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Dicas de transferência de risco em perdas catastróficas em construção

Na gestão de riscos, uma vez que um risco é identificado define-se a ação a ser tomada como resposta. Pode-se, por exemplo, decidir por evitá-lo, retê-lo, reduzi-lo, explorá-lo ou realizar a transferência do risco.

No último caso, isto é, quando um risco é transferido, o potencial de um resultado adverso enfrentado por uma entidade ou um indivíduo passa para terceiros. Em outras palavras, significa que uma parte assume as responsabilidades de outra parte.

Como exemplo mais comum de transferência de riscos tem-se o seguro. Quando uma pessoa adquire um seguro para seu automóvel ela está protegendo-se financeiramente contra quaisquer danos que possa vir a sofrer como resultado de um incidente (como acidente, furto etc.).

O seguro pode ser o exemplo que mais se aproxima do dia a dia da maioria das pessoas, mas, claro, existem outras formas de lidar com a transferência de riscos. Garantia, hedge e terceirização servem igualmente como exemplos de possibilidades.

Para abordar o tema de forma mais precisa, neste artigo trataremos da transferência de riscos na indústria da construção civil.

Transferência de riscos na construção

A indústria da construção civil já viu desabamentos, incêndios e diversas catástrofes no mundo inteiro. Dentre os casos que marcaram, no Brasil houve o desabamento do edifício Palace II, na Barra da Tijuca (RJ), em 1998, o incêndio em maio de 2018 de um edifício em São Paulo e, mais recentemente, o desabamento de prédios em uma comunidade do Rio de Janeiro em 2019.

Esses são apenas alguns exemplos das últimas décadas e em diversas cidades do país há muitos outros casos de construções que tiveram problemas. Quando isso ocorre, empreiteiros, construtoras e engenheiros ficam expostos. Sendo uma indústria em que lesões corporais graves e perda de vidas podem ocorrer, a construção civil acaba assumindo alguns riscos.

A partir do momento em que ficam entendidas as exposições que enfrentariam no caso de uma catástrofe, os envolvidos conseguem implementar estratégias importantes de transferência de riscos desde o início de um projeto. Assim, com a correta análise de risco os profissionais podem minimizar o impacto de uma perda na empresa a curto e longo prazo.

Para isso, como explica este artigo na Risk Management, empresas podem usar várias estratégias de transferência de riscos a fim de ajudar a controlar a gama de exposições que podem resultar de uma perda catastrófica na construção. São elas:

Notificação imediata

É importante informar imediatamente todos aqueles que estão direta ou indiretamente envolvidos na construção sobre o ocorrido. Como escreve o autor do artigo da RM, Will Bennett, trata-se do passo mais simples e proativo que você pode executar para eliminar um possível problema futuro da sua lista.

Ele sugere que a empresa de seguros seja comunicada rapidamente, pois algumas coberturas exigem um prazo de aviso praticamente imediato. Além disso, o seguro pode ser uma fonte valiosa de dinheiro rápido após uma perda significativa, cobrindo os custos associados à segurança do local, à prestação de serviços médicos às vítimas feridas e ao envolvimento com serviços de consultoria, como relações públicas e gerenciamento de crises.

Outra sugestão do autor é imaginar se existe algum cenário – mesmo que possa parecer improvável – no qual haja outras implicações. “Por exemplo, se o seu projeto sofreu um colapso do guindaste, considere se alguém poderia ter invadido o sistema operacional do guindaste e contribuído para o colapso (..). É possível que tenha havido um erro do operador que possa ter implicações criminais? Nesse caso, talvez sua política criminal seja um alvo em potencial”, recomenda Bennett.

Cláusula de indenização

Algo que pode ajudar a proteger da responsabilidade por ferimentos ou danos resultantes do trabalho de outro contratado ou subcontratado, é uma cláusula de indenização.

Nela são descritas as responsabilidades do contratado cujo trabalho pode vir a resultar em ferimentos ou danos, incluindo o dever de defender os outros contratados envolvidos. As cláusulas de indenização podem ser complexas e envolver questões legais que precisam ser tratadas.

Concentre-se na política de risco

Como menciona o autor do artigo mencionado, uma boa política de risco dos construtores com uma abordagem colaborativa pode ser vital para minimizar o impacto da perda. Algumas seguradoras são mais cooperativas que outras neste processo, sendo que há várias disposições de cobertura que podem ter impacto para a empresa:

  • Todos os riscos: neste caso, a política deve ser redigida para cobrir todos os riscos de perda física direta, em vez de apenas perigos especificados.
  • Despesa extra: geralmente este recurso oferece cobertura para os custos extras necessários para manter o curso da construção após a perda com o mínimo impacto.
  • Despesa acelerada: semelhante à despesa extra, oferece cobertura para custos extras necessários para recuperar um projeto atrasado em seu cronograma.
  • Proteção de propriedade: normalmente cobre os custos associados à segurança do local após uma perda para evitar mais perdas e/ ou minimizar qualquer possível impacto adicional de um evento de perda.
  • Atraso na conclusão: de alcance variável, essa disposição comum pode cobrir custos além daqueles diretamente associados à perda física.
  • Responsabilidade civil: garante a proteção das pessoas envolvidas caso haja algum acidente enquanto estiverem na obra.
  • Valuation provision: a sugestão do autor é que o segurado procure uma apólice que valorize a perda com base no custo real de reconstrução ou, como alternativa, no custo de reconstrução imediatamente antes da perda.
  • Demolição e remoção de detritos: a demolição geralmente é considerada parte do custo geral da reconstrução. No entanto, a remoção de detritos geralmente é uma extensão separada de cobertura. A política deve contemplar explicitamente a remoção de detritos e não limitar a demolição.

Planeje-se antecipadamente

Como escreve Will Bennett, há muito o que considerar com relação à transferência de riscos após um problema na construção civil. O mais importante é, antes mesmo de começar o projeto, realizar uma análise de risco para elaborar um plano que possa maximizar todos os caminhos disponíveis de transferência de risco.

Por exemplo, dentre os cases da Glic Fàs temos o trabalho que realizamos juntamente com uma empresa de engenharia e de construção civil. Ela precisava de uma análise de riscos de engenharia que contemplasse todas as disciplinas e interfaces com Suprimentos e Construção.

Mapeamos e identificamos os riscos do projeto, com respectivos planos de resposta. E, como comentamos, dentre as ações possíveis como resposta pode estar a transferência dos riscos. Então, se sua empresa precisa realizar um mapeamento mais preciso e dar o devido tratamento, uma consultoria em gestão de riscos pode ajudar. Entre em contato conosco e saiba mais!

Para mais posts, acesse o Glicando, o Blog da Glic Fàs.

Créditos imagem: Unsplash por Micah Williams

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
  • Mentoria em gestão de negócios.
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