BIM

Desmistificando o BIM – Building Information Modeling

O setor industrial já utiliza as ferramentas de desenho com inteligência há algum tempo, porém a engenharia civil e arquitetura tinham ficado para trás e demoraram para entrar neste método de fazer engenharia. Nos últimos anos o BIM – Building Information Modeling – emergiu como a metodologia para estas disciplinas.

Hoje sabemos que ele tem cada vez mais se tornado um processo crucial para garantir que o planejamento, o projeto e a construção de edifícios sejam colaborativos e eficientes. Mas o que é BIM? Continue lendo e descubra mais sobre a metodologia.

Entendendo o Building Information Modeling

Modelagem da Informação da Construção em português, o Building Information Modeling poderia simplesmente ser definido como um processo de colaboração que permite que várias partes interessadas e profissionais de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) colaborem no planejamento, projeto e construção de um edifício dentro de um modelo 3D.

Devido a essa definição, muitos podem pensar que o BIM nada mais é do que uma modelagem digital, ou um software. Mas o fato é que o significado vai além, pois a metodologia não pode ser resumida a uma modelagem 3D, já que engloba também uma série de outras informações.

Basta analisarmos a sigla para entendermos: a vogal “i” não deve ser subestimada, pois significa que também abrange a operação e gerenciamento de construções usando dados aos quais os proprietários têm acesso. Como explica Francisco Gonçalves Jr (engenheiro eletricista), no artigo “BIM: tudo o que você precisa saber sobre esta metodologia”, o propósito da metodologia é o de “integrar todos os agentes e disciplinas envolvidas no desenvolvimento de um projeto em todas as suas fases, impactando não só a parte de concepção, mas também a execução, implantação, manutenção e gerenciamento de um projeto”.

Portanto, os dados permitem que os proprietários e as partes interessadas tomem decisões com base nas informações pertinentes derivadas do modelo, em todo o ciclo de vida de uma obra. Isso porque esses dados podem ser usados para:

  • Melhorar a precisão;
  • Reduzir os pedidos de alteração e os problemas de coordenação de campo;
  • Expressar a intenção do projeto do escritório para o campo;
  • Acelerar e melhorar a transferência de conhecimento de uma parte interessada para outra; e
  • Fornecer uma visão sobre as construções existentes para projetos de renovação mais tarde.

A fim de ajudar empresas a evoluírem na metodologia, existe uma classificação de “níveis de maturidade”, conforme apresentado a seguir.

BIM e seus níveis de maturidade

São eles:

  • Pré-BIM: aqui não se opera de forma colaborativa. Quem usa CAD 2D e trabalha com desenhos e/ou impressões digitais enquadra-se no nível pré-BIM, ou nível 0.
  • Nível 1 (BIM 3D): as modelagens são baseadas em objetos. Nesta fase há a transição do 2D para o 3D, mas em sua maioria a documentação é formada por desenhos 2D. Muitas empresas estão no nível 1 de BIM, que não envolve muita colaboração, e cada parte interessada publica e gerencia seus próprios dados.
  • Nível 2A (BIM 4D): há integração das informações entre as disciplinas e a colaboração é baseada em modelo. O planejamento e as simulações são por visão de construção.
  • Nível 2B (BIM 5D): há planejamento integrado de custos e engenharia econômica, além da integração de informações (gestão econômica e de contratos). O BIM 5D pode ajudar a prever com precisão os requisitos orçamentários ou de equipamentos, juntamente com as mudanças no escopo, mão de obra e material.
  • Nível 3A (BIM 6D): analisa o consumo de energia de uma construção e fornece estimativas de energia nos estágios iniciais do projeto. Em outras palavras, o BIM 6D garante uma previsão de como gerir os custos para alcançar sustentabilidade e eficiência de custos.
  • Nível 3B (BIM 7D): agrupa tudo que for relacionado ao processo de gerenciamento de instalações em um único lugar dentro do modelo de informações de construção. Isso tem como objetivo melhorar a qualidade da entrega do serviço durante todo o ciclo de vida de um projeto. Além disso, o BIM 7D busca um gerenciamento otimizado de ativos e instalações desde o primeiro dia.

Além dos níveis de maturidade, outro termo usual do BIM é o “LOD”.

O que é LOD?

