Quais são os facilitadores para elaborar um planejamento estratégico?
De acordo com Henry Mintzerberg em seu livro “The rise and fall of strategic planning”, o planejamento estratégico surgiu a partir de meados de 60. Quando se fala no assunto, um nome é recorrente: Igor Ansoff, conhecido como o pai da gestão estratégica.
Graças à sua obra intitulada “Estratégia Corporativa”, publicada em 1965, veio à tona a ideia de formular objetivos e estratégias a partir de análises de oportunidades do ambiente. Assim, influenciado pelas ideias de Peter Drucker e Alfred D. Chandler, Igor Ansoff contribuiu para o que hoje chamamos de planejamento estratégico.
Desde então, diversas abordagens surgiram para facilitar e economizar na elaboração do planejamento. Mas será que isso mudou tanto assim? Quais são os modelos (ou facilitadores) que podem ser utilizados hoje em dia para a criação de um planejamento estratégico que realmente traga resultados? Acompanhe a seguir.
Matriz Ansoff
O modelo para planejamento estratégico criado por Igor Ansoff apareceu pela primeira vez em 1957, na Harvard Business Review, no artigo “Strategies for Diversification” (você pode acessar o artigo neste link). Como o autor explica: “aqui está um método para medir o potencial de lucro de estratégias alternativas de mercado de produto, começando com uma previsão de tendências e contingências e, em seguida, trabalhando em direção às necessidades da empresa e objetivos de longo prazo”.
Explicando melhor, a Matriz Ansoff é utilizada desde então para desenvolver opções estratégicas de negócios. Trata-se, como veremos, de uma maneira fácil e simples para líderes de negócios e gerentes analisarem os riscos de crescimento de seus negócios através da análise de quatro estratégias que organizações podem utilizar para crescerem.
A matriz é dividida em quatro quadrantes. No eixo vertical, Ansoff colocou os tipos de mercados, os quais podem ser novos ou existentes. No eixo horizontal estão os produtos da empresa, os quais também podem ser novos ou existentes. Abaixo compartilhamos o diagrama publicado na Wikipedia a fim de que você consiga visualizar melhor:
(fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Matriz_Ansoff.png)
Entendendo a matriz Ansoff
- Penetração de Mercado: o foco da estratégia é aumentar o volume de vendas de produtos existentes para um mercado também existente. A maioria das organizações encontram-se neste quadrante. As perguntas a serem feitas aqui são: “Como podemos defender nossa participação no mercado?” e “Como podemos aumentar nosso mercado?”.
- Desenvolvimento de Produtos: como o diagrama mostra, a estratégia consiste em atingir o mercado existente com novos produtos. O objetivo de quem está neste quadrante é entender como expandir o portfólio de produtos modificando ou criando produtos. Por esse motivo, um dos direcionamentos nesta estratégia é buscar a cultura da inovação.
- Desenvolvimento de Mercado: a estratégia é focada em alcançar mercados novos com produtos existentes no portfólio.
- Diversificação: empresas posicionadas neste quadrante querem alcançar novos mercados com novos produtos. Como é de se imaginar, dentre as quatro estratégias, este é a mais dispendiosa e exige um estudo muito mais detalhado.
Para aplicar a matriz no planejamento estratégico, o gestor, a partir do que foi definido no plano, pode posicionar sua empresa no quadrante em que ela se encontra para entender se ela se está onde precisa estar ou se precisa mover-se no diagrama. Importante ressaltar aqui que, como a matriz também ajuda a analisar os riscos associados a cada estratégia, a ideia é que cada vez que a empresa se mova para um novo quadrante (horizontal ou verticalmente), o risco aumente.
Outro ponto muito importante é que a matriz não foi projetada para que decisões sejam tomadas, mas para mostrar as diferentes estratégias disponíveis.
