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Trabalho remoto: um aprendizado tardio

Em função da pandemia, para sobreviver e dar continuidade aos negócios as empresas adotaram o trabalho remoto de forma abrupta. Para muitas, o home office era algo impensável até pouco tempo atrás. Várias organizações que eram contra o chamado home office diziam acreditar que a prática diminuía a produtividade de seus colaboradores.

Se havia (e ainda há) uma resistência por parte de algumas empresas, no mundo inteiro – em especial nas metrópoles – o trabalho remoto era uma prática já sendo adotada. Em alguns casos, colaboradores revezavam os dias da semana entre casa e empresa, em outros trabalhavam praticamente todos os dias de seus lares, indo para um local físico somente quando necessário.

Mas, independentemente de a organização estar ou não preparada para ter seus funcionários em home office, o fato é que a prática foi a solução adotada por empresas de diversos portes para conseguirem manter-se operando.

Quais são as consequências disso? O que mudará na forma de trabalho pós-pandemia? O que você espera aprender com tudo isso?

Crise: a busca por soluções

A crise do coronavírus é sanitária, mas como sabemos seus impactos são também de ordem política e econômica. As proporções são ainda desconhecidas e há muitas dúvidas sobre – e no – mercado de trabalho. No entanto, o que já sabemos de outros momentos vividos, é que toda crise traz mudanças.

A famosa Nutella, por exemplo, surgiu após a Segunda Guerra Mundial devido à falta de cacau na Europa. O absorvente íntimo foi fruto de uma solução encontrada para servir de enchimento para curativos cirúrgicos em 1917.

No ano de 2001, a descoberta de manipulações contábeis num dos maiores grupos norte-americanos fez surgir uma crise de confiança cuja proporção foi comparável à crise vivida em 1929. O cenário deu força às práticas de Governança Corporativa, e em 2002 o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx). Desde então, corporações foram obrigadas a adotar medidas de prestação de contas para evitar práticas fraudulentas e erros nas escriturações contábeis.

O 11 de setembro mudou completamente a segurança nos aeroportos, e poderíamos falar de outros momentos que o mundo se viu obrigado a estabelecer mudanças. O fato é que, por mais que ainda seja cedo, ou que não tenhamos cabeça no momento para pensar a respeito, a pandemia também trará transformações e mudanças.

Isso porque são em momentos de crise que tendemos a pensar fora da caixa. Quantos restaurantes que passaram a oferecer serviços de delivery? Quantas empresas criaram lojas virtuais para poderem continuar vendendo?

Muitos negócios viram que é possível vender de maneiras diferentes e até mesmo sobreviver de formas diferentes. Empresas estão percebendo que perdiam muito tempo em reuniões e em políticas que não levavam a nada. Outras – especialmente as organizações de serviços – começam a sentir que estão com um quadro de colaboradores inflado e que pode-se ter uma estrutura muito mais enxuta.

Trabalho remoto pós-pandemia

Em 30 de março de 2020, o Gartner realizou uma pesquisa com 317 CFOs e líderes financeiros. O resultado, o qual você pode conferir aqui e entender sobre o impacto do trabaho remoto, é que 74% dos entrevistados esperam que pelo menos 5% de sua força de trabalho, que anteriormente trabalhava nos escritórios da empresa, se tornem funcionários permanentes em casa após a pandemia.

Ainda segundo o Gartner:

  • Cerca de 25% dos entrevistados esperam que 10% de seus funcionários permaneçam remotos;
  • 17% esperam que 20% permaneçam remotos;
  • 4% esperam que 50% permaneçam remotos; e
  • 2% esperam que mais de 50% dos funcionários que agora trabalham casa trabalharão permanentemente em regime home office após a pandemia desaparecer.

Uma grande razão para isso pode estar na tentativa de CFOs de encontrar novas maneiras de gerenciar custos. Outra pode ser a percepção de que o trabalho remoto pode, sim, ser mais produtivo.

“Muitas organizações estão começando a questionar a velha visão de que as pessoas precisam aparecer para trabalhar às 8 horas, descansar para almoçar e trabalhar em um cubículo. Agora elas estão olhando para melhores maneiras de ajudar os funcionários a fornecer o melhor valor, mas também a tornar uma experiência positiva para eles. Eles estão analisando coisas como quantas horas por dia as pessoas passam dirigindo para o trabalho”, disse Mike McLaughlin, diretor de informações e vice-presidente de serviços profissionais da Technologent, em texto abordando a permanência do trabalho remoto.

No Brasil, o cenário parece ser o mesmo. Se você pesquisar por informações sobre o tema, verá que diversos sites já publicaram artigos falando sobre o trabalho remoto pós-pandemia. De acordo com estudo conduzido por André Miceli, professor da Fundação Getulio Vargas, o home office deve crescer 30% após a estabilização e retomada das atividades.

Em artigo da UOL sobre o trabalho remoto, Miceli diz que a modalidade é um caminho sem volta. “O home office já se mostrou efetivo. Aliado a isso, você tira carros da rua, desafoga o transporte público, mobiliza a economia de outra forma. E você faz com que as pessoas tenham mais tempo para cuidar da saúde delas e que elas possam usufruir de coisas que lhe dão prazer sem que você tenha uma redução das entregas e do faturamento”, afirmou.

O que o futuro nos reserva?

Muitas empresas resistiram ao trabalho remoto pelas mais variadas razões. A falta de produtividade é temida por alguns empresários, enquanto para outros o problema está na falta de investimento em tecnologia para apoiar trabalhadores remotos. Já outras anteciparam a tendência e criaram uma política de trabalhar em casa por um ou dois dias por semana ou como exceção para alguns funcionários.

Hoje estão todas no mesmo barco do home office. Então, ao invés de resistir à mudança, as organizações devem olhar para o futuro e melhorar suas políticas e capacidades de trabalho remoto.

Para empresas preocupadas com problemas de produtividade e desempenho devido à capacidade de trabalhar em casa, por que não criar indicadores-chave de desempenho (KPIs) voltados a mensurar isso? Dessa forma, os colaboradores estarão cientes das expectativas de seus líderes e saberão que seu desempenho continua sendo monitorado.

Sempre há um jeito de fazer as coisas acontecerem da maneira certa. A questão, agora, é saber como sua empresa vai se adaptar para o que está por vir. Falando sobre futuro, aproveitamos que chegamos ao fim para deixarmos uma sugestão de leitura. Acesse o artigo Para definir o futuro, foque na cultura!

Agora conte para nós: qual sua opinião sobre o tema?

Créditos imagem: Unsplash por Kristin Wilson

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
  • Mentoria em gestão de negócios.
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