Como melhorar a tomada de decisão em tempos de crise?
Quando somos confrontados com o inesperado podemos ter diversos tipos de reação: racional, emocional, de impulsividade etc. Mas, o que acontece com a tomada de decisão em tempos de crise? Quais métodos utilizamos?
Uma crise nunca é exatamente a mesma que a anterior, e não necessariamente ela será sentida do mesmo jeito por pessoas e empresas diferentes. Suas causas são a combinação de fatores específicos e suas consequências muitas vezes inesperadas. Tomemos como exemplo a Covid-19.
A pandemia desencadeou uma crise não apenas sanitária e de saúde, mas também econômica, financeira e política. Tanto nesse caso do vírus como em outros eventos inesperados do passado, o equilíbrio de um sistema inteiro teve que ser reajustado de uma hora para a outra, muitas vezes apressadamente.
A questão toda é que a pressa é o pior ingrediente na tomada de decisão em época de crise, pois ela impede a análise mais holística do ambiente e a compreensão do todo para a construção de um bom plano de ação. Como, então, encontrar o equilíbrio?
Elementos envolvidos na tomada de decisão em tempos de crise
Podemos dizer que “tomar decisão é uma arte”. Quando um problema surge, ou quando uma empresa se depara com uma situação inesperada, as decisões precisam ser muito bem estudadas e devem ser tomadas dentro do tempo certo. No momento em que vivenciamos uma crise esse tempo é acelerado e muitos se veem na obrigação de tomar não apenas uma, mas sim uma série de decisões.
Existem alguns elementos envolvidos na tomada de decisão em tempos de crise que dificultam todo o processo. A incerteza é um deles, fazendo com que tomadores de decisão tenham menos elementos tangíveis à disposição para traçar a rota ideal e tomar as decisões necessárias.
A falta de tempo é outro elemento, pois durante uma crise o tempo disponível para decidir é muitas vezes reduzido e as reações devem ser rápidas (e difíceis). Há ainda os desafios e claro, o aspecto sem precedentes, pois toda crise perturba a ordem usual das coisas.
Todos esses elementos dificultam o processo de tomada de decisão. Mas, como decisões fazem parte do dia a dia de pessoas e empresas, todos nós temos que saber como tomá-las da melhor maneira possível.
O que diz a psicologia
Segundo explica o artigo publicado no site da Forbes – The Art Of Making Tough Decisions In A Crisis (A arte de tomar decisões difíceis em uma crise) – ao tomar decisões nosso cérebro costuma seguir duas trilhas diferentes.
A primeira está relacionada à nossa intuição. Tem a ver com as decisões que tomamos com base na emoção, no instinto e com pouca informação. Por exemplo, o texto comenta que pode parecer tentador, quando não aguentamos mais o ambiente de trabalho, pedirmos demissão para nos dedicarmos a uma startup ou mudarmos radicalmente de vida.
Quando agimos no modo emocional nossas decisões se tornam automáticas e muitas vezes não pensamos muito nas causas exatas ou no que influenciou a decisão. Isso não significa que não devemos confiar em nosso instinto, todavia, devemos cuidar para nossas decisões não nos levar na direção errada.
A segunda trilha que o cérebro segue é mais racional. Conforme menciona o artigo: “a razão pela qual você não se muda para as Bahamas quando teve uma semana ruim, é que você se torna mais deliberado em seu pensamento. Você começa a comparar custos e benefícios, pesa opções e rejeita ideias de outras pessoas”.
Abordagem para tomada de decisão
A abordagem sugerida pelos psicólogos na tomada de decisão em tempos de crise é, segundo o artigo:
- Anote as reações instintivas à situação e guarde-as um pouco. Depois de refletir sobre a decisão, você pode revisitar suas impressões iniciais e reconsiderar com base nos insights que teve.
- Procure a opinião de alguém de fora ou de algum colega imparcial. Se puder, tente olhar a situação da perspectiva de um observador objetivo.
- Considere o oposto de sua reação instintiva e analise as consequências em sua mente.
- Se precisar tomar várias decisões, avalie todas as suas opções ao mesmo tempo. Esse tipo de tomada de decisão “conjunta” é menos propensa a preconceitos.
Tomada de decisão em tempos de crise (e até mesmo em épocas normais) precisam sempre ser analisadas com base nas alternativas disponíveis. Aqui entra a análise de cenários, uma ferramenta extremamente útil para analisar os ambientes interno e externo antes de fazer escolhas e tomar decisões. Caso precise de material adicional sobre o tema, indicamos:
- Elaborar cenários é uma atividade lúdica e prepara o gestor para adversidades
- Como utilizar a criação de cenários para fazer o gerenciamento de riscos?
Ressaltamos ainda que em épocas de crise é importante manter-se flexível e responsivo, pois tudo pode mudar de uma hora para a outra. Mesmo que preveja cenários, empresas devem estar atentas à gestão do inesperado. Para isso, manter a calma é fundamental.
Por fim, cuide das emoções
Como comentamos no início, a pressa é o pior ingrediente na tomada de decisão em tempos de crise. Eventos como a pandemia do Covid-19 e tantos outros que já passamos, podem facilmente nos desestabilizar. Quando lutamos com nossas emoções, muitas vezes é complicado ponderar e decidir em meio a toda pressão envolvida.
Além disso, há períodos de crise em que o estresse chega a nos afetar fisicamente. Quando isso ocorre, é essencial recuperar o controle de nossas emoções para podermos tomar as decisões corretas. Isso porque em momentos turbulentos as ações rápidas que tomamos podem até reduzir parte da ansiedade ou de um problema a curto prazo, mas é bem provável que no futuro as decisões criarão mais problemas do que resolverão.
Vale lembrar que a comunicação é importante o tempo todo também em tempos de crise. Portanto, em uma empresa as pessoas têm o direito de ser informadas das decisões tomadas.
Para encerrar, sempre que for tomar uma decisão tenha em mente os objetivos finais da sua ação, pois assim você conseguirá construir uma resposta adaptada à situação, sem deixar o longo prazo de lado.
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Créditos imagem principal: Unsplash por Robert Ruggiero.
Créditos imagem texto: Unsplash por Daniel Gonzalez.