Balanced Scorecard
O Balanced Scorecard (ou BSC) é uma estrutura para implementar e gerenciar estratégias. É uma ferramenta de gestão de desempenho empresarial, que vincula uma visão a objetivos, medidas, metas e iniciativas estratégicas. Além disso, equilibra medidas financeiras com medidas de desempenho e objetivos relacionados a todas as outras partes da organização.
Basicamente, de acordo com o BSC organizações criam um conjunto de métricas internas que as ajudará a avaliar o desempenho de seus negócios em 4 áreas (chamadas também de perspectivas):
- Financeira: métricas aqui podem incluir fluxo de caixa, desempenho de vendas, receita operacional ou retorno sobre o patrimônio líquido. Na perspectiva financeira, o foco é no retorno financeiro e na lucratividade.
- Cliente: objetivos e métricas diretamente relacionados com os clientes da organização, com foco na satisfação do cliente. Alguns indicadores que podem ser avaliados incluem: porcentagem das vendas de novos produtos, entrega no prazo, satisfação do cliente, entre outros.
- Processos Internos: objetivos e métricas que determinam se produtos e/ou serviços estão de acordo com o exigido pelos clientes e o quão bem o negócio está funcionando. Em outras palavras, você pode se perguntar “no que devemos ser melhores?”.
- Aprendizado e Crescimento: desempenho do pessoal, habilidades, treinamento, cultura da empresa, liderança e base de conhecimento. Essa área também inclui infraestrutura e tecnologia. Exemplos de métricas são: pontuação de envolvimento do funcionário, taxas de retenção de equipe etc.
Como ferramenta para planejamento estratégico, o Balanced Scorecard auxilia empresas a criarem um roadmap tangível do “estado atual” para um “estado futuro”’ mais bem-sucedido. Além disso, ajuda a identificar os principais obstáculos e áreas onde faltam as competências críticas para que objetivos sejam alcançados e ajuda a priorizar as atividades na ordem em que precisam ser abordadas.
Canvas
Canvas é uma “tela do modelo de negócios”. Ao utilizá-lo, é possível apresentar claramente a ideia de negócio em um pedaço de papel, além de detectar fraquezas e pontos fortes. Trata-se de uma ferramenta de gestão estratégica para definir e comunicar de forma rápida e fácil uma ideia ou conceito de negócio.
Conhecido na literatura como Business Model Canvas, o BMC é um documento de uma página que trabalha os elementos fundamentais de um negócio ou produto. Como mostra a imagem a seguir, o lado direito foca no cliente (externo), enquanto o foco do lado esquerdo é no negócio (interno).
(fonte: https://comunidadesebrae.com.br/blog/desenvolvimento-do-canvas)
Perceba que fatores externos e internos se encontram em torno da proposta de valor, pois referem-se à troca de valor entre um negócio e seus clientes. Para o planejamento estratégico, o Canvas é uma ferramenta muito útil, pois:
- Mostra uma visão geral de como realmente é o modelo de negócios de uma empresa;
- Mostra quais atividades não são tão importantes e podem até mesmo atrapalhar a meta.
- Por oferecer uma visão geral de todas as perspectivas, pessoas de várias áreas podem entender e discutir rapidamente diferentes estratégias.
Para ir além: planejamento estratégico e pensamento estratégico
Agora que você conheceu algumas ferramentas que podem servir de facilitadores para o planejamento estratégico, é importante entender também como o pensamento no futuro deve ser utilizado para a elaboração do planejamento em si.
Esse “pensar no futuro” é o que chamamos de pensamento estratégico. Como explicamos neste artigo, pensar estrategicamente significa antecipar mudanças no mercado, identificar oportunidades emergentes, prever riscos, entre outros fatores. Tudo isso para que gerentes e líderes de negócios consigam tomar decisões para a obtenção de resultados.
Como o assunto está totalmente ligado ao planejamento estratégico, convidamos você para se aprofundar um pouco mais com o e-book: Você sabe o que é pensamento estratégico e como ele pode mudar sua empresa?
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Créditos imagem principal: Unsplash por CDC.