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Negócio Familiar: muito mais do que apenas laços de sangue

Se perguntassem a você o que é um negócio familiar, você saberia responder? Com certeza, 99% das pessoas diriam que são empresas nas mãos de membros de uma família. Mas, será que o conceito de empresa familiar é só esse mesmo?

No artigo Por que profissionalizar a gestão da empresa familiar falamos que esse tipo de negócio diz respeito a qualquer organização em que dois ou mais membros da família estão envolvidos, e que a maioria do controle da companhia está dentro de uma família. Assim, entendemos que se o negócio está nas mãos de um membro de uma mesma família ele é, por lógica, familiar.

E se dissermos a você que precisamos ir um pouco mais além para entendermos 100% o que significa ter um negócio familiar? Ficou curioso? Então continue aqui que já vamos explicar essa história.

O que é uma empresa familiar?

Podemos dizer que uma empresa familiar é a interação entre dois sistemas separados – a família e o negócio – mas que estão conectados. Na constituição, as empresas familiares podem incluir vários membros da família tanto em funções empresariais diversas quanto em funções de acionistas e membros da diretoria.

Isso significa que para ser um negócio familiar não é necessário que os membros estejam todos trabalhando como funcionários. Além disso, a gestão pode estar nas mãos de uma pessoa fora da família e nem por isso a empresa deixa sua classificação de negócio familiar. Para isso, ela precisa ter figuras familiares no quadro de diretores ou no de acionistas.

Justamente por existirem dois sistemas separados é muito comum haver conflitos em negócios familiares, pois há a sobreposição de papéis. Por isso, para que uma empresa baseada nesse modelo seja bem-sucedida é imprescindível o auxílio de consultores especializados.
Ok, falamos da interação entre família e negócio, mas para entendermos mais a fundo o que é uma empresa familiar temos que analisar suas dimensões, que aqui chamaremos de:

Papéis de um negócio familiar

Para melhor caracterizar um negócio familiar, imagine três dimensões: família, propriedade e gestão. A seguir detalhamos melhor:

  • Família: logicamente, se estamos falando de empresas familiares precisamos ter membros de uma família no negócio. Contudo, reforçamos que esses membros podem ou não ser funcionários, assim como podem apenas estar preocupados com o capital social ou integrar o quadro de diretores.
  • Propriedade: aqui, um negócio familiar pode incluir membros da família que podem ser tanto proprietários investidores, proprietários gestores/diretores e/ou proprietários empregados.
  • Gestão: logicamente, uma organização familiar não possui apenas membros de uma mesma família. É o caso de quando a empresa contrata empregados fora do círculo familiar. O mesmo ocorre no que tange à gestão do negócio familiar, pois apesar de a empresa ser de uma família, ela não precisa que seus gestores também o sejam. Contudo, são os membros da família que têm a maior parcela em uma tomada de decisão.

Para alguns teóricos, a definição de empresa familiar está nas dimensões de propriedade e gestão, pois os membros administram o negócio justamente por terem um certo controle de propriedade. Por outro lado, há outros que dão mais ênfase à família e à gestão.

Independente das diferentes visões de teóricos, uma coisa é certa: um negócio familiar deve ser controlado pela família (cargos de direção ocupados por seus membros, ou seja, pelo menos no aspecto de controle legal da propriedade) e deve passar para, pelo menos, uma segunda geração.

Empresa familiar x Empresa não familiar

negociofamiliarAinda para esclarecer bem o conceito, a principal diferença entre empresas familiares e não familiares é que o proprietário dominante, no caso das primeiras, é uma família. Esses proprietários estão interconectados tanto por interesses comuns de investimentos, como também por relacionamentos. Portanto, ao entrarmos no terreno de organizações familiares a questão nunca é apenas a empresa, mas também diz respeito à dinâmica familiar. Um fator importantíssimo para abordar as diferenças está na sucessão. Em empresas familiares a preocupação em quem permanecerá no poder é muito maior que em não familiares, pois há o desejo do fundador de que o negócio permaneça na família.

Importante ressaltar ainda que, ao contrário do que muitos pensam, uma empresa familiar não precisa ser gerenciada necessariamente por membros da família. Negócios em fase inicial, especialmente, centralizam a gestão com membros familiares e, com isso, processos tendem a ser mais engessados. No entanto, conforme vão crescendo e surge a necessidade de profissionalização, o caminho que essas empresas seguem é o mesmo de um negócio não familiar, ou seja, inevitavelmente deverão se preocupar com governança e questões de gestão propriamente ditas. Em muitos casos, como já abordamos aqui, isso significa abrir as portas do negócio para gestores de fora.

A que conclusão chegamos?

São denominadas empresas familiares aqueles tipos de organizações cujos cargos de direção são ocupados por membros de uma mesma família, ou cujo controle está na família. Isso significa que nesse modelo de negócio não é necessário haver laços de sangue, pois podemos ter uma empresa no controle de um pai e um filho adotivo ou de um marido e de uma esposa.

Sendo assim, quando abordamos empresas familiares x empresas não familiares o que distingue umas das outras é o fato de que família e negócio estão conectados. Além disso, não podemos esquecer dos papéis: família, propriedade e gestão.

Como também comentamos neste artigo, é comum vermos pessoas que acham que em empresas familiares a gestão deva ficar com a família. Esperamos que você tenha compreendido que nesse modelo empresarial o gerenciamento pode – e em muitos casos até deve – ser realizado por pessoas de fora do ciclo familiar.

Esse é um assunto importantíssimo a ser abordado, pois diz respeito à profissionalização de empresas familiares (caso o tema interesse a você, clique aqui e leia nosso artigo sobre o tema). Adicionalmente, todo negócio familiar nasce com o desejo de que o legado do fundador perdure por gerações. Por isso, toda e qualquer organização familiar se preocupa com a sucessão.

Esperamos que este artigo tenha sido útil a você. Fique à vontade para compartilhá-lo com seus colegas. Caso queira conversar mais sobre o assunto, deixe um comentário ou entre em contato conosco.

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
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