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Como fugir das armadilhas do microgerenciamento?

Se você é leitor do blog da Glic Fàs já deve ter lido nosso artigo sobre microgerenciamento. Apesar de termos tratado do assunto, sabemos que ele é um dos grandes desafios na gestão de negócio. Afinal, líderes que microgerenciam seus times estão presentes em quase todas as organizações.

Por essa razão, decidimos trazer o tema novamente aqui. Nosso objetivo é o de ajudar principalmente donos de negócios e fundadores de empresas familiares a fugirem das armadilhas do microgerenciamento. Entendemos que somente assim será possível estabelecer na sua equipe uma relação de confiança.

O problema invisível do microgerenciamento

Ao tratar das armadilhas do microgerenciamento existe uma linha tênue a ser observada: a de ajudar sem microgerenciar. Os dois verbos costumam ser confundidos sem que o líder perceba. Não é para menos, pois sempre que ele precisa lidar com algo envolvendo o desempenho de seu time, por exemplo, sente-se na obrigação de ajudar.

Sabemos que há casos em que um líder precisa auxiliar algum funcionário, guiar a equipe ou estar mais próximo dela para o bom andamento de um projeto. Isso não é exatamente um problema em si. A situação se complica quando ele o faz com a intenção de definir limites e regras.

Quando falamos de “problema invisível” é justamente pelo fato de que, por pensarem que estão ajudando, os líderes na maioria das vezes ultrapassam esses limites, vigiando seus liderados de perto, dizendo o que eles precisam fazer e tomando decisões por ele. Em outras palavras, tiram a autonomia de seus funcionários.

A intenção é de ajudar, mas observe que isso pode acabar atrapalhando. Essa sensação de estar sob um microscópio pode ser uma distração, além de exercer uma pressão perigosa nos funcionários. Ela impede a concentração e a capacidade de lembrar de fazer certas tarefas ou concluí-las. Resultando, assim, em um baixo desempenho.

Tudo faz muito sentido na teoria, mas é preciso admitir que entender onde termina a ação de ajudar e começa a de microgerenciar pode ser complicado. Pensando nisso, elencamos três grandes armadilhas do microgerenciamento a evitar.

As 3 armadilhas do microgerenciamento

Para começar, em “How to Help (Without Micromanaging)”, publicado pela Harvard Business Review, os autores Colin M. Fisher, Teresa M. Amabile e Julianna Pillemer sugerem que os funcionários precisam saber que seu líder está disposto a ajudar. Tendo isso em mente eles se sentirão confortáveis para requisitar ajuda.

Adicionalmente, é necessário que líderes tenham uma compreensão básica do trabalho sendo feito pelos colaboradores e os desafios enfrentados, bem como ter tempo e energia para doar. Somente assim será possível fugir das armadilhas a seguir:

1 – Ajudar sem que as pessoas estejam prontas para receber ajuda

Psicólogos, psiquiatras e terapeutas concordariam com a afirmação de que é muito difícil ajudar um paciente que não quer ser ajudado. Muitos de nós, inclusive, nos deparamos com pessoas queridas que gostaríamos de auxiliar, mas que não conseguimos porque elas não conseguem aceitar que precisam de ajuda.

Como o ambiente corporativo é reflexo do que acontece fora das paredes da empresa ou do escritório, não tem como agirmos diferente com os funcionários. Ou seja, é preciso deixar que eles peçam ajuda ou, pelo menos, se mostrem receptivos a tê-la.

Conforme descrito no texto da HBR, líderes vistos como os mais prestativos não se antecipam a cada problema ou mergulham de cabeça assim que reconhecem um. Pelo contrário, pois como se fossem bons terapeutas apenas observam e escutam até o momento em que acreditam que seus colaboradores perceberam que necessitam de ajuda.

Para mostrar que isso faz sentido, os autores do texto da HBR fizeram uma pesquisa experimental. Através da análise de 124 grupos que tomam decisões empreendedoras eles descobriram que, quando o conselho foi dado no decorrer do trabalho das equipes, depois que os problemas surgiram (e não antes) os membros compreenderam e valorizaram mais.

“Isso os levou a realmente usar a ajuda, melhorar seus processos, compartilhar mais informações e tomar decisões objetivamente melhores do que os grupos que receberam mais instruções no início de suas discussões”, relatam.

Ajudar ou microgerenciar
Crédito imagem: Unsplash por Nick Fewings.

2 – Ajudar sem ter a função de ajudante

Das três armadilhas do microgerenciamento essa é a que mais pode colocar tudo a perder. Explicando melhor: você pode até ter o timing certo para ajudar. No entanto, se não exercer a função de um “simples” ajudante cairá no erro de ser um verdade microgerenciador.

Receber ajuda pode parecer um sinal de fraqueza para alguns. Há colaboradores que podem se sentir desvalorizados ou até pressionados se a ajuda não for na dose certa.

Para entender, imagine que você esteja organizando a sala da sua casa. Seu marido ou sua esposa aparecem para oferecer ajuda e você aceita. Dois minutos depois ele/ela não apenas está dando ordens, como muda tudo o que você já fez. Como você se sentiria?

Para evitar que os colaboradores sintam que seu trabalho não valeu a pena, que fizeram tudo errado ou que estão sendo desvalorizados, líderes devem esclarecer qual papel estão assumindo. 

Portanto, para escapar das armadilhas do microgerenciamento, como líder, na hora de ajudar explique que está lá apenas para dar uma mão, não para julgar ou – o que seria pior – assumir o controle. Não esqueça que buscar e receber ajuda pode fazer as pessoas se sentirem vulneráveis.

3 – Não ter um alinhamento do ritmo do envolvimento com as necessidades específicas das pessoas

A última das armadilhas do microgerenciamento está relacionada com o tempo dedicado para ajudar seus funcionários. O erro mais comum é não se dedicar o suficiente quando o problema é mais espinhoso ou se dedicar em demasia quando apenas algumas horas seriam suficientes.

O tempo e a atenção devem ser alocados de acordo com o tipo de orientação que é necessária – de curto ou longo prazo. O texto da HBR traz um bom exemplo: “se sua equipe tiver poucos funcionários, você pode parar a cada poucos dias por meia hora ou mais, para ajudar no que for necessário – seja participando de uma ligação importante de um cliente ou simplesmente pedindo um almoço durante uma longa sessão de trabalho”.

Perceba que a maneira de ajudar e a intensidade de fazê-lo precisam estar alinhadas com as necessidades dos seus colaboradores. Sua tarefa como líder – e não como um microgerenciador – é encontrar a medida certa de envolvimento.

Concluindo

Um bom líder oferece o que seus funcionários precisam. Isso inclui, como procuramos mostrar neste artigo, mostrar que está disposto a ajudar. Contudo, não esqueça das armadilhas que podem fazer com que a ajuda acabe se transformando em uma pílula desmotivacional aos colaboradores. Elas são:

  • Oferecer conselhos/ajuda quando o outro lado não quer ser ajudado;
  • Deixar de enquadrar seu papel de ajudante para ser um ditador de ordens; e
  • Não alocar tempo suficiente para ser um guia eficaz ou desobstruir o caminho.

Dessas três armadilhas do microgrenciamento que abordamos, qual você acha mais difícil de fugir? Compartilhe conosco nos comentários.

Este post foi útil? Compartilhe-o com seus colegas. Para mais conteúdo como este, e para ficar por dentro de boas práticas da gestão de negócios, visite o Glicando, o blog da Glic Fàs.

Créditos imagem principal: Pixabay por Rudy and Peter Skitterians.

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
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