Alinhando sustentabilidade e gerenciamento de riscos
Qual é o propósito de uma organização? Essencialmente, o propósito é a razão para uma empresa existir. Em outra oportunidade falamos que “o propósito transmite o que a organização representa em termos éticos, emocionais e práticos. Independentemente de como seja comunicado aos funcionários e clientes, ele permite à empresa criar sua cultura e definir sua verdadeira marca“.
O propósito também está ligado ao valor que a empresa gera. Para muitas organizações isso pode ser entendido como “o valor gerado aos acionistas”.
Mas, em setembro de 2019, a Business Roundtable, uma associação sem fins lucrativos composta por CEOs de grandes organizações americanas, divulgou uma declaração afirmando que o foco de “gerar valor para os acionistas” mudou para “trabalhar no interesse de todas as partes interessadas, incluindo funcionários e comunidades”.
Conforme mencionado em artigo da Risk Management, “isso marca o desenvolvimento mais recente de uma ampla tendência de repensar o objetivo dos negócios e pode ser visto como a maioridade do movimento de sustentabilidade corporativa”.
Para abordar a questão, neste artigo trataremos da importância de termos sustentabilidade e gerenciamento de riscos caminhando juntos para o sucesso da empresa.
Para começar: o que você entende por sustentabilidade corporativa?
De acordo com a Deloitte, a sustentabilidade foca na criação e maximização do valor econômico, social e ambiental a longo prazo. É uma resposta aos desafios do mundo moderno que as organizações dos setores público e privado enfrentam.
Ainda conforme citado pela mesma fonte, sustentabilidade é a conscientização de que cada entidade é cercada por stakeholders. Ao construir e cultivar boas relações com as partes interessadas, não apenas as possibilidades de gerenciar riscos melhoram, mas também o desenvolvimento é apoiado, conferindo à organização uma vantagem competitiva.
Existem três pilares principais quando o tema é sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Atualmente, o ambiental tem recebido mais atenção, uma vez que empresas passaram a entender que quando de um lado impactam beneficamente o planeta, do outro são impactadas de forma positiva no viés financeiro.
Sobre o pilar social, organizações sustentáveis possuem o apoio e a aprovação de seus funcionários, partes interessadas e da comunidade em que atuam. Olhando para os colaboradores, empresas se concentram nas estratégias de retenção e engajamento, incluindo benefícios como oportunidades de aprendizado e desenvolvimento. Para o envolvimento da comunidade, a sustentabilidade corporativa foca em investimentos em projetos públicos locais.
Já quando tratamos do pilar econômico da sustentabilidade é importante entendermos que o mesmo não trata de empresas com uma visão do “lucro a qualquer custo”. Pelo contrário, já que atividades que se enquadram no pilar econômico incluem conformidade, governança adequada e gerenciamento de riscos.
No que diz respeito à gestão de riscos, explicamos em outras ocasiões aqui no blog que ela busca minimizar ou evitar perdas e maximizar oportunidades. Mas, a que nos referimos quando tratamos de riscos de sustentabilidade? Para responder à pergunta, chegamos na sustentabilidade e gerenciamento de riscos:
Sustentabilidade e gerenciamento de riscos: por que devem andar juntos?
Um risco de sustentabilidade é um evento ou condição social ou ambiental incerta que, se ocorrer, pode causar um impacto negativo significativo na empresa.
O mesmo artigo da Risk Management cita algo interessante e que merece ser destacado: a sustentabilidade é a nova face do risco. Hoje em dia, é difícil pensar em empresas com um sistema financeiro estável que ignora questões de sustentabilidade, como mudanças climáticas, o esgotamento de recursos, a destruição de ecossistemas e outros riscos novos e emergentes.
Em outras palavras, entende-se que uma organização focada em ser sustentável e socialmente responsável é aquela que também desfruta de um desempenho financeiro aprimorado.
Como sabemos que o lado financeiro pesa muito para as empresas, cada vez mais investidores incluem considerações de sustentabilidade em suas decisões. Os três motivos principais são:
- A degradação ambiental e os impactos das mudanças climáticas são riscos materiais importantes para os negócios;
- Empresas que danificam o meio ambiente não podem mais se esconder;
- A sustentabilidade é um dos principais impulsionadores da estratégia e competitividade dos negócios.
“Aumentar o interesse dos investidores pelas mudanças climáticas está levando em consideração as consequências financeiras dos riscos ambientais e sociais sistêmicos, que eclipsaram as questões de governança como foco para os investidores ativistas nos últimos anos”, afirma o texto da Deloitte.
Por esse motivo, é imperativo que empresas que queiram sobreviver detectem riscos que vão além do financeiro ou operacional. Dessa maneira, uma estratégia robusta de gerenciamento de riscos e sustentabilidade significa conseguir avaliar os riscos de como a sustentabilidade pode afetar as perspectivas de uma empresa. E por sustentabilidade, lembre-se que nos referimos sempre aos três pilares citados anteriormente: econômico, ambiental e social.
Por fim, não esqueça que…
Fundamentalmente, a sustentabilidade corporativa refere-se à premissa de que as empresas devem não apenas considerar, mas também atender às necessidades da sociedade como um todo, ao invés de focar apenas nos próprios interesses ou nos interesses dos acionistas.
Essa obrigação vem de um ponto de vista ético, sendo que é importante considerar o desenvolvimento sustentável devido ao seu impacto nos aspectos econômicos, ambientais e sociais (os três pilares da sustentabilidade).
O artigo da Risk Management encerra dizendo que “à medida que as empresas se preparam para a nova década, elas devem planejar as consequências das mudanças climáticas, o surgimento de tecnologias disruptivas e novos modelos de negócios e as demandas por transparência das partes interessadas, incluindo investidores e funcionários”.
O mesmo texto chama a atenção para o fato de que uma nova abordagem colaborativa entre as funções de gerenciamento de riscos e sustentabilidade pode impulsionar estratégias mais fortes e sustentáveis para tornar os negócios mais resistentes às mudanças que estão por vir.
Concluindo
Algo que pode ajudar sua empresa a elaborar cenários visando a sustentabilidade, é aprimorar-se sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Neste artigo explicamos sobre eles e mostramos a importância da gestão de riscos para gerenciar ameaças e oportunidades referentes aos ODS.
Para saber mais sobre criação de cenários que ajudarão a tratar dos riscos de sustentabilidade, recomendamos as seguintes leituras:
- Como utilizar a criação de cenários para fazer o gerenciamento de riscos?
- Elaborar cenários é uma atividade lúdica e prepara gestores para adversidades
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Créditos imagem: Pixabay por Gerd Altmann