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Elaborar cenários é uma atividade lúdica e prepara o gestor para adversidades

Embora seja impossível ter certeza do que o futuro nos reserva, podemos fazer algumas previsões. Tanto em nossas vidas pessoais, como em nossos negócios, a partir do momento que pensamos em situações hipotéticas podemos – ou não – nos preparar para vivenciá-las (ou enfrentá-las).

Um exemplo simples: o que acontece se você não pagar a fatura do cartão de crédito? O que poderá acontecer se sua empresa decidir terceirizar uma área inteira? Para cada pergunta, existem diversas respostas e varáveis que podem impactar mais ou menos no futuro.

Quando pegamos cada uma dessas variáveis e analisamo-las mais profundamente, podemos identificar incertezas, riscos e impacto. Ao agirmos desse modo, estamos trabalhando com o desenvolvimento de cenários.

Importância do desenvolvimento de cenários

A ideia por trás do desenvolvimento de cenários é fácil de entender. Quando estamos cientes do que pode acontecer, temos mais chances de nos prepararmos. Consequentemente, aumentam as chances de que conseguiremos lidar com as incertezas do futuro.

Portanto, no processo de desenvolvimento de cenários identificamos as incertezas para, então, elaborar cenários abordando os impactos e as respostas a serem dadas a cada umas das incertezas. Isso significa dizer que com o planejamento de cenários criamos um perfil de risco para cada variável em potencial.

Existe um ditado, atribuído a Benjamin Franklin, que cabe muito bem aqui: “se você falha em planejar, está planejando falhar”. Claro que deixar de planejar certos cenários não é sempre sinônimo de desastre. Todavia, quando esta atividade é menosprezada, acabamos aumentando riscos e até perdendo oportunidades.

Como o ambiente em que nossas organizações opera é cercado de incerteza, volatilidade e imprevisibilidade, gestores são desafiados constantemente a tomarem decisões importantes. Dependendo do caso, uma decisão cujos impactos não são analisados pode ser extremamente prejudicial para os negócios.

Isso faz com que seja cada vez mais necessário termos um modelo robusto de tomada de decisão. É aí que entra o desenvolvimento de cenários, pois ele fornece uma estrutura que vincula o que é conhecido hoje com o que pode acontecer amanhã.

Os cenários desafiam os tomadores de decisão a “pensarem o impensável”, a usarem a imaginação para explorar novos horizontes e considerar possíveis futuros. Por isso, como destacamos no título, trata-se de uma atividade lúdica.

Ainda sobre a importância do tema, o desenvolvimento de cenários permite que sejam percebidas as influências inesperadas no ambiente de negócios. A atividade enriquece e expande as limitações perceptivas dos envolvidos, desbloqueando os mapas mentais. Ou seja, o exercício abre os horizontes dos gestores para lidar com adversidades.

Como desenvolver cenários?

Podemos trabalhar com o desenvolvimento de cenários em 6 etapas:

  1. Definição dos objetivos e o escopo: na primeira etapa é importante definir quais questões ou decisões serão avaliadas, o grau de incerteza envolvido e qual é o horizonte de tempo existente para tomada de decisão e execução.
  2. Definição das forças externas e internas: no desenvolvimento de cenários é fundamental elencar os fatores externos que podem influenciar e impactar as variáveis internas. Normalmente, isso significa identificar os fatores com potencialidade de impactar o patrimônio, a lucratividade ou o risco ao longo do período considerado.
  3. Coleta e análise de dados: elaborar cenários é uma atividade lúdica, mas nem por isso os dados devem ser esquecidos. Dessa maneira, colete dados quantitativos e qualitativos, e estude a opinião de especialistas. Com base nessas informações, identifique o impacto e a previsibilidade de cada cenário.
  4. Desenvolva cenários: esta é a hora de construir cenários e elaborar uma descrição narrativa para cada. O recomendado é que sejam criados mais de um cenário: um pessimista, um otimista e um realista. É importante definir também métricas quantificáveis ​​que permitem à organização testar estratégias, planos ou decisões quanto à eficácia de cada cenário.
  5. Desenvolva planos de contingência: para cada cenário identificado, formule planos de contingência e estratégias de mitigação de risco.
  6. Atualize: o desenvolvimento de cenários não é uma atividade a ser realizada somente uma vez. Quanto mais volatilidade temos, mais difícil é de prever o futuro. Por isso, nunca esqueça de manter-se atualizado quanto às forças internas e externas que podem impactar seu negócio. Sempre que necessário, atualize os cenários.

Exemplos de previsões

A Singularity University fez algumas previsões até o ano 2038. Por exemplo, para 2022:

  • Impressoras 3D conseguem imprimir roupas e materiais para montagem de casas e prédios.
  • As pessoas terão liberação para conduzirem carros autônomos nos EUA e alguns outros países.
  • Robôs domésticos se tornam normal em alguns lares de renda média, capazes de fazer leitura labial, reconhecimento facial e de gestos com clareza.
  • Robôs conversam naturalmente e atuam como recepcionistas, assistentes de lojas e escritórios.

Para 2024 “lidar com inteligência artificial aumentada é considerado um requisito para a maioria dos empregos”. Como essa previsão afetaria sua empresa? De que maneiras a IA pode ajudar seu negócio? Existe algum esforço sendo feito agora, para investir na tecnologia? O que os concorrentes estão fazendo? O que acontecerá caso a previsão se confirme e sua empresa não esteja preparada?

Guias turísticos, recepcionistas, motoristas, pilotos, serventes e construtores precisarão de um plano B, já que a Singularity University prevê que essas profissões serão substituídas por robôs. Em 2038, a realidade virtual e a inteligência artificial servirão para alavancar a vida humana no mundo todo.

Se você acha que essas previsões são absurdas, a universidade adianta: “todos os itens que a instituição acredita que vão acontecer entraram na lista após um exaustivo estudo”.

Então, sua empresa está preparada?

Sejam quais forem as previsões para o futuro, o desenvolvimento de cenários nos ensina que não devemos nos prender somente ao que temos hoje. Gestores devem sempre levar as incertezas em consideração em seus planejamentos e tomadas de decisão.

Ao criar conjuntos de cenários, as organizações podem desenvolver várias versões diferentes do futuro ao mesmo tempo. Isso ajuda empresas a verem o futuro como um espaço no tempo cheio de oportunidades (e ameaças).

Por tratar-se de uma atividade lúdica, o processo de desenvolvimento de cenários pode ser tão valioso quanto o resultado final. Ao pensarem no que pode ocorrer e nas implicâncias dos acontecimentos, gestores conseguem abrir a mente para os direcionadores do futuro e suas inter-relações.

Lembre-se que ao planejar cenários você não está buscando pela resposta certa, mas, sim por alternativas.

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Créditos imagem: Pixabay por Peter Linforth

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
  • Mentoria em gestão de negócios.
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