LOD significa nível de desenvolvimento do modelo (uma tradução de Level of Development). Foi a AIA (Instituto Americano de Arquitetura) que criou essa classificação a fim de buscar uma padronização da indústria que define vários estágios de desenvolvimento dos projetos de construção em BIM. Os LOD’s são:

  • ND 100: o elemento do modelo pode ser representado graficamente no modelo com um símbolo ou outra representação genérica. Qualquer informação derivada de elementos LOD 100 deve ser considerada aproximada.
  • ND 200: o elemento do modelo é representado graficamente no modelo como um sistema, objeto ou montagem genérico com quantidades, tamanho, forma, localização e orientação aproximados. Informações derivadas de elementos LOD 200 devem ser consideradas aproximadas.
  • ND 300: modelagem precisa em termos de quantidade, tamanho, forma, localização e orientação. Neste nível elementos não gráficos podem ser anexados ao elemento do modelo.
  • ND 350: o elemento do modelo é representado graficamente dentro do modelo como um sistema, objeto ou conjunto específico em termos de quantidade, tamanho, forma, localização, orientação e interfaces com outros sistemas de construção. Os elementos não gráficos também podem ser inseridos ao elemento do modelo.
  • ND 400: os elementos do modelo são modelados como montagens específicas, com fabricação completa, montagem e informações detalhadas, além de quantidade, tamanho, forma, localização e orientação precisas. Elementos não geométricos podem ser incorporados a elementos de modelo no LOD 400.
  • ND 500: elementos são modelados como montagens construídas para operações e manutenção. Além de real e preciso em tamanho, forma, localização, quantidade e orientação, elementos não geométricos podem ser incorporados com elementos de modelo no LOD 500.

A figura abaixo, extraída do artigo de Francisco Gonçalves Jr, ilustra os níveis de desenvolvimento do modelo.

E agora que você entendeu um pouco mais sobre BIM, a pergunta final é:

Quais os benefícios do BIM?

Já em um primeiro momento podemos dizer que uma de suas principais vantagens é melhorar a colaboração da equipe e a eficiência do fluxo de trabalho.

Se pensarmos que arquitetos, engenheiros e construtores precisam visualizar diferentes informações e usar diferentes modelos de projeto; que diferentes modelos devem ser feitos para serem apresentados aos clientes; e que quando qualquer alteração é realizada é necessário garantir que toda a documentação seja atualizada, conseguimos perceber que, graças à colaboração proporcionada pelo BIM, as equipes podem trabalhar sem perder tempo verificando documentações e arquivos.

Com uma troca de informação muito mais intensa, os especialistas tornam-se mais capazes em fornecer informações em todas as áreas de um projeto e as decisões podem ser tomadas de forma coletiva. Isso não apenas faz com que os fluxos de trabalho produzam menos erros e exijam menos supervisão, como também aperfeiçoa os resultados.

Mas, claro, um banco de dados BIM não traz vantagens e melhorias apenas no quesito colaboração. Ele fornece igualmente um armazenamento de dados arquitetônicos e de projeto que podem ser usados para modelagem 3D e simulações de software, para fins de design e estruturais de modo a permitir que novos materiais e conceitos de design sejam implantados.

Em termos de obra, a plataforma BIM contribui para que objetivos importantes sejam alcançados, tais como: melhor controle de prazos, redução de desperdícios, assertividade dos custos, aumento na qualidade e mais eficácia no planejamento,

Da mesma maneira, por ser centralizado, o Building Information Modeling ajuda a reduzir o retrabalho. Isso ocorre pois atualizações ou alterações refletem instantaneamente, levando à uniformidade de informações e trabalho. Consequentemente, reduzindo significativamente os erros de construção.

Por fim, com melhora na qualidade geral, velocidade de trabalho, mais transparência e consistência das informações, os clientes ficam mais satisfeitos.

Concluindo

Arquitetos, engenheiros, construtores, modeladores 3D e designers de interiores são beneficiados pelo uso do BIM. Conforme mostramos, ele transforma a colaboração e possibilita uma comunicação muito mais coordenada. Isso faz com que seja possível obter melhorias de produtividade e eficiência.

Por fim, entenda que o BIM não é um software, mas sim um processo para seguir uma estrutura ao longo do seu ciclo de vida.

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Créditos imagem principal: Unsplash por Daniel McCullough

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
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