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Como líderes podem tornar o mundo um lugar melhor

“Eu gostaria de ter um níquel para cada pessoa que aspira a mudar o mundo”, escreve Jeffrey E. Garten, em artigo da Fortune “How Leaders Can Really Change the World”. Ele complementa e propõe uma reflexão: “dada a nossa era de possibilidades tecnológicas aparentemente ilimitadas, talvez não seja surpreendente que muitas pessoas sintam que podem fazer mudanças dramáticas acontecerem em grande escala. A verdade é, no entanto, poucos homens e mulheres alcançarão tais ambições. Mas para quem faz, qual é a receita?”.

A maioria dos líderes pregam a bandeira de “batalhar para fazer uma cidade, um país, ou um mundo melhor”. Se levarmos o assunto para a liderança de modo geral – não apenas aquela proveniente de cargos públicos – como, por exemplo, CEOs podem melhorar a vida das pessoas ao seu redor? O que gestores podem fazer para apoiar as necessidades fundamentais de seus funcionários, clientes, investidores e parceiros estratégicos?

As questões são propostas por Lisa Kay Solomon, em texto no blog da Singularity Hub. Em outra ocasião, a autora escreveu sobre como os líderes de sucesso sobreviverão em um mundo exponencial (fizemos um apanhado do texto no Glicando, o blog da Glic Fás).

Agora, queremos seguir com o raciocínio dos autores explorados até aqui. Assim como Garten, na Fortune, Solomon também faz uma indagação: o que líderes podem fazer “para liderar como humanitários?”

O que significa uma liderança humanitária?

Solomon explica que liderança humanitária implica em “fazer escolhas para transformar recursos escassos em oportunidades abundantes para impactar de maneira positiva e responsável comunidades muito além das nossas”.

Isso significa desde grandes investimentos para solucionar os grandes desafios do mundo (como fome, por exemplo), até a adoção de um modelo de negócio que recrute membros da comunidade local, procurando por ações que integrem pessoas que vivem na pobreza. Pode, ainda, ter a ver com uma empresa que envolva os funcionários na prática do serviço comunitário, que defina uma política contra práticas injustas de contratação e recrutamento, entre outras.

Esses são apenas alguns exemplos para que você entenda que liderança humanitária não precisa ser algo que mude o planeta. Refere-se a ações e estratégias que empresas podem adotar para melhorar a vida da comunidade em que está inserida e das pessoas que dela fazem parte. Inclusive, isso é algo que tem a ver com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Como escreve Solomon, “liderar como humanitário significa assumir a responsabilidade pela maneira como conectamos nosso trabalho – independentemente do trabalho – a um propósito significativo além do crescimento e da lucratividade.

Grandes líderes focam nas pessoas e nos processos

O subtítulo foi extraído do texto “How to Be a Successful Change Leader”, disponível no site Center for Creative Leadership. Baseando-se em uma pesquisa com executivos que participaram do programa “Leadership at the Peak”, os pesquisadores descobriram que existem 3 C’s que unem liderança com uma mudança eficaz (que aqui para este texto chamamos de mudar o mindset para uma liderança humanitária). Os 3 C’s são:

  • Comunicação: líderes malsucedidos tendem a se concentrar no “quê” por trás da mudança. Os líderes bem-sucedidos explicam o objetivo da mudança e a conectam aos valores da organização, isto é, comunicam o “o quê” e o “por quê”.
  • Colaboração: reunir pessoas para planejar e executar é fundamental em uma liderança humanitária. Líderes de sucesso incluem seus funcionários na tomada de decisões desde o início, fortalecendo seu compromisso com a mudança.
  • Comprometimento: líderes bem-sucedidos se adaptam aos desafios, são positivos e pacientes com relação aos resultados. Eles entendem que a mudança é difícil, mas os líderes que conseguem adotar mudanças com sucesso são resilientes, persistentes e dispostos a sair da zona de conforto.

Solomon traz uma outra abordagem. Para ela, a tecnologia pode contribuir para uma liderança mais humanitária, solucionando grandes problemas do mundo, liberando recursos que antes eram escassos e tornando-os mais abundantes para mais pessoas.

“Como isso se parece na prática? Existem muitos aplicativos que usam os sensores e o software do telefone para entretenimento, produtividade diária e socialização. Mas os mesmos sensores, motivados por um objetivo diferente, podem ser usados para tornar seu telefone uma ajuda inteligente para cegos, uma ferramenta de diagnóstico para médicos em áreas remotas ou um detector de radiação disponível no mercado”, explica Solomon.

A autora enfatiza o uso da tecnologia para ajudar a liberar potencial humano. Nesse sentido, líderes precisam motivar e capacitar os membros de suas equipes a encontrarem soluções para problemas.

“Juntas, a capacidade das pessoas e da tecnologia para resolver grandes problemas nunca foi tão grande”, escreve a autora. Fazendo um gancho com o que abordamos acima, essa atuação de tecnologia e pessoas seria o “C” de Colaboração.

Vivendo um propósito maior na sua organização

Continuando com a visão de Solomon, uma das maneiras mais poderosas em que um líder pode motivar e permitir mudanças é esclarecer ativa e continuamente o objetivo da organização – o “porquê” que impulsiona o trabalho – e fazer escolhas que sejam consistentes com o que a empresa representa.

De acordo com a autora, a liderança humanitária comporta-se, interna e externamente, de maneira congruente com os valores fundamentais da organização. Solomon cita um exemplo para explicar melhor.

“Em 2016, Marc Benioff, CEO da Salesforce, defendeu os direitos LGBT em Indiana, Carolina do Norte e Geórgia. Em 2015, uma pesquisa em toda a empresa revelou que a Salesforce tinha uma discrepância de gênero em remuneração, que Benioff remediou no que foi chamado de ‘aumento de US $ 3 milhões’.”

A ação de Benioff tem a ver também com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Especificamente, o ODS 5, o qual trata sobre igualdade de gênero: estabelecer a mesma remuneração para todos que exercem as mesmas funções e têm as mesmas responsabilidades, e definir uma política de tolerância zero para abusos verbal e/ou físico (falamos sobre isso também em Equidade + diversidade nas empresas = inclusão e estratégia).

Ainda sobre Benioff, ele utiliza o termo CEO 2.0 para tratar de CEOs que precisam “defender não apenas seus acionistas, mas também seus funcionários, clientes, parceiros, comunidade, meio ambiente, escolas, todos”. Em suma, é exatamente a isso que se refere Solomon quando fala de liderança humanitária.

Concluindo

Para fechar, é importante entendermos que a liderança humanitária não segue um caminho único. Existem várias ações que líderes podem tomar em suas empresas a fim de atuarem como pessoas que se preocupam com o mundo (seja esse mundo dentro da empresa, no bairro, na cidade, no país ou no planeta).

Como bem menciona Solomon, “liderar como humanitário é uma mentalidade e um conjunto de práticas, não uma posição única e definida”. Então, a pergunta que deixamos para você, como líder, é: como seu trabalho afeta positivamente o mundo ao seu redor?

Pense nos 3 C’s abordados no artigo “How to Be a Successful Change Leader” e questione-se sobre quais itens você precisa melhorar. Por fim, avalie como a tecnologia pode ajudá-lo a tomar decisões que tornarão o mundo um lugar melhor.

 

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Créditos imagem: Pixabay por stokpic

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
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