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Como utilizar a criação de cenários para fazer o gerenciamento de riscos?

Quando falamos em avaliação de riscos, existe todo um padrão que deve ser levado em consideração. Trata-se da ISO / IEC 31010:2009 (Gerenciamento de risco – Técnicas de avaliação de risco), norma que dá suporte para a Gestão de Risco ISO 31000 (Princípios e diretrizes) e que fornece toda a orientação sobre como aplicar técnicas para avaliação de risco. O padrão estabelece mais de 30 técnicas separadas, mas os gestores não precisam saber de todas elas.

Em outra oportunidade falamos sobre o Mapeamento de Riscos, etapa essencial para que os gestores consigam avaliar os riscos a que suas áreas e empresas estão sujeitas. Vimos, na ocasião, que tudo começa com o brainstorming.

O brainstorming, visto como uma das formas mais populares de identificar os riscos, é uma das técnicas utilizadas também para os avaliarmos. Ao fazermos uma avaliação de riscos temos que determinar seus impactos e pensar em diferentes situações. Uma das técnicas utilizadas para esse fim é a Criação de Cenários para Gerenciamento de Riscos Corporativos. Que tal saber mais sobre ela?

O que são cenários?

Um cenário nada mais é do que uma história curta ou uma descrição de como um evento (ou eventos futuros) pode impactar as operações de uma empresa. Cenários são criados tanto para o ambiente interno quanto para o externo (ou seja, para todos os riscos corporativos que impactam uma organização). Para cada cenário, os envolvidos fazem uma análise das possíveis causas e consequências.

Importância da criação de cenários

Vamos a um exemplo simples: imagine que você seja o administrador de uma empresa de buffet infantil e está analisando a compra de uma nova van. Para isso, será preciso pensar nos riscos envolvidos, como:

  • As despesas extras da van afetarão o caixa?
  • Temos reserva em caixa para manutenção da van?
  • Se tivermos aumento de combustível, valerá a pena utilizar a van?

Partindo dessas premissas, você pode avaliar se, por exemplo, não é mais viável terceirizar a entrega ou se realmente faz sentido investir em mais uma van. Se você optar pela terceirização, pode ser que a qualidade caia ou que sua empresa, por perder o controle deste serviço, não consiga mais cumprir os prazos com a precisão atual. Ou, ainda, como a compra da van envolve um alto valor monetário, isso significaria que aquele investimento previsto para a compra de novos equipamentos para melhorar a fabricação de produtos terá que ser deixada de lado. Por outro lado, a agilidade na entrega pode aumentar e assim sua empresa pode realizar até mais vendas.

Perceba que você deverá analisar o impacto de cada decisão. A criação de cenários entra nesta etapa. Para ficar ainda mais claro, no exemplo da compra da van, podemos analisar duas situações iniciais:

  • O dano que o risco causaria (por exemplo, perder a qualidade de entrega, o que trará o risco de menos clientes. Menos clientes é igual a menos vendas para seu negócio).
  • A oportunidade do risco (por exemplo, comprar uma van pode representar fazer mais entregas, o que representará um aumento nas vendas).

Entendendo melhor…

Com a criação de cenários compara-se os impactos futuros de cada escolha possível antes de tomar uma decisão. Portanto, tenha em mente que a criação de cenários é uma técnica que auxilia os gestores – e todos os envolvidos no Gerenciamento de Riscos – a entender e lidar com vulnerabilidades futuras, ao mesmo tempo em que ajuda a empresa a responder muito mais efetivamente nas tomadas de decisão.

Na Gestão de Riscos os cenários podem ser utilizados para avaliar a viabilidade de um projeto, no planejamento estratégico, em tomadas de decisão com relação a novos investimentos, enfim, em qualquer situação em que seja necessário ter uma visão mais clara do cenário atual partindo de eventos futuros passíveis de ocorrer.

Observe que criação de cenários não tem a ver com tentar prever o futuro. Mas, sim, identificar fatores que podem se tornar reais em um período de tempo (curto, médio ou longo prazo). Então, podemos dizer que a análise de cenários é uma forma de estruturar o pensamento sobre o futuro, identificar potenciais problemas e também aumentar a preparação para lidar com eles.

Como colocar em prática a criação de cenários?

Uma vez identificados e mapeados os riscos, criam-se os cenários. O ideal é iniciar com aqueles definidos como mais prováveis e urgentes. Considerando que a análise de cenários examina diferentes contextos nos quais um plano pode ser executado, geralmente a criação de cenários envolve três situações:

  • Cenário positivo (bom)
  • Cenário negativo (ruim)
  • Cenário incerto (médio)

Esses três níveis normalmente permitem uma distribuição razoável de insights, mas também é possível definir outros níveis ou tipos de cenários. Falamos que um cenário nada mais é do que uma história curta ou uma descrição de como um evento pode impactar as operações de uma empresa, certo?

Ao trabalhar com um risco analise se é possível extrair dele oportunidades (cenário positivo), quais são os principais danos que pode causar (cenário negativo) e quais seriam os danos e oportunidades de um cenário incerto. Via de regra, os seguintes requisitos gerais se aplicam à criação de cenários:

  • A história deve ser plausível. Mais uma vez, não se trata de adivinhar o futuro, mas sim de utilizar dados que suportem a probabilidade de eventos futuros.
  • O cenário de incidentes deve ser tão específico que seja possível deduzir quais recursos terão que ser utilizados para trabalhar com o cenário da melhor maneira possível.

Como a criação de cenário envolve a probabilidade de situações futuras, dependendo do risco sendo analisado pode ser fundamental ter uma equipe multidisciplinar, que conseguirá melhor avaliar causas e consequências de uma incerteza em curto, médio e longo prazo.

Concluindo

Qual é a probabilidade de um risco ocorrer? Quais são suas consequências? O que pode dar errado (ou, dependendo do caso, o que pode dar certo) na ocorrência de um risco? Quais são os cenários possíveis de um risco ?

A criação de cenários ajuda a mapear situações passíveis de ocorrer no futuro para que a empresa possa agir com eficácia na mitigação de riscos. Como destacamos em outra oportunidade, riscos corporativos fazem parte, mas isso não significa que como gestor você tenha que cruzar os braços e deixar o problema para quando ele aparecer.

Uma boa gestão é aquela que, dentre outras coisas, é ágil e precisa em tomadas de decisão. Isso somente é possível quando a empresa está ciente das ameaças e oportunidades que podem afetá-la. O Mapeamento de Riscos (já abordado no blog) e a Criação de Cenários (tema deste artigo) são duas ferramentas que auxiliam em um controle de risco mais efetivo.

Caso tenha alguma dúvida, entre em contato conosco. Esperamos que este artigo tenha sido útil a você. Fique à vontade para compartilhá-lo com seus colegas. Aproveite que está aqui e acesse o Glicando, o blog da Glic Fàs, e fique por dentro de nossos materiais.

Créditos imagem: Pixabay por Rawpixel

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
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