro. Ele envolve, por exemplo, a possibilidade de donos de empresas perderem capital ao usar o financiamento de dívida para iniciar ou operar seu negócio. Pode estar relacionado também à realização de investimentos dentro ou fora da empresa.
Portanto, de modo geral, riscos financeiros têm a ver com as chances que uma organização possui de perder dinheiro. Quando tocamos no assunto, o mais comumente referido é a possibilidade de que o fluxo de caixa se mostre inadequado para cumprir com as obrigações.
Riscos financeiros podem se espalhar de um negócio e afetar todo um setor, mercado ou até mesmo o mundo. Podem originar-se de fontes ou forças externas incontroláveis, sendo que muitas vezes é difícil de superar suas consequências.
Apesar disso, como todo risco, o financeiro em si não é inerentemente bom ou ruim. Claro que “risco” não é exatamente um atributo positivo. Todavia, ao compreender a possibilidade de riscos financeiros diretores e gestores tomam decisões – de negócios ou de investimentos – mais bem informadas. Além disso, nenhum progresso ou crescimento empresarial ocorre sem a suposição de algum risco financeiro.
Existem três tipos de riscos financeiros:
Dentre os tipos de riscos financeiros, o de crédito é considerado como o mais comum. Ele é também um fator importante ao determinar a taxa de juros de um empréstimo no setor bancário: quanto maior o prazo do empréstimo, geralmente maior a taxa de juros.
Riscos de mercado são os mais perceptíveis aos investidores, pois refletem sobre variados investimentos. Podemos defini-los como as variações de preço resultantes de eventos que acabam atingindo o mercado inteiro. Dentre esses eventos, citamos: ações, commodities, câmbio, taxas de juros, inflação, desastres naturais, mudanças políticas etc.
Também conhecido como risco sistêmico, um bom exemplo que temos de risco de mercado ocorreu em 2008, quando a queda de alguns dos principais bancos norte-americanos colocou toda a economia mundial em cheque.
É muito difícil uma empresa conseguir se proteger totalmente dos riscos financeiros de mercado. A fim de mitigá-los, uma estratégia bastante utilizada é a de diversificação de investimentos.
Dos tipos de riscos citados aqui, o operacional é o que mais pode ser controlado e mitigado. Inclui os riscos resultantes de falhas nos procedimentos internos, pessoas e sistemas.
Pode ser resumido como risco humano, pois trata-se do risco de falhas nas operações de negócios devido a erro humano. Riscos operacionais variam de uma indústria para outra e devem ser considerados seriamente quando se analisam possíveis decisões de investimento. O menor risco operacional está nas indústrias com menor interação humana.
Antes, é preciso entender do que se trata este acordo. Conhecido oficialmente como International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, o Acordo de Basileia foi firmado em 1988, na cidade de Basileia (Suíça), com os objetivos de:
O tratado, ratificado por mais de 100 países, fornece recomendações sobre a regulamentação bancária em relação aos três tipos de riscos financeiros que abordamos: risco de capital, de mercado e operacional.
O Acordo de Basileia não ficou restrito ao documento criado em 1988. Como foram observadas necessidades de aprimorar os termos, o Comitê da Basileia se reuniu outras duas vezes. Portanto, ele é dividido em três partes:
O Acordo de Basileia, em suas três versões, definiu:
Como mostramos, o Acordo de Basileia serve como precaução contra os riscos financeiros. Ele garante a liquidez (solvência) do sistema financeiro, definindo o mínimo de reservas internas que um banco deve manter para cumprir suas atividades num nível de risco aceitável. No entanto, os riscos financeiros já existiam antes disso. Um exemplo é a crise do petróleo, em 1973.
Na ocasião, os preços do produto dispararam e os países árabes, que mais lucraram, depositaram os dividendo em bancos ocidentais, os quais eram fontes de empréstimos para os países em desenvolvimento. Prevendo ganhos astronômicos, o bancos emprestaram dinheiro a diversos países, entre eles o Brasil.
O problema é que, na época, o empréstimo foi feito sem garantias reais de como o dinheiro seria devolvido. A partir daí a bola de neve foi aumentando, causando uma recessão mundial.
De forma bem resumida, o exemplo mostra a importância do Acordo em definir como tratar os riscos de crédito que já eram um problema em todo o mundo e foram causas de várias crises mundiais.
Toda organização que deseja crescer inevitavelmente terá que assumir riscos financeiros, os quais estão relacionados às chances que uma empresa possui de perder dinheiro. O mais comumente referido ao tratar desse tipo de risco é a possibilidade de que o fluxo de caixa da empresa se mostre inadequado para cumprir com suas obrigações.
Vimos três tipos de riscos financeiros: de crédito, de mercado e operacional. Sobre a pergunta do título, como mostramos, os riscos financeiros já existiam antes do Acordo de Basileia. O papel do tratado é especialmente importante porque hoje temos uma maior confiabilidade e estabilidade do Sistema Financeiro Internacional. Isso graças à formalização de boas práticas e princípios de supervisão bancária e contabilidade, algo que tem muito a ver com a Governança Corporativa.
Caso você tenha interesse em se aprofundar no universo de Gestão de Riscos, Governança Corporativa e outros temas relevantes para a gestão do seu negócio, convidamos a conhecer o Glicando, o blog da Glic Fàs.
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Créditos imagem: Unsplash por eberhard grossgasteiger.
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